Hypera (HYPE3) rejeita proposta de fusão de EMS
A EMS, maior fabricante de medicamentos do Brasil, apresentou uma proposta de fusão com a Hypera, uma das principais companhias do setor farmacêutico do país, conhecida por marcas como Buscopan, Engov e Neosaldina. Essa fusão pode criar a maior empresa farmacêutica do Brasil, com faturamento anual de R$ 15,9 bilhões e participação de 20% no mercado farmacêutico brasileiro. A operação envolve uma série de sinergias e uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) que oferece um prêmio significativo para os acionistas da Hypera.
Com a notícia divulgada, as ações de Hypera, que antes despencavam -15% pela divulgação de descontinuidade do guidance, passaram a subir +5% após a divulgação.
Três dias depois, em resposta à proposta, Hypera rejeita por unanimidade após reunião entre os conselheiros administrativos da companhia.
Como seria a fusão entre EMS e Hypera?
A proposta da EMS envolve a aquisição de 20% das ações da Hypera por R$ 30 cada, representando um prêmio de 39% em relação ao preço de mercado. Essa aquisição será seguida por uma troca de ações, que permitirá à EMS assumir o controle da nova empresa com participação entre 60% e 70%, dependendo da adesão à OPA. A família Sanchez, que controla a EMS, passará a ser o maior acionista da nova companhia.
Além da OPA, a proposta de fusão inclui a incorporação da EMS pela Hypera. Com isso, a nova empresa combinará suas operações, unindo as forças de ambos os grupos, que são complementares em termos de portfólio de produtos e de estrutura de mercado.
Por que a fusão seria relevante para o mercado farmacêutico?
A fusão entre EMS e Hypera consolidaria uma nova líder no mercado farmacêutico brasileiro e latino-americano, ultrapassando a concorrência em diversos segmentos, como medicamentos genéricos, de prescrição médica e OTC (produtos vendidos sem receita). Juntas, as empresas terão quase o dobro de participação de mercado em relação à sua principal concorrente, a Eurofarma.
Além de fortalecer sua presença no mercado de genéricos, a nova companhia resultante da fusão também ampliaria sua presença em medicamentos de prescrição médica e hospitalares. Com isso, a empresa estaria bem posicionada para continuar seu crescimento tanto no Brasil quanto em outros mercados da América Latina.
Sinergias e desafios da fusão EMS e Hypera
A fusão traria uma série de sinergias que podem resultar em redução de custos operacionais e otimização de processos. As áreas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) seriam fortalecidas, além da integração de suas redes de distribuição e logística. A produção fabril também será otimizada, aumentando a eficiência e reduzindo a ociosidade nas plantas de ambas as companhias.
Outro benefício significativo da fusão é a desalavancagem financeira da Hypera. Enquanto a Hypera possui uma dívida líquida de R$ 8,2 bilhões, com uma alavancagem de 3,5 vezes o EBITDA, a EMS está em uma posição financeira mais sólida, com caixa líquido de R$ 500 milhões. Após a fusão, a nova empresa terá uma alavancagem muito mais saudável, em torno de 1,5 vezes o EBITDA, o que traria mais equilíbrio financeiro e maior capacidade de investir em crescimento.
Impacto da fusão no mercado de ações
A proposta de fusão veio num momento em que a Hypera enfrentava uma série de desafios no mercado. A empresa recentemente anunciou mudanças em sua política comercial, o que incluiu a redução do prazo de recebíveis de 116 para 60 dias. Essa medida foi mal recebida pelos investidores, que temiam uma redução significativa nas vendas da companhia, resultando em uma queda de 15,8% nas ações da Hypera no dia do anúncio.
Por que Hypera não aceitou a proposta?
A companhia avaliou a proposta como algo hostil e "ofensivo" diante da precificação e da junção das duas farmacêuticas. Apesar da EMS ser capaz de desalavancar Hypera, a junção das duas companhias traria sinergias específicas para o segmento genérico, de menores margens.
De acordo com Hypera, uma proposta como essa faria sentido com Eurofarma ou Aché, que atuam com produtos de maior valor agregado.
Vale a pena comprar Hypera (HYPE3)?
A proposta de fusão entre EMS e Hypera promete revolucionar o setor farmacêutico no Brasil, criando a maior empresa do segmento e fortalecendo ainda mais suas operações no país e na América Latina.
A notícia é bastante positiva, em especial para Hypera, que enfrentava um endividamento próximo a 4x dívida líquida/Ebitda e anunciava descontinuidade do guidance, que seria prejudicial para crescimento ao longo dos próximos dois anos.
O prêmio é interessante para os acionistas atuais, entretanto, não recomendamos uma nova montagem de posição caso não possua as ações da companhia no momento atual.