Conheça os riscos de investir em criptomoedas

As criptomoedas já fazem parte de inúmeras carteiras de investidores brasileiros. Entenda quais são os riscos de investir em criptomoedas.

Nord Research 27/06/2023 21:44 10 min
Conheça os riscos de investir em criptomoedas

No Brasil, quase 2 milhões de brasileiros declararam investir em criptomoedas, segundo dados da Receita Federal. Essas moedas digitais que surgiram no início do século 21, ganharam popularidade nos últimos anos por oferecerem um alto potencial de lucro e serem uma alternativa para diversificar a carteira. Mas, como qualquer ativo, existem alguns riscos de investir em criptomoedas.

Para fazer investimentos de maneira correta, vale a pena entender melhor o que são as criptomoedas e quais são as vantagens das moedas digitais. Em seguida, confira quais são os riscos envolvidos nesse tipo de investimento e se eles são compatíveis com os seus objetivos financeiros.

Sumário

O que são criptomoedas?

Criptomoedas são moedas digitais ou virtuais que utilizam criptografia para fins de segurança, dificultando a falsificação ou gasto duplo. Elas operam dentro de uma tecnologia chamada blockchain, que é um livro-razão formado por uma rede de computadores ou “nós”.

Diferentemente das moedas tradicionais, as criptomoedas não são emitidas ou regulamentadas por nenhuma autoridade central, tornando-as imunes à manipulação ou interferência do governo. Além disso, o seu sistema financeiro permite transações seguras ponto a ponto sem a necessidade de intermediários como bancos e outras instituições.

História das criptomoedas

A palavra “criptomoeda” é o resultado da junção dos termos “criptografia” e “moeda”. A sua história remonta ao início do século 21, quando o conceito de moedas digitais criadas à base de criptografia começou a ganhar força.

O Bitcoin, a primeira e mais conhecida criptomoeda, foi criada em 2009 por um indivíduo ou grupo de indivíduos usando o pseudônimo de Satoshi Nakamoto. A sua criação foi inspirada na crise financeira de 2008, que destacou a necessidade de uma alternativa ao sistema bancário tradicional.

A partir daí começaram a surgir outras moedas digitais, como a Ethereum proposta pelo programador Vitalik Buterin em 2013 e lançada em 2015. Através dela, também foi introduzido o conceito de contratos inteligentes, autoexecutáveis com termos escritos diretamente no código.

A ascensão do Bitcoin e do Ethereum abriu caminho para milhares de criptomoedas alternativas, conhecidas como “Altcoins” alguns exemplos delas são:

  • Litecoin;
  • Ripple (XRP);
  • Cardano;
  • Polkadot;
  • Chainlink.

Essas altcoins geralmente se baseiam nas inovações de seus predecessores, ao mesmo tempo em que introduzem novos recursos ou se concentram em nichos específicos no universo das criptomoedas.

Como as criptomoedas funcionam?

As criptomoedas funcionam através de uma tecnologia conhecida como blockchain. Esse livro-razão público é usado para registrar todas as transações realizadas e as moedas digitais mantidas pelo usuário.

As unidades de criptomoedas são criadas por meio de um processo chamado mineração, que envolve o uso de computadores para resolver problemas matemáticos complicados que geram as moedas. Mas os usuários também podem comprar as moedas dos corretores, armazenar e gastar usando carteiras criptográficas.

As criptomoedas funcionam como moedas digitais e são negociadas em plataformas específicas.

Então, os usuários que possuem criptomoedas não têm nada tangível, apenas uma chave que permite mover um registro ou unidade de medida de uma pessoa para outra sem a interferência de bancos ou instituições financeiras.

Embora as moedas digitais existam desde 2009, as criptomoedas e aplicações da tecnologia blockchain ainda estão surgindo em termos financeiros, e mais usos são esperados no futuro. Transações incluindo títulos, ações e outros ativos podem eventualmente ser negociados usando essa tecnologia.

Volatilidade das criptomoedas

O valor das criptomoedas é afetado pelas mesmas coisas que influenciam o preço de outros ativos, como a oferta e demanda, o sentimento do mercado, cobertura da mídia e assim por diante. A diferença é que o tamanho relativamente pequeno do mercado de criptomoedas e a falta de liquidez podem tornar essas oscilações mais drásticas.

