EUA proíbem TSMC de vender chips de 7 nm para a China
Em uma medida que marca mais um capítulo nas tensões entre Estados Unidos e China, o governo norte-americano determinou que a TSMC, maior fabricante mundial de semicondutores, pare de vender chips de 7 nanômetros ou menos para empresas chinesas. A decisão afeta diretamente o mercado de inteligência artificial e visa limitar o acesso da China a tecnologias avançadas, especialmente para desenvolvimento de IA. Abaixo, entenda o contexto, as motivações e as possíveis consequências dessa restrição.
Por que os EUA proibiram a venda de chips de 7 nm para a China?
Os Estados Unidos justificaram a proibição como uma medida de segurança nacional. Chips de 7 nanômetros ou menores são altamente avançados e amplamente utilizados em aplicações de inteligência artificial e processamento de dados de alta performance. Acredita-se que o acesso a esses componentes pode fortalecer a capacidade de inovação da China, principalmente em setores estratégicos como IA, o que poderia representar uma ameaça ao domínio tecnológico norte-americano.
O mandato de Washington vem na sequência de uma suspeita de que alguns clientes chineses da TSMC, atuavam como revendedores de chips para empresas como a Huawei e outras que o governo americano impõe inúmeras restrições quanto a vendas de semicondutores.
Como a TSMC está reagindo a essa ordem?
A TSMC, com sede em Taiwan, afirmou que cumpre rigorosamente as regulamentações internacionais e locais de exportação. Após receber a notificação do Departamento de Comércio dos EUA, a empresa informou que suspenderia as remessas de chips avançados para clientes chineses a partir de 11 de novembro de 2024. Essa decisão impacta especialmente a Huawei, que já enfrentava sanções rigorosas dos EUA devido ao seu vínculo com o governo chinês e suas ambições tecnológicas.
Qual é o impacto da proibição no mercado de inteligência artificial?
A limitação imposta pelos EUA dificulta o desenvolvimento de tecnologias avançadas na China, afetando diretamente empresas como Huawei e SMIC, que dependem de componentes da TSMC para a produção de processadores de IA e GPUs. Com essa proibição, a China pode ter que buscar alternativas locais, o que pode atrasar temporariamente seu avanço, mas também pode incentivar o país a acelerar seu desenvolvimento em semicondutores e investir em independência tecnológica.
A TSMC pode continuar vendendo chips para outras empresas chinesas?
Além da Huawei, outras empresas chinesas também são impactadas pela proibição, pois precisam de aprovação do governo dos EUA para receber chips avançados da TSMC. A nova regra permite que o governo norte-americano avalie se outras empresas estão redirecionando esses componentes para fins militares ou tecnológicos considerados sensíveis. Dessa forma, o fornecimento de chips de 7 nm para qualquer cliente chinês passa a ser restrito e sujeito a uma aprovação específica.
Como essa medida afeta a concorrência global no setor de semicondutores?
A proibição também gera um impacto significativo para a TSMC, que enfrenta a possibilidade de perder uma parte importante de seus clientes. No entanto, a empresa taiwanesa pode compensar essa perda com a crescente demanda de empresas americanas como Apple e Nvidia, que dependem de seus chips avançados para dispositivos de última geração. No cenário global, essa disputa pode acelerar a corrida tecnológica e incentivar a China a investir ainda mais em autossuficiência no setor de semicondutores.
Como isso afeta os investidores de TSMC?
De acordo com o analista de ações da carteira Nord Global, Henrique Vasconcellos, para os acionistas da empresa, não deveria haver uma grande preocupação. As vendas da TSMC para a China representaram 11% do total das vendas da companhia no último trimestre. Além disso, a demanda pela capacidade fabril da TSMC é maior que a própria empresa consegue corresponder. Consequentemente, caso eles deixem de fabricar chips de 7nm, ou menores, para empresas chinesas, haverá outros interessados.
Além da TSMC, outras empresas no mundo inteiro sofrem com algumas restrições americanas quanto a possibilidade de ofertar produtos e serviços para a China. A holandesa ASML, por exemplo, não pode vender suas máquinas mais avançadas para empresas no país.
A Nvidia, gigante de desenvolvimento de chips, também passa por restrições quanto a quais chips, e com quais configurações, podem ser ofertados no mercado chinês.
Esse movimento por parte de Washington reforça a briga entre China e EUA pela supremacia tecnológica nesta corrida pela dominância em inteligência artificial. Com o recém-eleito presidente Trump, devemos ter essa disputa ainda mais acentuada nos próximos anos.
Conclusão
A ordem dos EUA para que a TSMC suspenda as vendas de chips de 7 nm para a China evidencia a intensificação da disputa tecnológica entre as duas potências. Essa medida visa conter o avanço chinês em áreas sensíveis, como inteligência artificial, mas pode também impulsionar a China a acelerar o desenvolvimento de sua indústria de semicondutores. No curto prazo, o mercado global de tecnologia deve sentir os efeitos dessa restrição, enquanto a China busca alternativas para driblar as sanções e continuar avançando tecnologicamente.