Crise de crédito faz mais de 50 CRIs entrarem em “default”, diz Clube FII

Levantamento mostra que, de 6 de janeiro a 15 de maio, 114 Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) registraram algum evento de atraso ou deixaram de pagar o serviço da dívida

Marx Gonçalves 05/06/2023 13:02 2 min
Crise de crédito faz mais de 50 CRIs entrarem em “default”, diz Clube FII

O mercado de certificados de recebíveis imobiliários (CRI) se viu pressionado pela manutenção da taxa de juros — a Selic — em 13,75% ao ano.

Segundo levantamento do Clube FII, de 6 de janeiro deste ano até 15 de maio, 114 CRIs registraram um evento de “default”, ou seja, atrasaram ou deixaram de pagar o serviço da dívida. Desse total, cerca de 50 CRIs ainda permanecem inadimplentes, de acordo com o diretor de investimentos alternativos do grupo, Felipe Ribeiro.

FIIs no cenário atual

Se por um lado os juros mais elevados buscam desinflacionar a economia, por outro o aperto monetário aumentou (e muito) o custo do crédito, gerando problemas não apenas para empresas que se encontravam em dificuldades financeiras, mas também para empresas com problemas de liquidez.

A crise na Americanas (AMER3) e em outras varejistas, que acabaram atrasando o pagamento de obrigações financeiras, acentuou a redução do crédito na economia brasileira.

Isso porque o evento deixou os bancos menos flexíveis na hora de negociar novas condições de crédito, o que também acabou impactando as condições financeiras de muitas empresas, que viram seu acesso ao crédito reduzir significativamente do início do ano para cá.

Crise dos CRIs à vista?

Por enquanto não há risco de uma crise no mercado de CRIs — até pelo volume baixo dos casos de inadimplências e defaults em relação ao estoque total desses títulos.

Com exceção de alguns casos, temos observado um aumento da inadimplência no setor imobiliário, principalmente em operações que possuem risco de crédito mais elevado, os chamados “high yields”. Ou seja, uma piora em operações cujos devedores são mais suscetíveis ao cenário econômico mais restritivo.

Como ficam os CRIs com a queda da Selic?

A perspectiva de redução da Selic ainda este ano pode trazer um certo alívio, mesmo que gradual, aos CRIs.

Além de reduzir o custo do crédito para as empresas, principalmente aqueles de prazos mais curtos voltados para capital de giro, e que normalmente são atrelados ao CDI, as reduções da Selic abrem espaço para uma melhora da economia à frente, o que é fundamental para a melhora das condições de crédito da economia.    

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