Crédito de carbono: Como investir de forma rentável e sustentável

O crédito de carbono é uma oportunidade recente do mercado financeiro. Entenda quais são as vantagens desse investimento!

Nord Research 13/07/2024 14:54 10 min
Crédito de carbono: Como investir de forma rentável e sustentável

O crédito de carbono faz parte de um novo mercado com potencial de crescimento. No Brasil, a neutralização do carbono é voluntária, e iniciativas como a criação de uma plataforma online da B3 podem contribuir para a expansão do mercado. Por isso, é um segmento para o investidor ficar atento nos próximos anos.

A B3 anunciou uma parceria com a AirCarbon (ACX), empresa líder em soluções de mercado de carbono, para criar uma plataforma de negociação de crédito de carbono no Brasil. Com isso, os investidores poderão diversificar seus investimentos em um novo mercado da bolsa de valores.

A plataforma pode contribuir para a liquidez dos títulos negociados. Afinal, compradores e vendedores estarão conectados, assim como grandes agentes econômicos, como instituições financeiras e fundos de investimento.

Neste conteúdo, respondemos as principais dúvidas sobre o mercado de carbono para você começar a investir em títulos sustentáveis. Continue a leitura!

O que são créditos de carbono?

Créditos de carbono representam reduções ou remoções de gases do efeito estufa. Créditos: Freepik

Créditos de carbono são instrumentos financeiros que representam reduções ou remoções de gases do efeito estufa. Com esse meio de troca, setores que poluem incentivam a compensação de seus impactos ambientais, comprando títulos gerados por atividades com efeitos positivos para o meio ambiente.

A alternativa surge para incentivar setores da economia a diminuírem a emissão de gases de efeito estufa. Além disso, vai de encontro com a meta estabelecida pelo Acordo de Paris, que tem como objetivo reduzir a emissão de dióxido de carbono na atmosfera

Neutralização

O sistema do crédito de carbono se baseia no princípio de neutralização. O impacto ambiental das empresas pode ser reduzido por elas mesmas ou com o incentivo a atividades mitigadoras da poluição.

Imagine, por exemplo, uma empresa de transporte urbano. Em si, a atividade gera uma grande quantidade de poluentes, e nem sempre haverá meios para zerar as emissões.

Essa empresa poderia adquirir créditos gerados por uma cooperativa de reciclagem. Como resultado, haveria uma compensação dos prejuízos causados pelo incentivo gerado na outra ponta da operação

O princípio de neutralização envolve a compensação das emissões de GEE de uma entidade, como uma empresa ou indivíduo, ao apoiar projetos que reduzem ou removem uma quantidade equivalente de GEE da atmosfera. A neutralização busca alcançar um balanço zero de emissões líquidas de GEE..

Como funciona o mercado de crédito de carbono?

O mercado de crédito de carbono é um sistema que permite a compra e venda de créditos de carbono, os quais representam a redução, remoção ou evitamento da emissão de uma tonelada de dióxido de carbono (CO₂) ou equivalente em outros gases de efeito estufa (GEE)

O mercado de carbono opera por meio da compra e venda de créditos para a neutralização do impacto ambiental. Esses direitos podem ser negociados de diferentes maneiras.

De certa forma, o funcionamento é similar a uma commodity, como soja, petróleo e ouro. Existe um ativo que pode ser alvo de contratos à vista ou futuros, com compradores e vendedores.

Outra possibilidade é antecipar receitas, emitindo títulos lastreados nos créditos de carbono. Igualmente, podem ser criados tokens digitais para facilitar essa captação de recursos.

A comercialização dos créditos de carbono cria um ambiente de negócios com diversas partes interessadas:

  • compradores e vendedores de crédito;
  • plataformas e ambientes de intermediação;
  • organizações de certificação;
  • instituições financeiras responsáveis pelas operações;
  • órgão de regulamentação;
  • investidores.

Os incentivos para criar o mercado de carbono podem ser leis que estabelecem metas para empresas ou a adesão voluntária.

Mercado regulado

O mercado regulado de crédito de carbono é um sistema onde as emissões de gases de efeito estufa (GEE) são controladas por leis e regulamentações governamentais, frequentemente impulsionadas por acordos internacionais como o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris.

