Com reforma tributária, empresas podem pagar bilhões em dividendos antecipados
Com a demora no avanço da reforma tributária em Brasília, o governo federal pode optar por acelerar a legislação sobre a tributação de dividendos e eliminar os pagamentos de juros sobre capital próprio (JCP).
Diante desse cenário, empresas de capital aberto podem anunciar o pagamento de dividendos extraordinários nos próximos meses.
Na análise do BTG Pactual, cerca de 120 companhias sob cobertura do banco analisaram distribuir R$ 508 bilhões em dividendos extraordinários, um rendimento médio de 18%, com destaque para setores de papel e celulose, serviços públicos, construção, petróleo e mineração.
No entanto, o banco ressalta que para alcançar esse potencial, muitas das empresas teriam que aumentar sua alavancagem para patamares considerados insustentáveis no cenário atual.
A redução de capital pode ser um caminho possível para empresas que não tiveram lucros acumulados em seus balanços recentes e desejam garantir dividendos antecipados aos acionistas.
Reforma tributária
O relator do Grupo de Trabalho da Reforma Tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), disse ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que a votação da reforma tributária no Plenário está prevista para a primeira semana de julho.
O coordenador do GT, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), acredita que se a Emenda à Constituição (PEC), que tramita no Congresso, for aprovada neste ano, a regulamentação poderia ser feita em 2024 para valer a partir de 2025.
Qual é o impacto dessa possível mudança na forma de tributação das empresas para os investidores?
A nosso ver, o fim do JCP, isoladamente, geraria um impacto negativo no resultado das empresas (pois elas passariam a pagar mais impostos). Bancos, por exemplo, seriam afetados, pois utilizam bastante o JCP.
Apesar do futuro incerto, dado que traz um potencial impacto negativo sobre as empresas que usam desse mecanismo, ainda é cedo para tirar conclusões sobre o impacto no resultado ou até tomar decisões de investimento com base nas informações presentes.
Afinal, pode também ser discutida uma mudança na carga tributária das empresas, por isso é prudente esperar e acompanhar para ter uma maior clareza dos possíveis impactos.
Janela de oportunidade
Ponderando esse cenário, vemos que o momento é favorável para o investidor que busca gerar renda passiva investindo em ações de empresas que pagam dividendos.
Para surfar a onda de distribuição de dividendos até o fim do ano, preferimos empresas que já são mais consolidadas, previsíveis e com consistência no histórico dos seus resultados — fazendo sentido investir o seu dinheiro.
Onde investir?
A Isa Cteep (TRPL4) pode ser uma das candidatas à antecipação de dividendos mencionada acima e é uma das nossas preferidas no setor de utilidade pública.
No 1T23, a companhia reportou resultados sólidos, com crescimento de margens e do resultado operacional. A receita líquida atingiu R$ 891 milhões, um aumento de 24% frente ao 1T22, influenciada pelo reajuste do ciclo tarifário 2022/2023 e energização de projetos greenfield e Reforços e Melhorias.
O EBITDA totalizou R$ 739 milhões (+38,9% a/a), com margem EBITDA de 82,9%, ficando +8,5 p.p. a/a.
Com um melhor resultado de equivalência patrimonial e pior resultado tributário, o lucro líquido no 1T23 foi de R$ 306 milhões (+172% a/a).
A alavancagem financeira segue em uma trajetória de queda, ficando em um bom patamar de 2,74x DL/EBITDA. De forma geral, gostamos dos resultados.
Seguimos comprados em TRPL4. Acesse a carteira completa de ações com foco em dividendos.