C&A (CEAB3) vale a pena depois de subir +218% em 2023?

C&A tem surpreendido o mercado com resultados mais resistentes que seus pares. CEAB3 é a melhor ação entre as varejistas? Descubra

Danielle Lopes 27/11/2023 10:05 5 min Atualizado em: 04/01/2024 11:35
C&A (CEAB3) vale a pena depois de subir +218% em 2023?

O cenário macro se mantém desafiador para as varejistas por conta dos juros ainda elevados e do endividamento e inadimplência das famílias, o que compromete o consumo.

Como se não bastasse, o mês de novembro começou fraco para as empresas desse segmento. De acordo com levantamento da Neotrust, entre os dias 1º e 22 de novembro, o varejo registrou faturamento de R$ 10,81 bilhões, o que representa um recuo de -8,7% sobre o mesmo período do ano passado.

Enquanto o mercado espera por uma melhora de resultados com a Black Friday, notamos uma ação “esquecida” do varejo que já entregou um retorno de +218% no ano.

Estamos falando das ações da C&A (CEAB3). Ainda vale a pena investir no papel?

Por que C&A subiu mais de +200% no ano?

Considerando que os resultados do varejo foram bem desafiadores desde a forte alta dos juros, a C&A tem surpreendido o mercado com resultados mais resistentes que seus pares, com crescimento de receita ao longo dos trimestres, além de forte estimativa de crescimento para o ano de 2023 e 2024.

Histórico anual de receita da C&A.
 Fonte: Bloomberg

A estimativa de receita líquida para 2023 está em R$ 6,5 bilhões e para 2024 em R$ 7,8 bilhões.

Resultados melhores no 3T23

No 3T23, os destaques positivos foram as verticais de vestuário, que apresentaram números acima das expectativas do mercado, crescendo +13% em relação ao 3T22, e ganhos de rentabilidade diante da melhoria dos modelos de distribuição e precificação da companhia.

A companhia foi capaz de vender para uma gama de consumidores mais sensíveis aos preços, vendendo no momento de troca de coleção e tickets mais baixos.

No consolidado, a companhia apresentou crescimento de +9,6% na receita líquida, +18,7% no Ebitda e prejuízo de -R$ 44,2 milhões ante prejuízo de -R$ 61,4 milhões no 3T22.

O papel também negocia com desconto em relação aos pares como Renner (LREN3) e Guararapes (GUAR3), que negociam a 7x Ebitda e 6x Ebitda respectivamente, enquanto C&A (CEAB3) negocia apenas a 4x Ebitda.

A pedra no sapato da C&A

A continuidade do prejuízo da companhia se deu pelo momento ainda de juros altos, que pesa nos juros das dívidas da companhia e eleva o resultado financeiro. Por outro lado, a companhia tem conseguido reduzir seu prejuízo gradualmente. 

Apesar das melhores perspectivas com a Black Friday, imaginamos que a companhia ainda terá um trimestre de prejuízo. 

Na visão do mercado, a Black Friday deverá beneficiar mais os setores com e-commerce em eletrônicos e eletrodomésticos, como Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3).

Quais são os riscos?

A companhia ainda possui metas desafiadoras para 2024, como retomar expansão de lojas, recuperar o patamar de margem bruta e evoluir com C&A Pay, o cartão de crédito digital da empresa.

Além dos objetivos acima, a companhia segue com um mercado desafiador para as vendas, obtendo resultados apenas em redução de ticket médio — o que reduz rentabilidade — e no longo prazo poderá ser uma estratégia ruim para lidar com competidores que possuem custos de produção menores, reduzindo gradualmente os resultados da empresa.

Renner ou C&A: qual é a melhor do setor?

A principal concorrente da C&A é a Lojas Renner (LREN3), líder no segmento de varejo de moda no Brasil.

Inclusive, na carteira Nord 10X, temos recomendação de compra para Renner, e o analista responsável, Rafael Ragazi, reforça os principais pontos positivos da companhia.

No 3T23, conforme prometido, a Renner focou em aumentar sua competitividade com menores preços e mais produtos nas faixas de entrada. O melhor cenário para custos e câmbio permitiu um leve incremento de margem bruta no trimestre.

A companhia está fazendo ajustes em suas operações, buscando melhorar a sua competitividade e preservar as margens; para os próximos trimestres, espera um preço médio estável e crescimento de volume. Para ajudar no crescimento, a Renner vem investindo em reforçar sua marca em todas as mídias.

A gestão do capital de giro foi um dos destaques do terceiro trimestre. A empresa está com estoques equilibrados para o trimestre mais importante do ano, o 4T, e os dados dos últimos três meses indicam uma melhora sequencial nas vendas.

Na financeira do grupo, a companhia tem sido cada vez mais restritiva na concessão de crédito e os dados dos últimos meses também indicam uma melhora na inadimplência à frente. Uma concessão de crédito maior poderia ajudar nas vendas, mas ela considera que não é prudente fazer isso agora.

A empresa também está investindo na expansão/otimização de seu parque de lojas. Até o momento, foram inauguradas 25 novas lojas, a maioria em municípios onde ela não estava presente (que estão performando melhor) e tem trabalhado no fechamento de lojas deficitárias e na remodelação de lojas importantes.

A mensagem passada pela companhia nesta divulgação de resultados foi de que os investimentos e melhorias operacionais realizados nos últimos trimestres foram suficientes e a partir de agora não serão necessários grandes investimentos (nem Capex nem Opex). O que já foi feito vai permitir, de agora em diante, um ciclo de evolução gradual do crescimento, com rentabilidade consistente.

Compre LREN3

Aproximando-se do ponto de inflexão (micro) e negociando a apenas 8x Ebitda, menos da metade do múltiplo médio histórico, a Lojas Renner segue sendo uma boa oportunidade de investimento.

Gráfico comparativo entre C&A e Renner.
 Fonte: Bloomberg

Para todos os investidores, temos disponível o fundo Nord 10X por meio da Nord Asset, indicado para investimentos com facilidade e aportes baixos. Quero conhecer.

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