Dividendos recebidos por Luiz Barsi ultrapassam R$ 1 bilhão em 10 anos

Analisamos a estratégia do maior investidor individual brasileiro e calculamos quanto ele teria recebido de dividendos se fossem tributados.

Victor Bueno 07/10/2024 17:03 11 min Atualizado em: 11/10/2024 11:56
Dividendos recebidos por Luiz Barsi ultrapassam R$ 1 bilhão em 10 anos

Conhecido como “Rei dos Dividendos”, o economista Luiz Barsi é referência para a maioria dos investidores brasileiros que sonham em viver de renda.

Neste artigo, você vai conhecer mais sobre a história de Barsi e descobrir como seria a fortuna dele se houvesse tributação de dividendos. Acompanhe!

Quem é Luiz Barsi?

Luiz Barsi é amplamente reconhecido como um dos maiores investidores individuais da Bolsa de Valores do Brasil, frequentemente apelidado de "Warren Buffett brasileiro" devido à sua abordagem de longo prazo e foco em investimentos consistentes em empresas sólidas.

Barsi nasceu em 1939, em São Paulo, e cresceu em um ambiente humilde. Ele começou a trabalhar cedo para ajudar sua família, desempenhando várias funções até conseguir se formar em Economia e Direito.

Como Luiz Barsi ficou rico?

Barsi construiu sua fortuna ao adotar uma estratégia de investimentos focada no recebimento de dividendos. 

Desde os anos 1970, ele investe de maneira disciplinada em ações de empresas que pagam bons dividendos, reinvestindo os lucros recebidos para adquirir mais ações e aumentar sua renda passiva. 

A filosofia de Barsi gira em torno de comprar ações de empresas sólidas, que ele chama de "ações de valor", e manter esses investimentos por longos períodos.

Além de investir em empresas consolidadas que distribuem dividendos regularmente, Barsi também diversificou seu portfólio em setores estratégicos, como bancos e energia elétrica, conhecidos por serem geradores de caixa consistentes. 

Ele acredita que, ao focar em dividendos e reinvesti-los, é possível construir riqueza de forma segura e sustentável ao longo do tempo.

Com essa estratégia, Luiz Barsi acumulou uma fortuna significativa e continua sendo uma figura influente e respeitada no mercado financeiro brasileiro. Segundo levantamentos recentes, seu patrimônio em ações está avaliado em cerca de R$ 4 bilhões. 

O que são ações BESST?

Como o megainvestidor já acumula décadas de investimentos, sua carteira de ações já passou por uma série de mudanças ao longo dos anos e nunca foi 100% pública. Contudo, é possível, sim, ter uma ideia de seus principais ativos. 

Luiz Barsi não esconde suas preferências setoriais, com cinco setores “à prova de balas”, que, juntos, denominou de BESST. São eles: 

  • Bancos;
  • Energia elétrica;
  • Saneamento;
  • Seguros;
  • Telecomunicações.

Obviamente, não é uma regra. Barsi também investe em outros setores como papel e celulose, indústria, entre outros, mas sempre focando no mais importante: a capacidade de geração de caixa e previsibilidade dos dividendos das empresas dentro desses setores. 

Porém, podemos afirmar que tem um setor que o investidor não investiria: varejo

Recentemente, inclusive, Luiz Barsi causou uma certa polêmica ao afirmar que o Magazine Luiza (MGLU3) quebrará em algum momento, seguindo o mesmo caminho de outras varejistas como Mesbla e Mappin. 

Com isso, não vimos e não deveremos ver nenhuma empresa do varejo brasileiro em seu portfólio – ainda mais considerando que, mesmo que o Magalu ou outra varejista não quebrem, essas companhias não são conhecidas como boas pagadoras de dividendos.

Qual é a carteira de dividendos de Luiz Barsi?

