EV/Ebitda: quanto menor, melhor? Saiba mais sobre esse indicador

Entenda o que é EV/Ebitda, como calculá-lo e por que ele é importante na análise fundamentalista de empresas

Nord Research 01/10/2024 09:32 7 min
EV/Ebitda: quanto menor, melhor? Saiba mais sobre esse indicador

O EV/Ebitda é um dos principais indicadores usados por investidores na análise fundamentalista para avaliar o desempenho financeiro de uma empresa.

Esse múltiplo compara o valor da companhia (Enterprise Value - EV) com o que é considerado uma proxy da geração de caixa operacional (Ebitda), proporcionando uma visão da sua saúde financeira.

Aqui, vamos explorar como o EV/Ebitda é calculado, suas vantagens, limitações, e quando é mais apropriado utilizá-lo.

Sumário

O que é o EV/EBITDA de uma empresa?

O EV/Ebitda é um indicador financeiro que relaciona o Enterprise Value (EV) de uma empresa — ou seja, seu valor total — com o Ebitda (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização), que reflete sua capacidade de gerar caixa operacional.

Esse múltiplo é amplamente utilizado na avaliação de negócios porque elimina fatores não monetários, como a depreciação e amortização, oferecendo uma análise focada na capacidade real de geração de caixa de uma empresa.

Como calcular o EV/EBITDA?

O cálculo do EV/Ebitda requer dois componentes principais:

  • Enterprise Value (EV): é o valor total da empresa, calculado somando o valor de mercado (preço da ação multiplicado pelo número de ações emitidas) e suas dívidas, menos o caixa disponível. A fórmula simplificada é: 

EV = Valor de mercado + Dívidas − Caixa.

  • Ebitda: refere-se ao lucro operacional da empresa antes de juros, impostos, depreciação e amortização, e geralmente é encontrado diretamente nas demonstrações financeiras.

Com ambos os valores em mãos, basta dividir o EV pelo Ebitda para obter o múltiplo:

EV/Ebitda = EV÷Ebitda.

Exemplo prático:

Imagine a empresa "Z" com os seguintes dados:

  • valor de mercado: R$ 100 bilhões;
  • dívidas: R$ 20 bilhões;
  • caixa: R$ 10 bilhões;
  • Ebitda: R$ 15 bilhões.

O cálculo do EV seria: EV = 100 + 20 - 10 = R$ 110 bilhões.

Logo, o EV/Ebitda seria: EV/Ebitda = 110 ÷ 15 = 7,33.

A grosso modo, isso significa que seriam necessários 7,33 anos de geração de caixa para que o Ebitda da empresa cobrisse o valor total da empresa.

EV/Ebitda: quanto menor, melhor?

Em teoria, quanto menor o EV/Ebitda, melhor, pois isso sugere que a empresa está gerando mais caixa em relação ao seu valor total, tornando-a mais atrativa. 

É importante também avaliar o múltiplo em questão com o histórico da companhia, bem como seus resultados e os pares/indústria em que está inserida.

Um EV/Ebitda baixo pode indicar que a empresa está subvalorizada em relação ao mercado. Entretanto, um múltiplo muito baixo também pode ser um sinal de problemas financeiros ou expectativas de crescimento limitado, então é importante considerar o contexto e outros indicadores antes de tomar decisões de investimento.

Quanto é um EV/EBITDA bom?

Um EV/Ebitda "bom" pode variar de acordo com o setor da companhia. De modo geral, um múltiplo entre 6 e 12 é considerado saudável para muitas indústrias.

Empresas com EV/Ebitda abaixo dessa faixa podem estar subvalorizadas, enquanto aquelas com múltiplos acima podem estar sobrevalorizadas ou projetando um crescimento acelerado. É importante usar benchmarks de negócios do mesmo setor para uma análise mais precisa.

O que significa um EV/Ebitda negativo?

Um EV/Ebitda negativo ocorre quando o Ebitda da empresa é negativo, indicando que ela não está gerando caixa suficiente para cobrir suas despesas operacionais. Isso pode sinalizar que a companhia está enfrentando dificuldades financeiras, como margens de lucro muito baixas ou altos custos.

Investir em empresas com EV/Ebitda negativo é arriscado, pois há a possibilidade de a companhia não ser viável financeiramente no longo prazo, mas em alguns casos, pode ser um reflexo de uma fase temporária de reestruturação.

Neste caso, o múltiplo negativo também é desconsiderado para as análises.

