Cielo (CIEL3) lucra R$ 503,1 mi no 1T24, alta anual de +14,1%
O lucro líquido foi impulsionado pela melhora do resultado financeiro, custos normalizados e maior eficiência tributária
A Cielo (CIEL3) apresentou resultados abaixo do esperado pelo mercado, com uma receita líquida de R$ 2,5 bilhões no 1T24, estável na comparação anual (-0,3%), Ebitda de R$ 747 milhões, -24,9% de baixa e um lucro líquido de R$ 503,1 milhões, +14,1% maior em relação ao mesmo período do ano anterior.
Outros destaques
Os destaques do trimestre foram o forte crescimento do lucro da companhia, recorde desde o 1T19, devido ao resultado financeiro recorde e aos efeitos pontuais que serão abordados ao longo do texto.
A receita líquida estável foi impulsionada pelos bons resultados da Cateno, que teve um crescimento de +4,8% na receita com o aumento de pagamentos transacionados em cartão de crédito. O crescimento na unidade compensou a queda de receita na Cielo Brasil (-3,4%), onde se concentram os resultados das empresas Cielo, Stelo, Aliança, Servinet e FIDCs.
O Ebitda atingiu R$746,7 milhões devido ao aumento dos custos e despesas para o programa de transformação da companhia e expansão da força comercial (despesas operacionais), enquanto a margem Ebitda ficou em 29,1%, ante 38,7% no primeiro trimestre de 2023.
Conforme mencionado anteriormente, a melhora no resultado financeiro da companhia em função da melhoria na estrutura de dívida e combinada à queda dos juros, beneficiou a companhia.
Outro ponto de grande relevância foram os benefícios fiscais decorrentes do pagamento extraordinário de JCP, o que permitiu um lucro líquido crescente e recorde.
Esse ponto é relevante, uma vez que o lucro seria significativamente menor sem esses efeitos pontuais.
Cielo sairá da bolsa valendo metade do IPO?
Os acionistas majoritários Banco do Brasil (BBAS3) e o Bradesco (BBDC4) avançaram em uma nova proposta para fechar o capital da Cielo.
A potencial transação foi anunciada em fevereiro, mas o valor inicial da OPA não havia agradado, de R$ 5,35 por ação, o que representava um prêmio de apenas 6% naquele momento.
O preço final ficou em R$ 5,60 por ação — próximo ao preço de tela atual de CIEL3, com correção do CDI até o dia da oferta.
Mesmo que alguns acionistas, como Luiz Barsi, sigam insatisfeitos, o valor parece justo, uma vez que as ações negociam em linha com a média dos últimos anos (8x lucros).
Para nós, não faz sentido ter a posição para capturar apenas o rendimento da renda fixa, que pode ser facilmente obtido em instrumentos convencionais que pagam a correção total do CDI.
Sobre a Cielo
Fundada em 1995, a Cielo atua na prestação de serviços relacionados a cartões de crédito e débito e outros meios de pagamento, incluindo cadastro de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços; aluguel, instalação e manutenção de terminais de ponto de venda; e captura e processamento de dados de transações eletrônicas e manuais.
A Cielo chegou a ter 50% do mercado de adquirência brasileiro e teve um crescimento significativo até que a concorrência chegou — Stone (STOC31), PagSeguro (PAGS34), entre outras.
O lucro atual da Cielo é um pouco maior que no período de seu IPO, no entanto, a empresa vale a metade na bolsa.
A Nord Research não recomenda a compra das ações da Cielo.