Qual ETF de renda fixa para comprar hoje com a alta da Selic?
Com a alta da taxa Selic e dos juros de mercado, os ETFs de renda fixa chamam atenção dos investidores como uma alternativa para exposição a títulos públicos.
ETF de renda fixa para comprar hoje com a alta da Selic
Se você quer aproveitar o aumento da Selic em 2025, mas não quer correr riscos é melhor investir no Tesouro Selic, disponível na plataforma do Tesouro Direto, ou fundos de investimento que não cobrem taxa de administração e apliquem no Tesouro Selic. Já para quem tem preferência por ETFs, gostamos do DEBB11.
Por que vale a pena comprar DEBB11
O DEBB11 é um ETF de renda fixa que busca replicar o desempenho médio de debêntures indexadas ao CDI. Ou seja, além do CDI, você estará rendendo os spreads das debêntures, sendo uma forma de render acima do CDI.
No entanto, vale se atentar a um ponto importante. Se, por um lado, um fechamento dos spreads de crédito levam a uma marcação a mercado positiva das debêntures e, consequentemente, a uma melhora na performance do DEBB11, um aumento dos spreads de crédito causam uma marcação a mercado negativa nos títulos. Ou seja, você estará correndo um risco de crédito na busca por render acima do CDI.
Vale ressaltar que os spreads de crédito estão baixos. Logo, se for aproveitar o DEBB11, aproveite com moderação.
Investimentos com a alta da Selic e dos juros de mercado
A alta da taxa Selic tende a beneficiar investimentos em renda fixa pós-fixados, ou seja, quanto maior a Selic, maior a rentabilidade do Tesouro Selic e do CDI (que rende apenas 0,10 ponto percentual abaixo da Selic).
Não só a Selic vem subindo, como também os juros de mercado. A diferença entre ambos é que a Selic é a taxa definida pelo Banco Central a cada 45 dias, enquanto os juros de mercado refletem as expectativas dos investidores em relação ao futuro da economia, incluindo fatores como risco-país, expectativas de inflação futura e demanda por títulos públicos.
Dessa forma, com os ruídos promovidos pela política fiscal, temos visto os juros de mercado se elevarem, refletindo no aumento do juro real (juro acima da inflação) e levando o Tesouro IPCA+ para taxas reais acima de 7%.
Qual a previsão da taxa Selic para o final de 2025?
O último ciclo de afrouxamento monetário (redução dos juros) começou em agosto de 2023, quando a Selic passou de 13,75% para 10,50%. Agora, estamos em um ciclo de aperto monetário (alta dos juros).
Enquanto os economistas do Focus projetam uma Selic de 14% para o final de 2025, 11,25% para 2026 e 10% para 2027, a curva de juros do mercado precifica taxas mais altas de 16,77% para o final de 2025, 15,94% para 2026 e 15,31% para 2027.
ETF de renda fixa: qual a diferença entre gestão passiva e ativa?
Os ETFs funcionam por meio de uma gestão passiva. Essa estratégia tem como objetivo replicar o desempenho de uma metodologia já pré-definida, com base em um índice de referência. Ou seja, o gestor não vai explorar as suas convicções de investimento, mas apenas seguir a metodologia, o que normalmente se traduz em custos operacionais mais baixos e maior transparência para o investidor sobre o que está sendo feito no portfólio.
Um fundo de gestão ativa é aquele em que um gestor e a sua equipe escolhem os ativos para compor o portfólio, visando superar um benchmark (diferentemente da gestão passiva), como o índice Ibovespa e o CDI, por exemplo. Embora essa estratégia possa potencialmente oferecer rendimentos mais elevados, ela também tende a acarretar custos mais altos devido à necessidade de uma equipe especializada e às taxas de administração e performance associadas.
Qual é o benchmark que o ETF de renda fixa segue?
Nos ETFs de renda fixa, podemos ter diferentes benchmarks a partir da metodologia do fundo, como CDI (pós-fixado), IMA-B (inflação), IRF-M (prefixado).
Vantagens tributárias dos ETFs de renda fixa
Os ETFs de renda fixa possuem algumas vantagens tributárias que os tornam atrativos em comparação com outras formas de investimento em renda fixa. A principal vantagem é a alíquota única de 15% de Imposto de Renda (IR) sobre o ganho de capital, independentemente do prazo da aplicação.
Essa tributação fixa se aplica exclusivamente a ETFs e difere da tabela regressiva de IR utilizada em fundos tradicionais de renda fixa, que podem ir de 22,5% (para investimentos de até 180 dias) a 15% (para investimentos com prazo superior a 720 dias). Portanto, no caso dos ETFs, o investidor não precisa esperar dois anos para atingir a alíquota de 15%.
