Casas Bahia (BHIA3) dispara mais de 20%. O que está por trás da alta das ações?
Papéis da Casas Bahia lideram ganhos no setor varejista com alta de 20%, impulsionados por expectativas de redução nos juros

Em dia de alta generalizada no mercado local, as ações do Grupo Casas Bahia (BHIA3) dispararam mais de +20%, cotadas a R$ 9,72.
Além da Casas Bahia, outras empresas do setor varejista também apresentaram ganhos significativos no dia (mas menores que a dona das marcas Pontofrio e Casas Bahia). O Magazine Luiza (MGLU3), por exemplo, registrou alta de 3,92%.
Esses movimentos podem indicar uma tendência positiva para o varejo em meio às expectativas econômicas atuais. Mas será que vale a pena investir este ano?

BHIA3 sobe +239% em apenas um mês
Com a alta desta terça-feira, 25, as ações do Grupo Casas Bahia já mais do que triplicaram seu valor em 2025, com valorização de +239% apenas nos últimos 30 dias.

Assim, o movimento do pregão de hoje é apenas uma continuação do que já vem acontecendo com a cotação de seus papéis no mês.
Ainda que existam alguns fatores macroeconômicos favoráveis como a queda dos juros futuros no período, além do anúncio de uma nova modalidade de crédito consignado para a população (tende a fomentar o consumo no curto prazo, mas traz preocupações sobre a inflação no longo prazo), essas não seriam as principais justificativas das altas.
No início de março, exista uma elevada posição vendida nas ações da Casas Bahia (investidores que apostavam na queda dos papéis) e, com o aumento do fluxo comprador, houve o chamado short squeeze, com uma corrida dos vendidos recomprando suas posições para poder zerar e estancar as perdas.
Atualmente, cerca de 15% das ações de BHIA3 em circulação estão alugadas (para os investidores vendidos) — posição ainda relevante, mas abaixo dos 25% do início do mês.
BHIA3 dispara, mas fundamentos ainda preocupam
BHIA3 ainda exige cautela na análise
Além do short squeeze, um famoso investidor no mercado brasileiro aproveitou o cenário favorável para montar posição na companhia, que ainda possui uma pequena capitalização, baixa liquidez e com um grande volume de ações alugadas.
Ainda não é possível afirmar que o mesmo investidor é o responsável pela alta de hoje (as operações não são públicas), mas, aparentemente, o movimento é apenas uma continuidade do que vimos nas últimas semanas.
Apesar das altas, os riscos do investimento no Grupo Casas Bahia, que ainda passa por fase de reestruturação operacional e financeira, são elevados. A companhia vem acumulando prejuízos nos últimos trimestres e anos, além de ainda atravessar um cenário desafiador, com inflação e juros elevados pressionando o consumo da população.
Sendo assim, ainda que negocie a um múltiplo EV/Ebitda baixo, de apenas 5x (não conseguimos analisar seu Preço/Lucro pelo prejuízo acumulado nos últimos 12 meses), não enxergamos que BHIA3 seja uma oportunidade neste momento.
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