Acompanhe abaixo algumas das principais causas da volatilidade das criptomoedas e como elas ocorrem:

Notícias

Os preços das criptomoedas podem mudar quando é feito um anúncio que afeta drasticamente o funcionamento do ativo e/ou se uma nova empresa começa a aceitar moedas digitais para pagamentos. Quando Elon Musk anunciou que a Tesla começaria a aceitar Bitcoin como pagamento em março de 2021, por exemplo, houve um aumento inicial na demanda e no valor da criptomoeda.

Baleias

No mercado de criptomoedas, o termo “Baleias” é usado para se referir aos indivíduos que controlam grandes quantidades de moedas e fichas. Em outubro de 2021, 49% de todo o Bitcoin estava nas mãos de baleias e, em 2019, o Bloomberg informou que 376 pessoas possuíam um terço de todo o Ethereum.

Essas  grandes concentrações de criptomoedas, muitas vezes difíceis de rastrear, podem permitir a manipulação do mercado e impedir que os preços subam além de certo limite. Afinal, o aumento drástico do preço pode fazer com que as baleias vendam enormes quantidades de suas propriedades.

Fatores externos

O valor das criptomoedas, como o Bitcoin, também é afetado por fatores externos. O aumento dos custos de energia impacta diretamente a atividade de mineração e pode levar a uma redução do número de pessoas que criam novas moedas digitais.

Para ter uma ideia mais clara do impacto de fatores externos no preço das criptomoedas, um anúncio do Banco Popular da China em 2021 resultou em uma queda de 3,65% no valor do Bitcoin.

Impacto das flutuações de preço

A negociação de criptomoedas é complexa e envolve riscos significativos. Assim como explicamos acima, os preços das moedas digitais podem flutuar drasticamente devido a uma série de fatores.

Devido a possibilidade de perdas substanciais de valor em um curto espaço de tempo, a criptomoeda é considerada um investimento de alto risco e indicada apenas para alguns investidores.

Por conta disso, antes de investir, é essencial que você entenda os riscos envolvidos e considere a sua própria capacidade de suportar perdas como investidor.

Por que as pessoas investem em criptomoedas?

As criptomoedas ganharam popularidade entre os investidores em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, o número de investidores que compraram moedas digitais saiu de 2% para 3% entre 2021 e 2022, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Embora a facilidade de movimentar esses ativos sem qualquer envolvimento de bancos e outras instituições financeiras tenha estimulado esse crescimento, outros fatores também contribuem para o aumento do interesse de investidores em moedas digitais, como:

Potencial de lucro

Todas as criptomoedas têm algumas coisas em comum, sendo a volatilidade de seus valores a principal delas. Os preços são impulsionados principalmente pela oferta de moedas produzida pelos mineradores e pela demanda por elas pelos compradores.

É nessa dinâmica de oferta e demanda que os investidores podem obter grandes retornos com a aquisição de criptomoedas. O preço do Ethereum, por exemplo, subiu 42,57% de dezembro de 2022 até junho de 2023.

Diversificação de portfólio

As criptomoedas podem contribuir para a diversificação de portfólios formados por ativos tradicionais. Isso ocorre porque, teoricamente, os mercados de moedas digitais funcionam independentemente de outros mercados e a sua volatilidade de preço tende a ser determinada por fatores diferentes daqueles que afetam ações, títulos e commodities.

Ao combinar ativos com correlação mínima de preços, como ações e moedas digitais, você pode gerar retornos mais estáveis. Afinal, se a sua carteira de ações cair, o preço das suas criptomoedas pode subir e vice-versa.

Anonimato

Não é preciso abrir conta em uma instituição financeira para fazer transações com criptomoedas. Todas as movimentações são anônimas, a única forma de identificação usada no blockchain é o endereço da sua carteira, que não inclui nenhuma informação específica sobre você.

Além do endereço específico para acessar as transações da sua carteira, existem outras maneiras de aumentar a segurança e resguardar essas informações. Muitas moedas, inclusive, se concentram na privacidade para aprimorar o anonimato da criptomoeda.

Quais são os riscos de investir em criptomoedas?

Apesar de parecer uma ótima forma de obter bons rendimentos e garantir a diversificação do portfólio, existem diversos riscos de investir em criptomoedas que você precisa conhecer antes de ingressar no mercado das moedas digitais.

A volatilidade é um dos maiores riscos de investir em criptomoedas. 

Desde a criação das criptomoedas, houveram incidentes significativos envolvendo o roubo e trocas de carteiras pessoais. O hacking continua sendo uma ameaça constante quando as moedas não são armazenadas e protegidas corretamente.

Para piorar, os investidores não podem recuperar ativos perdidos ou roubados, não é possível corrigir transações equivocadas e as criptomoedas não possuem salvaguardas ou seguros oficiais.

