Crise dos fundos multimercados se aprofunda. O que fazer?

Multimercados têm novo mês de “sangria” e resgates líquidos atingem R$324 bilhões no ano.

Christopher Gomes Galvão 24/12/2024 06:00 7 min
Crise dos fundos multimercados se aprofunda. O que fazer?

A indústria de fundos multimercados atravessa o pior momento da história em termos de resgate e um dos momentos mais desafiadores em termos de performance. 

Entre janeiro e novembro deste ano, os multimercados sofreram uma retirada de R$324 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Com resgates bilionários e desempenho abaixo do esperado, o segmento enfrenta desafios de gestão e mudanças no comportamento dos investidores. 

Entenda as causas dessa crise, seus impactos no mercado e quais soluções podem trazer alívio para gestores e cotistas.

O que está acontecendo com os fundos multimercados e quais as causas?

O IHFA é o Índice de Hedge Funds Anbima, que compila o desempenho dos multimercados. Por isso, vamos analisar o excesso de retorno (alpha) do IHFA sobre o CDI em janelas móveis de três anos. 

De outubro de 2010 a junho de 2023, ou seja, de 153 meses nesse período, em apenas dois meses o alpha gerado pelos multimercados foi negativo (resultado menor que o CDI), em março de 2016 e março de 2020.

De julho de 2023, no entanto, o desempenho dos multimercados em janelas móveis de três anos vem sendo abaixo do CDI.

 Fonte. Economatica. Elaboração Nord Research

Entre os motivos para esse desempenho ruim da indústria em comparação com o benchmark estiveram:

  • Economia dos EUA está “mais resiliente”: a economia americana se mostrou mais resiliente do que o esperado: enquanto muitos gestores imaginavam que a atividade dos EUA iria desaquecer mais rapidamente como consequência dos juros elevados, ainda vemos um mercado de trabalho apertado e consumo elevado.
  • Taxa Selic maior que o esperado: os juros no Brasil não só caíram muito menos do que o mercado esperava (chegou ao patamar de 10,50%), como voltaram a subir e hoje se encontram em 12,25% (e seguirá aumentando).
  • Política fiscal no Brasil: as más sinalizações em relação à trajetória da dívida pública brasileira tem levado a pressões nos juros longos e dificultando o desempenho dos ativos de risco.

Sob tal contexto, observamos que os gestores tiveram dificuldades para acertar o cenário volátil desses últimos anos.

Essa dificuldade na geração de resultados, frente a um CDI elevado, foi um dos motivos que levaram ao fluxo de resgates que temos observado nos últimos anos.

Apesar dos resgates terem iniciado em 2022, o ano de 2024 bateu o recorde negativo para os multimercados, mesmo considerando os dados somente até novembro.

Captação líquida dos fundos multimercados de 2026  a novembro de 2024. Fonte: Anbima. Elaboração Nord Research
Captação líquida dos fundos multimercados em 2024 até o mês de novembro. Fonte: Anbima. Elaboração Nord Research

Enquanto os multimercados estão rendendo abaixo do CDI, temos observado uma melhor performance recente dos fundos de crédito. Após os casos de Americanas e Light que chacoalharam o mercado de crédito no início de 2023, os spreads de crédito (diferença entre a taxa oferecida pelos títulos privados em relação aos títulos públicos) passaram a cair gradualmente ao longo dos trimestres seguintes, à medida que o estresse do mercado foi se normalizando. 

Somado a isso, a resolução da CVM em fevereiro deste ano trouxe mais restrições de companhias que podem emitir títulos isentos e acelerou o movimento de queda dos spreads de crédito pela maior procura de debêntures incentivadas no mercado secundário.

Além da performance e do cenário dos investidores direcionando recursos para fundos de créditos isentos de IR, vale ressaltar que o início da cobrança de come-cotas aos fundos exclusivos pode ter intensificado esse movimento de fluxo negativo para a classe, uma vez que muitos fundos exclusivos estavam estruturados como multimercados.

O que fazer em meio a crise dos multimercados?

Apesar dos últimos anos terem sido desafiadores, os fundamentos que envolvem a classe  fundos multimercados continuam válidos.