Além disso, os ETFs não têm come-cotas, que é a antecipação do Imposto de Renda cobrada semestralmente em fundos de renda fixa tradicionais. Isso significa que o patrimônio investido no ETF cresce sem interferências até o momento do resgate ou venda das cotas, o que potencializa o efeito dos juros compostos no longo prazo.
Portanto, para quem deseja eficiência tributária e uma estrutura mais simples, os ETFs de renda fixa surgem como uma opção.
Desvantagem dos ETFs de renda fixa
Os ETFs de renda fixa também possuem desvantagens que devem ser consideradas antes de investir. A principal é a liquidez menor quando comparado ao Tesouro Direto. Os ETFs têm formadores de mercado que atuam tanto na parte compradora quanto na vendedora, de modo a garantir liquidez aos papéis. No entanto, em alguns casos, o investidor pode ter dificuldade para vender o papel a preço justo.
A oscilação de preço (marcação a mercado) também deve ser considerada. Os ETFs de renda fixa seguem índices compostos por títulos públicos ou privados, que são precificados diariamente. Isso significa que o valor das cotas pode oscilar, especialmente em cenários de alta volatilidade. Essas oscilações, por outro lado, podem ser para o lado positivo.
Outro ponto de atenção refere-se à taxa de administração. Os ETFs de renda fixa possuem uma taxa de administração que pode variar conforme o fundo. Normalmente, as taxas são baixas, em torno de 0,20% a 0,30% ao ano, mas depende do fundo.
Tesouro Direto ou ETF de renda fixa: qual a diferença?
Embora tanto o Tesouro Direto quanto os ETFs de renda fixa sejam investimentos em ativos de renda fixa, existem diferenças importantes entre os dois que podem influenciar a decisão do investidor. Veja as principais:
Característica | Tesouro Direto | ETF de renda fixa |
Forma de investimento | Compra direta de títulos públicos | Compra de cotas que replicam um índice |
Liquidez | Diária (Tesouro Selic) | Depende da liquidez no mercado secundário |
Taxa de administração | Taxa de custódia de 0,2% ao ano | Taxa de administração do fundo |
Tributação | Tabela regressiva de IR (22,5% a 15%) | Alíquota fixa de 15% sobre ganho de capital |
Marcação a mercado | Afeta o preço do título | Afeta o valor das cotas |
Come-cotas | Não possui | Não possui |
Diversificação | Um título específico | Portfólio que pode ser mais diversificado em vários títulos |
Outros ETF de renda fixa para comprar hoje
Além do ETF DEBB11, o investidor pessoa física pode investir nos ETFs de IMA-B, apesar do risco mais elevado.
Os ETFs de IMA-B possuem carteiras compostas por títulos públicos atrelados à inflação. A diferença importante aqui é que a rentabilidade desses ETFs vêm através das marcações a mercados dos títulos que compõem a sua carteira, sendo, portanto, diferente de comprar um Tesouro IPCA+ no Tesouro Direto, que te dá a oportunidade de levar os títulos até os seus respectivos vencimentos.
Como estamos em um momento de juro real bem elevado, caso tenhamos ajustes de queda, os títulos atrelados à inflação serão marcados positivamente e os ETFs de IMA-B se beneficiarão. No entanto, caso os juros reais continuem aumentando em razão do risco fiscal, esses ETFs podem render abaixo do CDI.
Outro ponto é que estamos observando uma inflação mais pressionada no mercado doméstico, o que também ajuda no desempenho.
Prazos de vencimento do IMA-B
Em relação aos ETFs ligados ao IMA-B, fique atento aos prazos dos títulos. Veja abaixo.
ETF | Objetivo |
B5P211 | Títulos de inflação com vencimentos de até 5 anos |
B5MB11 | Títulos de inflação com vencimentos iguais ou maiores do que 5 anos |
IB5M11 | Títulos de inflação com vencimentos iguais ou maiores do que 5 anos |
IMBB11 | Títulos de inflação com todos os vencimentos |
IMAB11 | Títulos de inflação com todos os vencimentos |
Considerações finais
O melhor ETF de renda fixa para 2025 depende do seu apetite a risco. Os IMA-Bs possuem maior risco, mas maior potencial de ganhos de marcação a mercado. O DEBB11, por sua vez, oferece a oportunidade de render um pouco acima do CDI, que continuará subindo em 2025, mas merece atenção em relação à dinâmica dos spreads de crédito.