Segundo estudo recente realizado pela XP Investimentos, a “carteira base” de Luiz Barsi (salvo algumas exceções de empresas que foram vendidas ou compradas recentemente, além de posições menores de seu portfólio) é composta por: 

  • Banco do Brasil (BBAS3);
  • Cemig (CMIG4);
  • IRB Brasil (IRBR3);
  • Isa Cteep (TRPL4);
  • Klabin (KLBN11);
  • Paranapanema (PMAM3);
  • Suzano (SUZB3);
  • Taesa (TAEE11);
  • Taurus Armas (TASA4);
  • Unipar (UNIP6).

Além dessas 10 principais, vale destacar algumas outras posições públicas, como Eternit (ETER3) e AES Brasil (AESB3) – esta última que foi vendida recentemente para a Auren (AURE3), outra empresa que Barsi já vinha adicionando à sua carteira nos últimos anos. 

Quais ações Luiz Barsi está comprando?

Em 2024, Luiz Barsi foi “obrigado” a realizar mais uma realocação importante. 

Com outra posição do investidor, a Cielo (CIEL3), anunciando sua saída da B3 após a compra integral por parte de seus controladores (Banco do Brasil e Bradesco), Barsi precisou realocar os recursos da venda das ações da empresa se serviços financeiros.

As escolhidas, porém, não foram nenhuma das companhias que já estavam em seu portfólio, mas, sim, duas novas “queridinhas” de dividendos: a CSN Mineração (CMIN3) e a Banrisul (BRSR6). 

Segundo o investidor, as ações da CSN Mineração são uma alternativa mais atrativa em relação à Vale neste momento, enquanto, no caso das ações da Banrisul, o histórico de 80 anos de atuação promove maior confiança aos investidores. 

Observação importante: o artigo é apenas informativo, logo, as ações apresentadas não devem ser interpretadas como recomendações de compra. 

Quanto Luiz Barsi ganha com dividendos?

Independentemente de concordar ou não com as escolhas de seus investimentos, é inegável que Luiz Barsi conseguiu obter êxito em sua estratégia, tendo em vista que, em cerca de 10 anos, seu patrimônio se multiplicou por cerca de 4x (imagine desde o início).

Segundo algumas pesquisas, em 2014, o megainvestidor possuía uma fortuna estimada em R$ 1 bilhão em ações. Com a valorização das mesmas e os dividendos pagos no período, Barsi pôde alcançar o patamar atual de R$ 4 bilhões. 

Mas quanto será que Barsi ganhou em dividendos?

Recentemente, o maior investidor pessoa física do país afirmou que chegou a ganhar mais de R$ 1 milhão por dia de dividendos em 2021 – ou seja, quase R$ 400 milhões em proventos em apenas um ano (sendo R$ 160 milhões somente de Unipar). 

Obviamente, 2021 foi um ano “fora da curva”, já que o montante representaria cerca de 40% de seu patrimônio estimado em 2014. 

Assim, apenas como estudo, calculamos quanto Barsi pode ter ganho em 10 anos.

Como não é possível determinar exatamente qual o seu portfólio, utilizamos a carteira montada pela XP Investimentos como base, com exceção de IRB Brasil, que fez seu IPO apenas em 2017 e não poderia estar entre as posições há 10 anos. 

No lugar da empresa de resseguros, colocamos as ações da Eternit. Logo, a carteira hipotética, em 2014, seria:

  • Banco do Brasil (BBAS3);
  • Cemig (CMIG4);
  • Eternit (ETER3);
  • Isa Cteep (TRPL4);
  • Klabin (KLBN11);
  • Paranapanema (PMAM3);
  • Suzano (SUZB3);
  • Taesa (TAEE11);
  • Taurus Armas (TASA4);
  • Unipar (UNIP6).

Outro ponto é que não é possível determinarmos a alocação de cada uma das posições no período, logo adotamos o mesmo percentual para as empresas (10%), além de levarmos em conta, para o cálculo do número de ações, os preços (sem ajustes) de 10 anos atrás. 