Por conta disso, é essencial que investidores de criptomoedas adotem algumas medidas de segurança para evitar a perda do seu patrimônio. Entre elas, usar carteiras digitais seguras e autenticação de dois fatores para armazenar e movimentar as moedas digitais.

Além da questão da segurança das carteiras, outros riscos de investir em criptomoedas são:

  • Volatilidade extrema: mudanças inesperadas no mercado podem levar a movimentos bruscos e repentinos nos preços das criptomoedas. Não é incomum que o valor de uma moeda digital caia ou suba rapidamente em curtos períodos;
  • Falta de regulamentação: o status regulatório de algumas criptomoedas ainda não está claro, com muitos governos tentando regular esses ativos como valores mobiliários, moedas ou ambos. Nesses casos, a repressão regulatória das moedas pode dificultar a venda de criptomoedas ou causar uma queda de preço em todo o mercado;
  • Risco de fraude e hacking: não existe uma maneira perfeita de evitar falhas técnicas ou erro humano ou hacking;
  • Risco de perda total: muitos investidores dependem de carteiras digitais e outras plataformas custodiantes para armazenar suas criptomoedas. Qualquer ataque cibernético a qualquer um deles pode resultar na perda de todo o investimento.

Regulação e Riscos Legais

Mais de uma década após o surgimento das criptomoedas e a sua regulação ainda não foi estabelecida. Diversos governos e autoridades trabalham em torno de sua regulação e inserção desses ativos nos sistemas monetários, mas a sua regulação está longe de ser unânime.

Enquanto economias como a dos Estados Unidos, Austrália e países da Europa estudam maneiras de inserir as criptomoedas em seus sistemas financeiros e de pagamentos, nações como a China estabelecem fortes barreiras para utilização das moedas digitais.

O problema é que, entre outros fatores, a ausência de uma regulamentação padrão pode provocar a volatilidade dos preços das criptomoedas, causar instabilidade no mercado financeiro e até afetar a economia como um todo.

Riscos legais

Alguns países, como Japão e Suíça, alteraram ou introduziram novas legislações que cobrem criptomoedas e seus provedores de serviços. Enquanto isso, nações como União Europeia, Estados Unidos, Emirados Árabes e Reino Unido estão em fase de elaboração.

Todos eles adotaram abordagens muito diferentes para a política regulatória das criptomoedas: em um extremo, as autoridades proibiram a emissão ou posse de ativos criptográficos por residentes ou de usá-los para determinados fins; no outro, alguns países têm sido mais receptivos e até buscado atrair empresas para desenvolver mercados mais ativos.

Diante desse cenário de constante mudança e dos riscos de investir em criptomoedas sem ter uma noção sobre a regulação do país para esse tipo de ativo, é importante conhecer e cumprir as leis e buscar aconselhamento jurídico adequado antes de realizar o seu investimento.

Regulação de criptomoedas no Brasil

No Brasil, por exemplo, a Lei das Criptomoedas passa a considerar o ativo virtual como uma representação digital de valor que pode ser negociada ou transferida através de meios eletrônicos e usada para a realização de pagamentos ou investimentos.

Além disso, determina que as empresas ligadas a criptomoedas deverão compartilhar o maior número de informações com os órgãos governamentais e precisarão de uma autorização para exercer as atividades no país.

Conclusão

Ter criptomoedas na carteira de investimentos é uma opção atraente para quem busca por diversificação e lucros mais altos. Mas é importante estar ciente dos riscos de investir em criptomoedas antes de aplicar o seu capital em moedas digitais.

Com a ajuda deste guia, você aprendeu que esses investimentos estão suscetíveis a fraudes ocasionadas por ataques de hacking e por não terem fundos garantidores, as chances de recuperar o investimento, em situações assim, são baixas. Ademais, possuem uma alta volatilidade de preços, exigindo um acompanhamento de mercado constante.

Isso indica que as criptomoedas, apesar de serem lucrativas, são um investimento de alto risco. Portanto, antes de investir seu dinheiro nelas, recomendamos que você faça uma análise cuidadosa sobre os seus objetivos financeiros e nível de tolerância aos riscos. Também busque estudar esse tipo de ativo e acompanhar as tendências atualizadas desse mercado.

Com essas informações em mãos, você conseguirá tomar decisões de investimentos mais conscientes e coerentes com seus objetivos. Também acompanhe o blog e canal do YouTube da Nord Research para saber mais sobre as criptomoedas e investimentos de renda fixa e variável.

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