EMS propõe fusão com Hypera (HYPE3) para criar gigante farmacêutico no Brasil

A EMS apresentou proposta de fusão com a Hypera, prometendo criar a maior empresa farmacêutica do Brasil. A operação envolve uma OPA de até 20% das ações da Hypera, com foco em sinergias comerciais e desalavancagem financeira

Nord Research 21/10/2024 14:09 4 min
EMS propõe fusão com Hypera (HYPE3) para criar gigante farmacêutico no Brasil

A EMS, maior fabricante de medicamentos do Brasil, apresentou uma proposta de fusão com a Hypera, uma das principais companhias do setor farmacêutico do país, conhecida por marcas como Buscopan, Engov e Neosaldina. Essa fusão pode criar a maior empresa farmacêutica do Brasil, com faturamento anual de R$ 15,9 bilhões e participação de 20% no mercado farmacêutico brasileiro. A operação envolve uma série de sinergias e uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) que oferece um prêmio significativo para os acionistas da Hypera.

Com a notícia divulgada, as ações de Hypera, que antes despencavam -15% pela divulgação de descontinuidade do guidance, passaram a subir +5% após a divulgação.

Como será estruturada a fusão entre EMS e Hypera?

A proposta da EMS envolve a aquisição de 20% das ações da Hypera por R$ 30 cada, representando um prêmio de 39% em relação ao preço de mercado. Essa aquisição será seguida por uma troca de ações, que permitirá à EMS assumir o controle da nova empresa com participação entre 60% e 70%, dependendo da adesão à OPA. A família Sanchez, que controla a EMS, passará a ser o maior acionista da nova companhia.

Além da OPA, a proposta de fusão inclui a incorporação da EMS pela Hypera. Com isso, a nova empresa combinará suas operações, unindo as forças de ambos os grupos, que são complementares em termos de portfólio de produtos e de estrutura de mercado.

Por que a fusão é relevante para o mercado farmacêutico?

A fusão entre EMS e Hypera consolidaria uma nova líder no mercado farmacêutico brasileiro e latino-americano, ultrapassando a concorrência em diversos segmentos, como medicamentos genéricos, de prescrição médica e OTC (produtos vendidos sem receita). Juntas, as empresas terão quase o dobro de participação de mercado em relação à sua principal concorrente, a Eurofarma.

Além de fortalecer sua presença no mercado de genéricos, a nova companhia resultante da fusão também ampliaria sua presença em medicamentos de prescrição médica e hospitalares. Com isso, a empresa estaria bem posicionada para continuar seu crescimento tanto no Brasil quanto em outros mercados da América Latina.

Sinergias e desafios da fusão EMS e Hypera

A fusão traria uma série de sinergias que podem resultar em redução de custos operacionais e otimização de processos. As áreas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) seriam fortalecidas, além da integração de suas redes de distribuição e logística. A produção fabril também será otimizada, aumentando a eficiência e reduzindo a ociosidade nas plantas de ambas as companhias.

Outro benefício significativo da fusão é a desalavancagem financeira da Hypera. Enquanto a Hypera possui uma dívida líquida de R$ 8,2 bilhões, com uma alavancagem de 3,5 vezes o EBITDA, a EMS está em uma posição financeira mais sólida, com caixa líquido de R$ 500 milhões. Após a fusão, a nova empresa terá uma alavancagem muito mais saudável, em torno de 1,5 vezes o EBITDA, o que traria mais equilíbrio financeiro e maior capacidade de investir em crescimento.

Impacto da fusão no mercado de ações

A proposta de fusão veio num momento em que a Hypera enfrentava uma série de desafios no mercado. A empresa recentemente anunciou mudanças em sua política comercial, o que incluiu a redução do prazo de recebíveis de 116 para 60 dias. Essa medida foi mal recebida pelos investidores, que temiam uma redução significativa nas vendas da companhia, resultando em uma queda de 15,8% nas ações da Hypera no dia do anúncio.

Próximos passos e aprovação da fusão

A proposta de fusão ainda precisa ser aprovada pelos acionistas da Hypera. Caso a transação siga adiante, a nova empresa combinada terá um forte posicionamento no mercado, com capacidade de investir em inovação e expandir seu portfólio de produtos. No entanto, a operação também enfrenta desafios, como a necessidade de garantir a adesão mínima dos acionistas e equilibrar a estrutura financeira da nova companhia.

Se bem-sucedida, a fusão entre EMS e Hypera transformará a indústria farmacêutica brasileira, criando uma gigante com grande potencial de crescimento, sinergias significativas e um posicionamento de liderança no mercado latino-americano.

Vale a pena comprar Hypera (HYPE3)?

A proposta de fusão entre EMS e Hypera promete revolucionar o setor farmacêutico no Brasil, criando a maior empresa do segmento e fortalecendo ainda mais suas operações no país e na América Latina.

A notícia é bastante positiva, em especial para Hypera, que enfrentava um endividamento próximo a 4x dívida líquida/Ebitda e anunciava descontinuidade do guidance, que seria prejudicial para crescimento ao longo dos próximos dois anos.

O prêmio é interessante para os acionistas atuais, entretanto, não recomendamos uma nova montagem de posição caso não possua as ações da companhia no momento atual. 

Não há indícios de aprovação da fusão, e a situação atual dos resultados da companhia não nos deixa confiantes para investir no momento. Por esses motivos, quem não possui as ações da companhia, não recomendamos que tenha.

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