Como seu patrimônio estimado era de R$ 1 bilhão na época, cada posição teria um investimento “inicial”, em 2014, de R$ 100 milhões. Vale destacar que não consideramos novos aportes, apenas bonificações, aumentos de capital e grupamentos/desdobramentos. 

Por fim, consideramos tanto os pagamentos de dividendos (isentos de imposto de renda) como de JCPs (juros sobre capital próprio), que possuem tributação de 15% retidos na fonte (os valores adotados já são descontados). 

Mais uma vez, esse é apenas um estudo hipotético e aproximado, não devendo ser interpretado como uma carteira 100% fidedigna à de Luiz Barsi. Nossas análises foram feitas para estimar um retorno via dividendos de um portfólio semelhante a longo prazo. 

Avisos feitos, vamos para os resultados.

EmpresaInvest. inicialPreço inicialNº de açõesDividendo total
Banco do Brasil (BBAS3)R$ 100.000.000R$ 26,013.844.675R$ 48.035.809
Cemig (CMIG4)R$ 100.000.000R$ 14,616.844.626R$ 58.041.011
Eternit (ETER3)R$ 100.000.000R$ 3,9625.252.525R$ 169.256.788
Isa Cteep (TRPL4)R$ 100.000.000R$ 35,872.787.844R$ 126.157.200
Klabin (KLBN11)R$ 100.000.000R$ 12,158.230.452R$ 50.509.053
Paranapanema (PMAM3)R$ 100.000.000R$ 2,1646.296.296R$ 68.110.000
Suzano (SUZB3)R$ 100.000.000R$ 20,564.863.813R$ 23.881.823
Taesa (TAEE11)R$ 100.000.000R$ 18,835.310.674R$ 151.351.710
Taurus Armas (TASA4)R$ 100.000.000R$ 4,3223.148.148R$ 69.906.597
Unipar (UNIP6)R$ 100.000.000R$ 0,52192.307.692R$ 884.785.995

Fonte: Bloomberg

Como é possível observar na tabela acima, o investidor teria recebido valores expressivos em dividendos de suas empresas investidas.

Entre os destaques estão a Eternit, cujas ações teriam sido compradas por um preço baixo, proporcionando um elevado número de papéis comprados e um retorno de 169%, além das transmissoras Taesa e Isa Cteep, com retornos respectivos de 151% e 126%.

Contudo, o maior destaque disparado foi a Unipar, que teria sido comprada por poucos centavos em 2014, possibilitando a compra de quase 200 milhões de papéis no período e resultando em um retorno, via proventos, de 885%.

Ao todo, investindo R$ 1 bilhão nesta carteira, na proporção indicada, o investidor teria recebido um montante total de R$ 1,65 bilhão nos últimos 10 anos – ou seja, um retorno total de 165% ou, em média, de 10,2% ao ano (basicamente, seu dividend yield médio). 

Observação: os retornos mencionados consideram somente os dividendos pagos, excluindo ganhos de capital (valorizações) das ações no período. 

Como seria a fortuna de Luiz Barsi com a tributação de dividendos?

EmpresaTickerDividendo totalDividendo tributadoDiferença
Banco do BrasilBBAS3R$ 48.035.809R$ 46.886.374R$ 1.149.434
CemigCMIG4R$ 58.041.011R$ 53.110.676R$ 4.930.334
EternitETER3R$ 169.256.788R$ 155.601.354R$ 13.655.424
Isa CteepTRPL4R$ 126.157.200R$ 117.116.279R$ 9.040.921
KlabinKLBN11R$ 50.509.053R$ 44.292.727R$ 6.216.325
ParanapanemaPMAM3R$ 68.110.000R$ 57.893.500R$ 10.216.500
SuzanoSUZB3R$ 23.881.823R$ 21.134.486R$ 2.747.337
TaesaTAEE11R$ 151.351.710R$ 128.984.187R$ 22.367.522
Taurus ArmasTASA4R$ 69.906.597R$ 59.420.607R$ 10.485.989
UniparUNIP6R$ 884.785.995R$ 752.068.095R$ 132.717.899

Fonte: Bloomberg

Como mencionamos anteriormente, com exceção dos JCPs, os dividendos no Brasil não são tributados, diferentemente do que é visto nos EUA, por exemplo.

