Fusão entre Arezzo (ARZZ3) e Grupo Soma (SOMA3) pode ser a maior da indústria da moda brasileira
As ações do Grupo Soma (SOMA3) e da Arezzo (ARZZ3) dispararam 15% e 12% nos últimos dois dias, com as informações de uma eventual fusão.
Os grupos de varejo confirmaram as negociações, mas ainda não há qualquer documento vinculante celebrado entre as companhias.
As companhias divulgaram em comunicados separados que Alexandre Birman, presidente da Arezzo, será o presidente-executivo da companhia combinada caso seja concretizada a operação, enquanto o presidente-executivo do Soma, Roberto Jatahy, permanecerá à frente das marcas sob gestão do grupo.
O potencial desse fenômeno
A Arezzo&Co é dona de marcas como Arezzo, Schutz, AR&CO e Anacapri, enquanto o Grupo Soma tem em seu portfólio marcas como Farm, Hering, Animale, Maria Filó, Cris Barros, NV, Foxton e Fórmula.
Segundo o Brazil Journal, as sinergias estimadas estão em R$ 4,5 bilhões, criando a maior plataforma de marcas de moda do Brasil.
No final do terceiro trimestre (3T23), a Arezzo tinha uma base de 5,5 milhões de clientes ativos e receita bruta total somava R$ 4,2 bilhões até o final de setembro.
O Grupo Soma, por sua vez, tinha uma base de 5,5 milhões de clientes ativos e receita bruta total de R$ 4,4 bilhões até o final de setembro.
Destacamos que, em 2021, o Grupo Soma superou a Arezzo em uma oferta pela Cia Hering.
Arezzo + Soma: bom para quem possui os papéis?
A transação está sendo realizada levando em consideração o preço de tela de cada ação. Enquanto Arezzo vale R$ 7 bilhões na bolsa, Soma está avaliada em R$ 6,3 bilhões, dessa forma, os acionistas da Arezzo ficariam com 53% da empresa combinada e os da Soma com 47%.
A companhia combinada teria um faturamento anual de R$ 12 bilhões, com Ebitda de R$ 1,5 bilhão e lucro de R$ 750 milhões. Seriam 34 marcas e mais de 2 mil lojas.
No pregão do anúncio, as ações da Arezzo subiram +12% e as da Soma subiram +17%, o que deixa claro que o mercado enxerga a transação com bons olhos. O movimento é explicado pela forte estimativa de sinergias entre os negócios, cujo valor presente representa 34% do valor de mercado combinado das ações.
As sinergias a serem capturadas foram estimadas em R$ 4,5 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão com a expansão da categoria de calçados e acessórios na Soma, R$ 1,2 bilhão em otimização de despesas administrativas, R$ 700 milhões com uma melhor gestão de franquias, R$ 500 milhões com parte da produção da marca Reserva migrando para as fábricas da Hering, R$ 400 milhões em cross selling entre as marcas do grupo e mais R$ 100 milhões com a aceleração do ágio da Hering.
A capacidade de ambas as empresas de entregar crescimento e boa rentabilidade demonstra a força de suas marcas, portanto a combinação dessas forças e a captura das sinergias seria muito positiva para os acionistas.
Se o negócio não sair, o que fazer com as ações?
Nos últimos 12 meses, as ações da Arezzo e do Grupo Soma acumularam uma queda de -26% e -23%, respectivamente. No mesmo período, o Ibovespa subiu +14%.
Por mais que ambas estejam entregando crescimento nas suas receitas, as margens de lucro estão sendo pressionadas e as expectativas de crescimento estão sendo reduzidas, desse modo o mercado se torna mais pessimista com as ações.
Contudo, os analistas do mercado ainda estão otimistas com as duas companhias: das 14 casas que cobrem as duas empresas, 13 recomendam compra em Arezzo e 12 recomendam a compra em Grupo Soma.
Mas vale ressaltar que apesar de serem boas empresas, as ações das companhias não estão necessariamente baratas, mesmo após as quedas. Arezzo e Soma negociam a 10x Ebitda; como referência, o múltiplo de EV/Ebitda médio da bolsa está em 7x.
LREN3: nossa preferência do setor
Nossa ação preferida no setor é a Lojas Renner (LREN3), que vendeu R$ 11,5 bilhões nos últimos 12 meses, entregando um Ebitda de R$ 2 bilhões e um lucro de R$ 931 milhões.
A companhia também sofreu com o macro mais fraco, o ambiente competitivo mais acirrado e o aumento da inadimplência na sua financeira, mas o pior já ficou para trás. A Renner focou em aumentar sua competitividade e está se beneficiando do melhor cenário para custos (na financeira, os dados também indicam uma melhora à frente).
Outro ponto importante é o novo centro de distribuição, que vai trazer vários ganhos para a operação e está em fase final de implementação. Nos últimos trimestres, a companhia realizou investimentos e melhorias operacionais e a partir de agora está pronta para entregar um ciclo de crescimento com rentabilidade consistente.
Renner negocia a 8x Ebitda e é uma das ações recomendadas no NORD 10X. Para acessar todas as recomendações da carteira, clique aqui.