Escândalos da Boeing: entenda as polêmicas envolvendo a empresa

A nova acusação alega que a Boeing perdeu o controle de centenas de peças de avião. Entenda como essas polêmicas afetam seus investimentos.

Nord Research 29/06/2024 00:46 6 min Atualizado em: 29/06/2024 03:48
Escândalos da Boeing: entenda as polêmicas envolvendo a empresa

Nos últimos anos, a Boeing está sendo o centro de diversas polêmicas com alegações de má conduta e falta de controle da qualidade. Na mais recente delas, um inspetor afirmou que a fabricante de aeronaves realizou um péssimo gerenciamento e perdeu o controle de centenas de peças defeituosas, com algumas delas sendo instaladas nos novos aviões 737 Max. 

Acompanhe o texto abaixo e entenda quais são as alegações e o pronunciamento da Boeing. Veja também como isso impacta o mercado aeronáutico. 

Denúncias de peças defeituosas da Boeing

No dia 11 de junho de 2024, Sam Mohawk, inspetor de qualidade da Boeing desde 2011, fez uma denúncia à Administração de Segurança e Saúde Ocupacional (OSHA), acusando a Boeing de "ocultar intencionalmente" cerca de 400 peças defeituosas. Ele afirma que elas foram armazenadas inadequada antes de uma inspeção da Administração Federal de Aviação (FAA).

As peças defeituosas nos aviões da Boeing comprometeram a qualidade das aeronaves.

Segundo Sam Mohawk, algumas dessas peças de reposição que não atendiam aos critérios de qualidade eram destinadas às aeronaves modelo 737 Max.

Entre essas peças estavam componentes de grande porte, como lemes ou flaps de asas móveis

Outros problemas da Boeing

As alegações de Mohawk não são as primeiras contra a Boeing. A empresa, que já foi sinônimo de alta qualidade, vem passando por diversas polêmicas, especialmente com denúncias sobre controle de qualidade.

Em 2018 e 2019, dois acidentes fatais envolvendo o 737 Max da Boeing resultaram na morte de 346 pessoas. Apesar dos esforços para reverter a situação, a empresa continua enfrentando desafios. 

Já em janeiro de 2024, um 737 MAX 9, entregue à Alaska Airlines em outubro do ano anterior, perdeu uma peça durante o voo, bloqueando uma saída de emergência. 

John Barnett, que trabalhou por mais de 30 anos na Boeing, foi encontrado morto em março devido a um aparente suicídio, durante seu testemunho contra a Boeing. Em 2019, ele disse ao New York Times que havia encontrado “aglomerados ou cacos de metal” pendurados em cabos de controle de voo que poderiam ter causado danos “catastróficos” se tivessem penetrado nos fios.

Joshua Dean, ex-controlador de qualidade da Spirit, foi demitido em 2023 após levantar preocupações sobre defeitos de fabricação no 737 Max. Após sua demissão, testemunhou em um processo judicial denunciando à Administração Federal de Aviação os problemas na linha de produção do 737. Ele morreu em maio de 2024, após desenvolver pneumonia e uma infecção grave em poucas semanas. 

Em abril de 2024, testemunhas informaram ao Senado que três modelos de aeronaves da Boeing - o 737 Max, o 787 Dreamliner e o 777 - enfrentaram sérias preocupações de qualidade.

Suposta retaliação contra denunciantes

Sam Mohawk e outros denunciantes relataram represálias após expressarem preocupações de segurança. Funcionários relataram serem incentivados a permanecer em silêncio e, em alguns casos, enfrentaram reatribuições, exclusão de reuniões importantes e até ameaças físicas.

Por outro lado, a Boeing afirma que encoraja seus funcionários a relatar quaisquer preocupações que possam ter. Segundo comunicado, a prioridade máxima da empresa é a segurança de nossas aeronaves e do público.