Ao conseguirem investir em diversas classes de ativos (como juros, bolsas, moedas e commodities) em diversas economias diferentes simultaneamente, os multimercados oferecem aos investidores a possibilidade de terem uma carteira diversificada e mais completa. 

Além disso, vale destacar que os multimercados não necessariamente precisam estar posicionados para cenários positivos. Se for o caso de o gestor estar pessimista para o cenário, pode-se adotar posições contrárias ao ciclo econômico.

Ou seja, estar posicionado em multimercados nesse momento é sim uma boa oportunidade para ter uma carteira em ativos de risco de uma forma diversificada.

Assim como existem multimercados que ficarão pelo caminho, existem aqueles que sobreviverão e voltarão a ser destaques no longo prazo. É importante, portanto, estar alocado nos gestores certos.

Fundos multimercados ‘desaparecerem’ nos últimos quatro anos

O volume de saques impôs um cenário desafiador para o patrimônio das gestoras, especialmente para os fundos com estrutura cara (e que hoje se encontram com um nível de patrimônio consideravelmente inferior) ou para os fundos que já possuíam um patrimônio baixo e sofreram ainda mais com a dinâmica de resgates. 

Em resumo, pagar as contas tornou-se mais difícil diante da fuga de investidores dos produtos. 

Desde 2022, 2,6 mil multimercados encerraram suas atividades, segundo um levantamento da Elos Ayta.

Fonte: Valor Investe

Os fundos multimercados mais resilientes na crise

Para análises da indústria de fundos multimercados importantes na indústria, considerei uma lista de 46 fundos e comparei as suas performances com o CDI.

Desta lista, apenas 10 fundos vêm superando o CDI neste ano de 2024 (levantamento até o dia 18/12), com o top 5 sendo definido por: 

  • Adam Macro II
  • Kadima High Vol
  • SPX Nimitz
  • Armor Axe
  • JGP Strategy.

O top 5 dos multimercados que superaram o CDI na última janela de dois anos ficou definido por:

  • Adam Macro II
  • Kadima High Vol
  • Armor Axe
  • Verde FIC FIM
  • Capstone Macro

Já o top 5 dos multimercados que superaram o CDI na última janela de três  anos ficou definido por:

  • Capstone Macro
  • Armor Axe
  • Absolute Vertex
  • Genoa Capital
  • Kapitalo K10
 Fonte: Economatica. Elaboração Nord Research

O que esperar dos fundos multimercado em 2025?

O ano de 2025 não deve ser fácil para os ativos de risco em geral, visto que ainda temos incertezas não só no mercado doméstico, como também no externo.

Por outro lado, como falamos anteriormente, ao conseguirem investir em diversas classes de ativos e economias diferentes, podendo adotar posições otimistas ou pessimistas, vejo que os multimercados são uma boa opção para estar posicionado em ativos de risco de forma mais diversificada no ano de 2025.

É importante considerar, no entanto, que não será um ano fácil para bater o benchmark, uma vez que o CDI seguirá aumentando e, dessa forma, deixará a “régua mais alta” para os gestores apresentaram alpha positivo.

No Nord Fundos, por exemplo, estamos bem posicionados em multimercados, mas também mantemos um nível de caixa (CDI) nesse momento.

Seleção dos melhores fundos multimercados

A carteira Nord Fundos seleciona os melhores fundos multimercados do mercado, oferecendo aos investidores oportunidades diversificadas e de alta performance, com grande parte das nossas recomendações superando o CDI ja última janela dos últimos três anos (como vimos acima, pouquíssimos fundos no mercado alcançaram esse feito)

Com uma curadoria criteriosa, o Nord Fundos não olha somente para a rentabilidade que os gestores vêm apresentando recentemente, mas também para uma série de fatores qualitativos que nos trazem uma maior confiança de que a boa performance irá se perpetuar no longo prazo, como qualidade da equipe, incentivos internos na gestora (como sociedade, bonificação da equipe, etc.), processo de investimento, entre outros.

Ao investir com o Nord Fundos, você conta com a expertise de uma equipe especializada que está em contato constante com os gestores dos fundos para encontrar a melhorar carteira e ajustar as recomendações conforme se houver a necessidade.

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