Esse tipo de mercado é uma ferramenta crucial para a mitigação das mudanças climáticas, incentivando empresas a reduzir suas emissões através de mecanismos econômicos.

Se existirem metas obrigatórias de neutralização, o ambiente é regulado. Isso significa que, ao não atingir seus objetivos de redução do impacto ambiental, a empresa terá que recorrer ao mercado de crédito de carbono. Do contrário, pode ser punida por órgãos reguladores.

Mercado voluntário

O mercado voluntário de crédito de carbono é um sistema em que empresas e indivíduos compram créditos de carbono de forma voluntária, sem serem obrigados por regulamentações governamentais.

Esse mercado permite que as partes interessadas compensem suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) por motivos éticos, de responsabilidade social ou para melhorar a imagem corporativa

As motivações para adquirir créditos serão as mais diversas:

  • responsabilidade social corporativa;
  • estratégias de marketing;
  • melhoria da reputação da empresa;
  • atração dos chamados consumidores conscientes.

O Brasil adota, até o momento, o segundo modelo. As empresas nacionais adotam metas voluntárias de neutralização do carbono. Contudo, como o país aderiu à Convenção de Paris sobre Mudanças Climáticas, não se pode descartar a possibilidade de mudanças nesse cenário no futuro.

Por que investir em crédito de carbono?

O mercado de carbono é uma alternativa para a diversificação dos investimentos. Além disso, pode ser um caminho para quem busca conciliar o ganho financeiro com a pauta ambiental.

Diversificar os investimentos

Os créditos contêm fatores de risco diferentes dos ativos mais tradicionais, especialmente em relação à taxa de juros da economia. Por exemplo, uma redução da Selic afetará os títulos públicos e CDBs, mas não prejudicará necessariamente as cotações do crédito de carbono. Afinal, não reduz o interesse das empresas em compensar as emissões.

Investir em um mercado relativamente novo

As medidas para controlar as emissões de carbono foram estabelecidas no Acordo de Paris em 2015. Nessa convenção, os países estabeleceram metas de neutralização dos impactos das atividades.

O objetivo é alcançar zero emissões até 2050. Por isso, a tendência é que mais mercados de carbono se tornem regulados. Inclusive, as medidas podem ser mais rigorosas com o passar do tempo.

Aproveitar a expansão do mercado voluntário

Em conjunto com a pressão dos países, as empresas podem fazer movimentos de adesão à neutralização do carbono. Uma motivação é ser reconhecida por princípios ambientais, sociais e de governança (Environmental, Social and Governance - ESG).

Ser uma opção para investimentos arrojados

A política pode influenciar bastante o ritmo e a direção desse mercado. Em 2017, por exemplo, os EUA deixaram o Acordo de Paris, retornando à convenção em 2021. A divergência de posições entre governos, portanto, pode causar instabilidade, pois o cumprimento das convenções é voluntário.

O mercado de carbono pode ser caracterizado como um investimento alternativo. Por não ser um mercado plenamente consolidado, os ganhos podem ser exponenciais. Ao mesmo tempo, os investidores assumem riscos elevados.

Investir em créditos de carbono não é apenas uma oportunidade de obter retornos financeiros, mas também uma maneira de contribuir para a sustentabilidade global e a luta contra as mudanças climáticas. Ao apoiar projetos que reduzem ou removem GEE, investidores podem promover práticas ambientais responsáveis, beneficiar comunidades locais e preparar-se para um futuro com regulamentações ambientais mais rígidas.

Como investir em crédito de carbono?

Os fundos de investimento possibilitam a aplicação sem o conhecimento profundo sobre o mercado de carbono. Créditos: Freepik 

O caminho mais fácil para investir em crédito de carbono é buscar instrumentos financeiros relacionados aos contratos de compra e venda. Esses produtos simplificam o processo com soluções que já são adotadas para outros ativos.

Fundos de investimentos

Os fundos de investimento possibilitam a aplicação sem o conhecimento profundo sobre o mercado de carbono. Afinal, nesse modelo, os recursos são geridos por profissionais, que tomarão as decisões sobre a estratégia e seus ajustes ao longo do tempo.