Testemunho do CEO da Boeing no Senado dos EUA

Em meio a essas polêmicas, o CEO da Boeing, David Calhoun, compareceu perante o Congresso dos Estados Unidos para esclarecer diversas questões, especialmente em relação aos denunciantes e motivada pelo incidente em um voo da Alaska Airlines em janeiro.

Durante a audiência, Dave Calhoun admitiu que houve falhas nos processos de segurança e qualidade da Boeing, reconhecendo que um funcionário recebeu 40 ligações de seu gerente em dois dias após levantar uma preocupação de segurança e, aparentemente, cometeu suicídio logo depois. 

Calhoun passou duas horas tentando convencer os senadores de que a Boeing está comprometida com a segurança desde os acidentes fatais de 2018 e 2019.

No entanto, os senadores expressaram ceticismo em relação aos esforços da Boeing para melhorar suas práticas de segurança. O senador Richard Blumenthal destacou que mais de uma dúzia de denunciantes se apresentaram desde o início da investigação, fornecendo novas informações sobre os riscos de segurança decorrentes das práticas de fabricação da Boeing.

CEO da Boeing admitiu retaliação contra funcionários?

Não. Dave Calhoun negou as acusações generalizadas de que a Boeing retalia contra funcionários que levantam questões de segurança. Segundo ele, essas pessoas são recompensadas, ainda que essas questões tenham consequências para o negócio.

No entanto, ele admitiu que “algo deu errado” nos processos de segurança e qualidade da Boeing. 

Apesar das alegações e críticas, Calhoun defendeu seu histórico à frente da Boeing, afirmando que está orgulhoso das ações tomadas para melhorar a segurança. No entanto, legisladores acusaram Calhoun de priorizar lucros sobre segurança.

Qual o futuro da Boeing?

A Boeing enfrenta uma pressão para demonstrar que está fazendo mudanças substanciais em seus controles de qualidade e segurança. Espera-se que a empresa adote medidas mais rigorosas para evitar futuros incidentes e restaurar a confiança do público.

A crise atual na Boeing mostra a importância de uma supervisão rigorosa e transparente, tanto por parte da empresa quanto das agências reguladoras, para garantir a segurança dos aviões e a confiança dos passageiros.

Vale a pena investir na Boeing?

A Boeing ainda é a segunda maior fabricante de aviões do mundo. Apesar de recentes polêmicas e problemas com a produção, a empresa continua forte com um valor de mercado de aproximadamente US$ 107,02 bilhões. No entanto, por estar envolvida em tantas situações, é um investimento arriscado. 

Portanto, é indicado apenas para investidores mais arrojados, com boa tolerância ao risco e que acreditam no potencial da empresa de evitar mais escândalos e recuperar a confiança do público. Recentemente, lançou o Boeing Starliner, um táxi espacial em parceria com a NASA, fortalecendo sua imagem. 

A empresa está listada na NYSE (New York Stock Exchange)  e, no Brasil, por meio do BDR BOEI34, listado na B3.

Já investidores mais conservadores e com pouca confiança na Boeing, devem optar por ações mais seguras, de empresas que não estejam envolvidas em tantos escândalos. 

Quer receber mais atualizações sobre a Boeing? Acompanhe o blog da Nord Research e confira notícias sobre o mercado aeronáutico e dicas para seus investimentos. 

Perguntas frequentes

Quais são as recentes polêmicas envolvendo a Boeing?

A Boeing tem sido alvo de alegações de má conduta e falta de controle de qualidade. A mais recente envolve a perda de controle de cerca de 400 peças defeituosas e retaliação contra funcionários.

O que a Boeing diz sobre as acusações?

Afirma que encoraja seus funcionários a relatar preocupações e que a segurança das aeronaves e do público são as maiores prioridades. O CEO reconheceu falhas nos processos de segurança e qualidade, comprometendo-se a melhorar.

Vale a pena investir na Boeing atualmente?

Embora seja uma das maiores fabricantes de aviões do mundo, investir na Boeing é arriscado. Para investidores mais arrojados, pode ser uma oportunidade, mas aqueles com baixa tolerância ao risco podem preferir outras opções mais estáveis.

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