Quando usar e quais as vantagens do EV/Ebitda?

O EV/Ebitda é particularmente útil em setores onde a geração de caixa é estável e previsível, como energia, telecomunicações e infraestrutura. Ele é uma ferramenta poderosa e apresenta vantagens em:

  • comparação entre empresas: o múltiplo é ideal para comparar negócios do mesmo setor, pois leva em consideração suas dívidas e capacidade de geração de caixa, o que proporciona uma visão mais precisa de sua saúde financeira;
  • fusões e aquisições: o EV/Ebitda é amplamente utilizado em processos de fusões e aquisições porque permite avaliar o valor total de uma empresa, independentemente de sua estrutura de capital. Isso é especialmente útil ao comparar companhias com diferentes níveis de endividamento ou tributações;
  • avaliação de empresas internacionais: como elimina diferenças tributárias e de capital entre países, o EV/Ebitda é ideal para comparar empresas de diferentes regiões;
  • foco na geração de caixa operacional: o EV/Ebitda elimina fatores contábeis não monetários, como depreciação e amortização, concentrando-se na capacidade real da empresa de gerar caixa.

Limitações do EV/Ebitda

Embora útil, o EV/Ebitda também tem limitações:

  • desconsidera o endividamento elevado: o EV/Ebitda não reflete se uma empresa está excessivamente endividada, pois ignora os efeitos dos juros que precisam ser pagos sobre essas dívidas;
  • ignora fluxo de caixa livre: o indicador não mostra o fluxo de caixa livre disponível para acionistas, pois desconsidera tributos, juros pagos e outros compromissos financeiros da companhia;
  • não considera CAPEX: o EV/Ebitda não leva em conta os investimentos necessários para manter e expandir as operações da empresa (CAPEX), o que pode distorcer a percepção de geração de caixa em indústrias com altos custos de capital.

Outros indicadores também são importantes 

O EV/Ebitda é um dos indicadores mais usados para avaliar o desempenho e o valor de uma empresa, especialmente quando é necessário comparar negócios com diferentes estruturas de capital ou de diferentes países. No entanto, o múltiplo deve ser usado em conjunto com outros indicadores financeiros e sempre dentro do contexto da análise setorial e do histórico da companhia.

O P/L (Preço/Lucro), dividend yield e o fluxo de caixa livre são algumas das métricas que fazem parte da análise fundamentalista e que devem ser consideradas para uma visão mais holística e informada sobre a saúde financeira da empresa. Confira abaixo o que cada uma delas representa:

P/L (Preço/Lucro)

O P/L é um indicador que relaciona o preço da ação de uma empresa com seu lucro por ação (LPA). Ele é calculado pela fórmula:

P/L = Preço da ação ÷ Lucro por ação.

Um P/L baixo pode indicar que a ação está subvalorizada, enquanto um P/L alto pode sugerir que o mercado espera um crescimento significativo dos lucros no futuro. Entretanto, é importante considerar o P/L em comparação com empresas do mesmo setor, pois os múltiplos podem variar significativamente.

Dividend yield

O dividend yield é uma métrica que indica a rentabilidade do investimento em relação aos dividendos pagos pela empresa. Ele é calculado pela fórmula:

Dividend yield = Dividendos por ação ÷ Preço da ação.

Um dividend yield alto pode ser atrativo para investidores em busca de renda passiva, mas também é essencial avaliar a sustentabilidade desses dividendos, considerando a capacidade da empresa de manter ou aumentar esses pagamentos ao longo do tempo.

Fluxo de caixa livre

O fluxo de caixa livre representa a quantia de dinheiro que uma empresa gera após a dedução de despesas operacionais e investimentos necessários para manter ou expandir suas operações. A fórmula é:

Fluxo de caixa livre = Fluxo de caixa operacional - CAPEX (Despesas de capital).

Esse indicador é essencial, pois mostra quanto dinheiro está disponível para distribuir entre os acionistas, reinvestir na empresa ou pagar dívidas. Um fluxo de caixa livre positivo indica uma boa saúde financeira e uma capacidade sólida de gerar caixa.

Essas métricas, juntamente com o EV/Ebitda, fornecem uma visão mais abrangente da situação financeira de um negócio, permitindo que investidores tomem decisões mais informadas.

Cada indicador tem sua própria relevância e, quando analisados em conjunto, oferecem um panorama detalhado sobre a performance e as perspectivas futuras da companhia.

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