Como funciona o Impeachment no Brasil: Processo, etapas, exemplos e impactos

Entenda o que é o impeachment, como funciona o processo de impeachment no Brasil, todas as etapas envolvidas, os principais exemplos na história brasileira e as consequências políticas, jurídicas e sociais desse mecanismo constitucional

Nord Research 10/09/2024 10:53 6 min
Como funciona o Impeachment no Brasil: Processo, etapas, exemplos e impactos

O impeachment é um dos processos políticos e jurídicos mais importantes de uma democracia, pois permite a destituição de uma autoridade pública, como o presidente da república, governadores ou prefeitos, em casos de crimes de responsabilidade. No Brasil, o impeachment está previsto na Constituição Federal de 1988 e é regulamentado pela Lei 1.079/1950. Este artigo busca detalhar o que é o impeachment, como ele funciona, as etapas envolvidas no processo, exemplos históricos relevantes, e seus impactos na política e na sociedade.

O que é o impeachment?

Impeachment é um processo político-jurídico que tem como objetivo afastar um governante ou outra autoridade pública que tenha cometido atos considerados crimes de responsabilidade. Os crimes de responsabilidade são definidos por atos que violam a Constituição, como desvio de verbas, corrupção, abuso de poder, entre outros. 

Qual sua importância na democracia?

A importância do impeachment em uma democracia reside no fato de ser um instrumento que visa garantir a responsabilidade política dos governantes, prevenindo abusos e garantindo que os líderes eleitos atuem em conformidade com a lei e em benefício do interesse público.

Fundamentação jurídica do impeachment no Brasil

O impeachment é um processo previsto no artigo 85 da Constituição Federal de 1988, que especifica os crimes de responsabilidade do presidente da república. A Lei 1.079/1950, conhecida como Lei do Impeachment, detalha os procedimentos e os crimes de responsabilidade que podem levar à destituição de uma autoridade. No Brasil, o impeachment não é apenas um processo jurídico, mas também um processo político, pois envolve decisões de órgãos legislativos como a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.

Como se inicia o processo de impeachment?

O processo de impeachment pode ser iniciado por qualquer cidadão, que apresenta uma denúncia à Câmara dos Deputados. Essa denúncia precisa ser fundamentada e conter provas que justifiquem a acusação de crime de responsabilidade. Após o recebimento da denúncia, o presidente da Câmara dos Deputados tem o poder de aceitar ou rejeitar a acusação. Se aceita, a denúncia é encaminhada para uma Comissão Especial que analisará o caso.

Quais as fases do processo de impeachment?

  • Apresentação da Denúncia: Qualquer cidadão pode apresentar uma denúncia por escrito à Câmara dos Deputados, acusando o presidente, governador ou prefeito de crimes de responsabilidade.
  • Aceitação da Denúncia: O presidente da Câmara dos Deputados decide se aceita ou não a denúncia. Caso aceite, é criada uma Comissão Especial para analisar o pedido.
  • Comissão Especial: A Comissão Especial, formada por deputados, analisa a denúncia e elabora um parecer indicando se há ou não motivos para a abertura do processo. Esse parecer é votado pelo plenário da Câmara dos Deputados.
  • Votação na Câmara dos Deputados: Para que o processo prossiga, é necessário o voto favorável de dois terços dos deputados federais (342 de 513). Se aprovado, o presidente da república é afastado temporariamente de suas funções por até 180 dias.
  • Envio ao Senado Federal: O processo é encaminhado ao Senado Federal, que assume o papel de tribunal de julgamento. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) preside o julgamento no Senado.
  • Sessão de Julgamento: O Senado Federal realiza uma sessão de julgamento na qual os senadores ouvem testemunhas, analisam provas e, ao final, votam para condenar ou absolver o presidente.
  • Decisão Final: Para que haja condenação e o afastamento definitivo do cargo, é necessário o voto de dois terços dos senadores (54 de 81). Em caso de condenação, o presidente perde o mandato e fica inelegível por oito anos.

Consequências do impeachment

As consequências de um impeachment vão além do afastamento da autoridade envolvida. O governante que é condenado em um processo de impeachment perde o cargo e seus direitos políticos por oito anos. Além disso, pode responder judicialmente por atos ilícitos praticados durante o mandato. No âmbito político, o impeachment pode gerar instabilidade, afetando a confiança nas instituições e na democracia, além de provocar divisões sociais.

Histórico de impeachments no Brasil: Collor e Dilma Rousseff

Na história do Brasil, dois presidentes foram afastados por meio do processo de impeachment: Fernando Collor de Mello, em 1992, e Dilma Rousseff, em 2016.

  • Fernando Collor (1992): Collor foi acusado de corrupção passiva e outros crimes de responsabilidade. O processo de impeachment começou após denúncias de seu irmão Pedro Collor, que culminaram em uma investigação parlamentar. Mesmo antes do término do processo no Senado, Collor renunciou, mas foi considerado culpado e perdeu seus direitos políticos por oito anos.
  • Dilma Rousseff (2016): A presidente Dilma Rousseff foi acusada de "pedaladas fiscais", uma manobra contábil que consistia no atraso de repasses a bancos públicos para melhorar artificialmente as contas do governo. O processo de impeachment de Dilma gerou intensa polarização política e foi aprovado pelo Senado, levando à sua destituição e inelegibilidade.

Outros casos de impeachment no mundo

O processo de impeachment não é exclusividade do Brasil; muitos países democráticos possuem mecanismos semelhantes. Nos Estados Unidos, por exemplo, os presidentes Richard Nixon (que renunciou antes do impeachment), Bill Clinton e Donald Trump enfrentaram processos de impeachment. No entanto, tanto Clinton quanto Trump foram absolvidos pelo Senado. O impeachment é um mecanismo crucial de controle e responsabilidade governamental, mas cada país tem suas particularidades legislativas e políticas para a execução desse processo.

Impeachment vs. outros processos de afastamento

Embora o impeachment seja um processo conhecido e frequentemente debatido, existem outros mecanismos de afastamento de autoridades públicas. Entre eles estão a renúncia, a cassação de mandato por decisão judicial, e a intervenção federal. A principal diferença é que o impeachment envolve um julgamento político, onde o Congresso Nacional ou outro órgão legislativo julga crimes de responsabilidade, enquanto os outros mecanismos geralmente envolvem decisões judiciais e administrativas.

Impacto do impeachment na sociedade e na política brasileira

O impeachment tem um impacto profundo na sociedade e na política. Ele pode ser um instrumento necessário para a manutenção da ordem democrática, mas também pode levar a divisões sociais, instabilidade política e crises econômicas. A cobertura midiática, a opinião pública e as mobilizações sociais desempenham papéis cruciais no processo de impeachment, influenciando diretamente os desdobramentos políticos e as decisões dos legisladores.

Considerações finais sobre o processo de impeachment no Brasil

O processo de impeachment é complexo e envolve múltiplos aspectos políticos, jurídicos e sociais. Embora seja um mecanismo essencial para a manutenção da democracia e da responsabilidade política, sua aplicação deve ser criteriosa para evitar instabilidades desnecessárias. O entendimento detalhado desse processo é fundamental para o fortalecimento das instituições democráticas e para garantir que os governantes atuem sempre em prol do interesse público.

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