CIEL3 será deslistada da B3. O que fazer com as ações?
Com uma longa história em adquirência, a Cielo (CIEL3) passou por grandes transformações nos últimos anos.
Após mudanças regulatórias, a partir de 2014, o mercado de meios de pagamentos sofreu uma grande revolução, devido à chegada de novas tecnologias e novos concorrentes, o que deu início ao processo de comoditização das maquininhas.
A altíssima competição do setor pressionou a base de clientes da Cielo e iniciou uma guerra de preços, o que, consequentemente, derrubou a rentabilidade do negócio.
Com a nova dinâmica do mercado e os resultados pressionados, a companhia iniciou o seu processo de reestruturação, buscando linhas de negócios mais rentáveis, como a antecipação de recebíveis e a originação de crédito.
Mesmo com os avanços na reestruturação e recuperação dos resultados nos últimos anos, a perspectiva de recuperar o patamar de resultados do passado é baixa.
Ao longo do tempo, ficou claro que os dois controladores da companhia, Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3), não tinham interesse na estratégia de expansão e novos negócios da Cielo. O conflito entre as novas linhas de negócios e os controladores engessam a empresa de adquirência e prejudica sua capacidade de recuperar a lucratividade.
Agora que você entendeu as razões por trás do fechamento de capital (OPA) da Cielo, é importante entender os resultados do 1T24, que podem indicar uma provável nova perda de participação de mercado.
Principais destaques do 1T24
A Cielo (CIEL3) apresentou resultados abaixo do esperado pelo mercado, com uma receita líquida de R$ 2,5 bilhões no 1T24, estável na comparação anual (-0,3%), um Ebitda de R$ 747 milhões, -24,9% de baixa, e um lucro líquido de R$ 503,1 milhões, +14,1% maior em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os destaques do trimestre foram o forte crescimento do lucro da companhia, recorde desde o 1T19, devido ao resultado financeiro recorde e aos efeitos pontuais que serão abordados ao longo do texto.
A receita líquida estável foi impulsionada pelos bons resultados da Cateno, que teve um crescimento de +4,8% na receita devido ao aumento de pagamentos transacionados em cartão de crédito. O crescimento na unidade compensa a queda na receita na Cielo Brasil (-3,4%), que concentra os resultados das empresas Cielo, Stelo, Aliança, Servinet e FIDCs.
O Ebitda atingiu R$746,7 milhões devido ao aumento dos custos e despesas com o programa de transformação da companhia e expansão da força comercial (despesas operacionais), enquanto a margem Ebitda ficou em 29,1%, ante 38,7% no primeiro trimestre de 2023.
Como já mencionado, a melhoria no resultado financeiro da Cielo foi consequência da melhoria na estrutura de dívidas e, combinada com a queda dos juros, beneficiou a companhia.
Outro fator relevante foram os benefícios fiscais decorrentes do pagamento extraordinário de JCP, o que permitiu um lucro líquido crescente e recorde.
Esse ponto é importante porque sem isso, o lucro seria muito menor.
Cielo dividendos
A Cielo vai distribuir, nesta terça-feira, 30/04, R$ 410 milhões aos detentores de ações em 15 de março. O montante total equivale a R$ 0,15198153370 por ação (CIEL3). O valor será pago com base na posição acionária de 15 de março.
Operação para tirar Cielo da Bolsa
Os acionistas majoritários Banco do Brasil e o Bradesco avançaram em uma nova proposta para fechar o capital da Cielo.
A potencial transação foi anunciada em fevereiro, mas o valor inicial da oferta pública de aquisição (OPA), de R$ 5,35 por ação, não agradou, o que representava um prêmio de apenas 6% naquele momento.
O preço final ficou em R$ 5,60 — próximo ao preço de tela atual de CIEL3, com correção do CDI até o dia da oferta.
Mesmo que alguns acionistas, como Luiz Barsi, estejam insatisfeitos, o valor parece justo, uma vez que as ações negociam em linha com a média dos últimos anos (8x lucros).
Vale a pena participar da OPA?
Embora as ações da Cielo tenham se valorizado nos últimos dias, chegando perto do valor da oferta final, não acreditamos que vale a pena participar da OPA.
A OPA deve ser finalizada em meados de agosto. Sendo assim, sugerimos que as posições em CIEL3 sejam desmontadas de forma gradual e próxima ao valor ofertado de R$ 5,60.
O nosso objetivo é ajudar você a tomar decisões mais adequadas e embasadas.
Se você tiver qualquer dúvida, entre em contato com a gente.
OPA Cielo
O leilão da oferta pública de aquisição (OPA) da Cielo terminou com a aquisição, pelas ofertantes, de 736.857.044 de ações ON de emissão da companhia, que representam 27,1% do seu capital social.
As ações foram adquiridas pelo preço unitário de R$ 5,82, totalizando R$ 4.288.507.996,08. A liquidação do leilão ocorrerá na 6ªF (16). Considerando a aquisição realizada no leilão, as ofertantes passarão a deter, em conjunto, 93,4% do capital social da Cielo.
As ações da Cielo deixam de ser negociadas no Novo Mercado a partir do dia 15/08/2024, passando a ser negociadas no segmento Básico, informou mais cedo a B3. Segundo a Cielo, os acionistas que não alienaram as suas ações durante o leilão e desejarem vendê-las às ofertantes poderão fazer isso por meio de negociações na B3, até a data da efetiva conversão de registro da companhia ou durante o período de três meses seguintes ao leilão, ou seja, até 14 de novembro.