Fundos mútuos

Os fundos mais acessíveis para o investidor comum são os mútuos. que são veículos de investimento que agregam o capital de múltiplos investidores para comprar uma variedade de títulos, como ações, títulos de dívida, ou outros ativos financeiros. Fundos mútuos são negociados fora da bolsa de valores, sendo uma forma de captação de recursos e investimento coletivo.

A gestão dos fundos mútuos é realizada por gestores profissionais, que tomam decisões de investimento com o objetivo de alcançar os objetivos específicos do fundo.

Exchange traded funds (ETFs)

Os ETFs são fundos de investimento negociados em bolsas de valores, como ações. Eles combinam características de fundos mútuos com a flexibilidade de negociação de ações. No Brasil, geralmente eles tentam refletir índices de mercado, como o ECOO11, que reflete o desempenho do índice de carbono eficiente (ICO2). Assim, existe o investimento indireto ao se aplicar em empresas que participam do mercado de carbono.

No exterior, o mercado de ETFs é mais diversificado. É possível encontrar fundos que atuam diretamente com investimentos alternativos, comprando contratos de crédito de carbono à vista ou futuros, por exemplo.

Certificado de operação estruturada (COE)

O Certificado de Operação Estruturada (COE) é um instrumento financeiro lastreado em um pacote de ativos com diferentes características. Assim, são bastante flexíveis para criar títulos de investimentos.

Os contratos de crédito de carbono podem integrar esses conjuntos de ativos. Isso permite condições diferenciadas: um investimento de renda fixa que, nas altas do mercado de carbono, oferece rendimentos extras para os investidores, por exemplo. Vale destacar que não recomendamos a exposição em COEs, dada a iliquidez absoluta da classe.

Tokens de créditos de carbono

A tokenização é um processo em que, a partir das blockchains, um bem físico ou virtual recebe um registro digital único. Assim, sua propriedade pode ser negociada, transmitindo direitos aos portadores.

Essa solução pode ser usada para investimento em crédito de carbono. Por meio de uma exchange ou corretora de valores, o investidor poderia adquirir as participações nos créditos ou em ativos relacionados a eles, com diferentes tipos de rentabilidade.

É possível investir em crédito de carbono na B3?

A B3 anunciou uma parceria com a AirCarbon (ACX) para criar uma plataforma brasileira de negociação de crédito de carbono. Com o ambiente virtual, o investidor nacional terá acesso facilitado à compra e venda nesse mercado de sustentabilidade.

Objetivo da parceria

Criar um mercado robusto e eficiente para a negociação de créditos de carbono no Brasil. Essa colaboração combina a infraestrutura e a experiência da B3, a bolsa de valores oficial do Brasil, com a tecnologia e a especialização em mercados de carbono da AirCarbon Exchange, um dos principais ambientes internacionais de negociação de crédito de carbono.

Essa parceria permitirá que o ambiente virtual da B3 esteja conectado ao livro global de ordens de compra e venda.

Como resultado, as ordens de compra e venda utilizarão ativos certificados por entidades especializadas. Vendedores terão mais facilidade para comprovar a validade de seus créditos de carbono, assegurando a segurança para os compradores.

A inovação também estimula o surgimento de títulos de investimento, criação de índices, surgimento de fundos de investimento e outros movimentos no mercado de valores.  O lançamento está previsto para o 1º trimestre de 2024.

Índice de sustentabilidade

O investidor, no entanto, já pode realizar aplicações no segmento de sustentabilidade por meio dos índices temáticos da B3. Um exemplo é o ICO2 B3, que reúne ações de empresas comprometidas com a neutralização das emissões de carbono. Outro caso é o ISE B3, que considera as ações conforme a sustentabilidade empresarial.

No mercado de valores, também existem oportunidades de aplicações em green bonds. Esses títulos captam recursos para projetos, atividades ou organizações ligadas à sustentabilidade ambiental.

Em resumo, a bolsa de valores brasileira apresenta uma gama de opções para o investidor. Por isso, é importante contar com informações confiáveis e independentes para garimpar oportunidades e alcançar uma rentabilidade mais expressiva no mercado.

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A bolsa de valores é um ambiente de negócios com diversas oportunidades, que está se expandindo para o setor de crédito de carbono. Ao ter embasamento na sua estratégia, você pode extrair o melhor desse mercado e potencializar os seus ganhos.

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