Federal Reserve eleva os juros americanos em 0,25 p.p.

Além da alta de hoje em linha com o esperado pelo mercado financeiro, o Fomc sinalizou uma possível pausa no aperto monetário. Entenda o comunicado da decisão.

Christopher Gomes Galvão 03/05/2023 21:06 4 min Atualizado em: 04/05/2023 11:53
Federal Reserve eleva os juros americanos em 0,25 p.p.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (FED) elevou nesta quarta-feira, 3, a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, em linha com o esperado pelo mercado financeiro, e sinalizou que deve pausar os aumentos.

A decisão unânime elevou a taxa de juros americanos para a faixa de 5,00% a 5,25% — o maior patamar desde 2007.

Fed sinaliza possível pausa

No comunicado da decisão, o FED continuou reforçando que o mercado de trabalho americano ainda está aquecido e que a inflação permanece em patamares elevados.

Um dos grandes diferenciais nesse documento foi a retirada da frase de que “o comitê antecipa que algum endurecimento adicional da política monetária pode ser apropriado”, que estava presente no comunicado anterior.

A retirada da frase está atrelada tanto aos efeitos cumulativos da política monetária mais restritiva dos últimos trimestres quanto às condições de crédito mais apertadas a partir dos desdobramentos da crise bancária, que devem ter efeito na atividade econômica, mercado de trabalho e inflação, apesar do alcance desses efeitos permanecer incerto até o momento.

Durante a entrevista coletiva após a decisão, Jerome Powell, presidente do Fed, afirmou que a decisão de uma pausa ainda não foi tomada, e que as decisões serão feitas de reunião em reunião, a depender das informações obtidas durante esses períodos.

Ao final da entrevista, Powell admitiu que a autoridade monetária está perto da pausa ou já no fim do ciclo do aperto monetário.

Apesar da linguagem um pouco mais dovish (menos duro na política monetária para controlar a inflação), buscou afastar a ideia de que vai cortar o juro por agora, deixando a porta aberta para mais altas, caso os próximos dados mostrarem a necessidade desse movimento.

Crise dos bancos

No comunicado, o Fed também reforçou o ponto sobre os efeitos das condições de crédito, de modo que a autoridade monetária não precisará subir tanto o juro quanto precisaria se esses eventos sobre os bancos não tivessem ocorrido.

Vemos que tanto o comunicado quanto a entrevista coletiva de Powell mostram que as condições de crédito devem ter um peso relevante na tomada de decisão ao longo das próximas reuniões, além dos dados de inflação e mercado de trabalho.

Foco na inflação

Sobre esses últimos pontos, o cenário dos EUA ainda é de uma inflação pressionada, com o núcleo do CPI (Inflação ao Consumidor) mostrando uma alta de 5,6% no acumulado em 12 meses, com pressões vindo de Serviços, especialmente via Shelter (habitação, representando os preços dos aluguéis).

A inflação de serviços alta (+7,1% no acumulado em 12 meses) é o grande ponto de atenção para o Fed, especialmente considerando o mercado de trabalho ainda aquecido.

Ou seja, o processo inflacionário ainda se encontra longe de ser resolvido, o que justifica a cautela do Fed em iniciar o ciclo de queda do Fed Funds, mesmo diante das contribuições que as condições de crédito mais apertadas devem exercer sobre esse processo de desinflação.

Como os juros americanos influenciam a economia brasileira?

A taxa de juros do Federal Reserve (FED), o Banco Central dos Estados Unidos, pauta muito o cenário dos investimentos globais e as ações de outros BCs pelo mundo.

Um juro americano mais alto pressiona os juros no Brasil para cima.

Com a perspectiva de menos juros na economia americana do que poderia ter se a crise bancária não tivesse ocorrido, temos uma menor pressão sobre os juros domésticos.

Por outro lado, o cenário doméstico já enfrenta seus desafios, com expectativas desancoradas (mas parando de subir) e os dados de inflação ainda mostrando a necessidade de acompanhamento de perto.

O que é FED?

O FED (Federal Reserve Bank) é uma instituição norte-americana que equivale ao Banco Central do Brasil.

O FED é independente e tem a liberdade para tomar decisões sem a aprovação do governo americano. Seu papel é definir e regular medidas relacionadas à economia do país.

Como o FED é formado?

O FED é formado por 12 presidentes dos Federal Banks regionais; são eles: Atlanta, Boston, Cleveland, Dallas, Chicago, Kansas City, Minneapolis, New York, Philadelphia, Richmond, San Francisco e St. Louis.

Participam ainda da autarquia um conselho de governadores, liderado pelo presidente nacional do FED, e o Fomc.

O que é Fomc?

O FOMC, sigla para Federal Open Market Committee — em português, Comitê de Mercado Aberto, é o comitê que supervisiona e controla as operações de mercado aberto do sistema financeiro americano.

Em resumo, é um órgão dirigente do FED.

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