Com 123Milhas em RJ, CVCB3 vai surfar a “crise do turismo?”
As ações de CVC (CVCB3) têm apresentado fortes altas no mercado devido aos ânimos dos investidores com a tradicional agência de turismo em relação aos incumbentes com problemas financeiros.
A ação da agência de turismo sobe pelo segundo dia consecutivo e é a maior alta do Ibovespa nesta quarta-feira, 30. Às 15h54, os papéis CVCB3 subiam +14,96%, cotados a R$ 2,69.
Por que as ações da CVC estão subindo hoje?
Desde o escândalo com a Hurb e a ausência de possibilidades de oferecer pacotes que foram pagos antes da alta dos preços nos combustíveis e, por consequência, nas passagens aéreas, o mercado de turismo passa por uma “crise de confiança”.
Mais recentemente, as competidoras de CVC, a 123 Milhas, site de passagens promocionais, anunciou seu pedido de recuperação judicial, e a HotMilhas, que atua na negociação entre pessoas físicas no mercado de milhas, anunciou a parada temporária de suas negociações.
O resultado? Forte especulação na gigante tradicional do mercado (CVC), que segundo analistas pode se beneficiar da competição mais frágil.
CVCB3 vale a pena?
A companhia tem passado por altos e baixos desde muito antes da pandemia: (i) o derramamento de óleo no Nordeste (60% do destino turístico na época) prejudicou as vendas da companhia; (ii) uma das maiores parceiras comerciais de CVC, a Avianca Brasil, encerrou operações no país; (iii) por fim, a pandemia reduziu drasticamente as vendas de pacotes de viagens com o custo da companhia elevado em função das agências físicas.
Desde então, a CVC tem focado em ajustar sua estrutura de capital diante dos resultados ruins, com sucessivas emissões desde 2020. As precificações foram boas nos anos de 2020 e 2021, mas entre 2022 e 2023, a companhia fez emissões que só diluíram o acionista e não foram suficientes para reduzir seu endividamento.
Com o movimento atual, a CVC pode se beneficiar da retomada do fluxo de viagens, mas nosso maior questionamento envolve as pessoas que foram lesadas com os pacotes perdidos nas demais companhias e o tempo de retorno ao mercado de turismo e se, de fato, será a CVC a companhia capaz de absorver a demanda reprimida.
Com as sucessivas subscrições, os múltiplos da companhia com emissão e posterior uso dos recursos, além do histórico de prejuízo, não nos permitem avaliar a companhia por múltiplos, mas mantemos nossa recomendação de ficar de fora das ações de CVC diante de um mercado bastante instável e histórico da companhia, que se mostrou mais lenta no processo de digitalização mesmo com um mercado mais propício.
Recomendamos bastante cautela ao investidor pessoa física, principalmente nos momentos de fortes altas das ações em que investidor pode se encontrar em uma posição de ganância, com receio de ficar de fora de algo que pode ser “fácil porque só sobe”.
A empresa fundamentalmente não está saudável e temos bastante dúvida em relação à sua execução em meio a um mercado turbulento de turismo, por isso recomendamos que fiquem de fora das ações de CVC.