Mas acima calculamos o retorno caso os dividendos, assim como os JCPs, fossem tributados em 15%

Como é possível observar, em alguns casos não existem grandes diferenças entre os dividendos totais e os dividendos tributados, em especial para o Banco do Brasil, cujos proventos são compostos, em sua grande maioria, por JCPs (que já são tributados).

A soma de todos os dividendos tributados resulta em um montante total de R$ 1,44 bilhão, cerca de R$ 213 milhões a menos que no caso dos dividendos totais. 

Sim, caso os dividendos também fossem tributados, o investidor desta carteira (Luiz Barsi neste caso hipotético) teria obtido um rendimento -13% inferior ao realizado, deixando cerca de R$ 213 milhões “na mesa”. 

Como as empresas podem compensar os acionistas com a tributação de dividendos?

É importante lembrar que os dividendos e JCPs não são as únicas formas de proventos que as empresas podem remunerar seus acionistas. Entre elas, temos:

  • Bonificação em ações: Quando deseja reinvestir parte de seus lucros, sem deixar de remunerar seus investidores, a empresa emite novas ações e distribui para seus acionistas, aumentando a participação deles em seu capital social.
  • Recompra de ações (buybacks): Em vez de pagar dividendos, as empresas optam por recomprar suas próprias ações no mercado, reduzindo o número de ações em circulação e aumentando a participação de cada acionista em seus lucros (e valor).
  • Restituição de Capital: Algumas empresas podem devolver parte do capital social diretamente aos acionistas, sem que isso seja considerado como lucro distribuído. Essa operação é mais rara, mas pode acontecer em casos de excesso de capital.
  • Desdobramento (Split): Embora não seja diretamente uma forma de provento, o desdobramento ocorre quando uma empresa divide suas ações em mais unidades, podendo atrair mais investidores e aumentar a liquidez do papel (benefício indireto).

Como funciona a tributação de dividendos no Brasil e no exterior?

A tributação no Brasil ocorre apenas a nível corporativo, através do imposto de renda e da contribuição social. Entretanto, há propostas de reforma tributária que podem mudar essa isenção, prevendo uma tributação dos dividendos recebidos pelos acionistas.

Nos Estados Unidos, os dividendos são tributados diretamente na fonte e na pessoa física. São, basicamente, dois tipos de dividendos: os qualificados e os não qualificados.

Os dividendos qualificados, que atendem a certos requisitos, são taxados a taxas menores, variando de 0% a 20%, dependendo da faixa de renda do investidor. Já os dividendos não qualificados são tributados como renda comum, com alíquotas que chegam a até 37%. 

Além disso, a empresa também paga impostos sobre seus lucros, resultando em uma dupla tributação, diferentemente do que ocorre no Brasil atualmente.

Assim, as empresas americanas podem gerar valor aos acionistas de algumas maneiras, mesmo com a tributação de dividendos. Além da distribuição de proventos, que é a forma mais tradicional de remunerar seus investidores, elas utilizam estratégias como:

  • Recompra de ações (buybacks): Em vez de pagar dividendos, as empresas optam por recomprar suas próprias ações no mercado, reduzindo o número de ações em circulação e aumentando a participação de cada acionista em seus lucros (e valor).
  • Valorização das ações: Muitas empresas americanas focam no crescimento do negócio, reinvestindo seus lucros em novos projetos, inovação e expansão. Esse crescimento pode levar à valorização das ações no longo prazo.

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