Carrefour Brasil (CRFB3): Fechamento de capital afeta fundos imobiliários?

Carrefour (CRFB3) fará deslistagem na B3. Entenda o impacto real dessa decisão no setor imobiliário

Otmar Schneider 15/02/2025 08:30 5 min
Carrefour Brasil (CRFB3): Fechamento de capital afeta fundos imobiliários?

O investidor parece não ter um minuto de sossego. Ainda estamos discutindo a possível tributação da receita dos fundos imobiliários e aparecem notícias de mercado sobre a deslistagem das ações do Carrefour (CRFB3) no Brasil, que ocupa vários imóveis pertencentes a FIIs. 

Carrefour fará deslistagem na B3: o que acontece com os FIIs?

O fechamento de capital de uma empresa não é novidade e ela continua com suas atividades, alugando os mesmos edifícios. O que muda é a negociação das ações do Carrefour, que deixam de ser na B3 e passam a não ter liquidez. Mas os imóveis continuam lá, a companhia também, os clientes idem. 

O que preocupa, às vezes, é quando há uma redução do número de lojas alugadas, o que acaba impactando alguns FIIs em um primeiro momento, mas logo depois esses ativos, quando bem localizados, conseguem ser reposicionados.

Carrefour é a empresa da vez. E vamos falar um pouco sobre isso nesta edição.

Grupo Carrefour

O grupo Carrefour é de origem francesa e chegou ao Brasil em 1975. A operação brasileira rapidamente ganhou corpo e se tornou o segundo mercado consumidor mais importante para o grupo em todo o mundo, atrás somente do mercado francês. 

O grupo é composto por empresas do setor alimentício cujas bandeiras já são bem conhecidas: Carrefour, Atacadão, Sam’s Club, além de outras empresas ligadas a ele, tais como o Carrefour Banco, postos de combustíveis, drogarias, entre outros. 

O Carrefour é uma das maiores varejistas do mundo e uma notícia dessas preocupa o mercado brasileiro.

OPA do Carrefour: rumo ao fechamento de capital

Mas afinal, o que é fechamento de capital? Esse processo ocorre quando a empresa deixa de ter suas ações negociadas na Bolsa de Valores e se torna uma companhia de capital fechado (possui ações, mas não são negociadas na Bolsa). 

Isso significa que suas ações não estão mais disponíveis para a compra e venda em ambiente de Bolsa, perdendo assim a sua liquidez. 

Não é o fim de uma empresa, apenas de um ciclo. Ela continua existindo, mas sem ações negociadas em Bolsa. Isso significa que, quem escolher não vender seus papéis na Oferta Pública de Aquisição (OPA), ficará com eles, agora sem liquidez e sem informações públicas sobre a empresa — que não serão mais obrigatórias. 

Para fechar o capital, uma companhia precisa comprar no mínimo dois terços das ações que estão em circulação no mercado — o chamado “free float”. Após cumprida essa fase,  ela pode fechar o capital, mas ninguém é obrigado a vender seus papéis. 

O problema é que, sem liquidez e sem informações públicas, fica bem mais difícil “ser sócio” do negócio: ou seja, um péssimo negócio para quem fica. Se alguém não te quer como sócio, por que continuar insistindo?

Se o Carrefour sair, quem entra?

O possível fechamento de capital do Carrefour preocupou muitos investidores — e, curiosamente, não os acionistas da empresa. As ações, aliás, subiram após a notícia, já que o preço de compra proposto é superior ao valor atual na Bolsa. 

A verdadeira apreensão veio dos investidores de fundos imobiliários que alugam imóveis para o Carrefour. Afinal, se a rede sair, quem entrará no lugar? E outra, quais Fundos Imobiliários têm exposição ao Grupo Carrefour?

Fundos imobiliários com exposição ao Grupo Carrefour

Vários FIIs possuem exposição ao Carrefour, em maior ou menor grau. Os mais expostos são os conhecidos como “FIIs de renda urbana” ou “FIIs de varejo de rua”, por motivos óbvios: esse é um dos principais setores investidos por essa classe de ativos. 

O GARE11, por exemplo, acabou de comprar 15 imóveis do Grupo Carrefour (bandeira Atacadão) por R$ 725 milhões. O Carrefour representa hoje 31% da receita do GARE11. 

Já o TRXF11 possui apenas duas lojas alugadas para o Grupo Carrefour, uma com ABL de 15.130 m² (Bandeira Carrefour) e outra de 17.474,00 m² (Sam’s Club). O HGRU11 e o RBVA11, outros FIIs deste setor, não têm imóveis locados para o Carrefour.

Notícias negativas não são de hoje

Em fevereiro de 2024, o Carrefour havia anunciado o encerramento de 123 lojas da marca, durante a teleconferência de resultados. Crises — como as que estamos vivendo — nunca são momentos fáceis para a economia. E o corte de gastos, muitas vezes, é a medida mais adotada nesses momentos. 

Para os investidores, fechar lojas em momentos como esse melhora o retorno da empresa ao diminuir o número de lojas que estão no vermelho. A partir do momento em que o mercado melhora, o fluxo se inverte e é hora de novas inaugurações. Nada mais normal.

FIIs e Carrefour: é hora de se preocupar?

Entendo que não. A empresa não deixará de existir, mas continuará como subsidiária da companhia francesa. As lojas que foram fechadas no passado foram reposicionadas, afinal, o varejo alimentício é bastante forte no Brasil. 

Além disso, esses imóveis, por estarem perto de grandes cidades, mas não necessariamente no centro, acabam por ter seus terrenos bastante valorizados com o crescimento das cidades em volta deles. Essa é uma outra via de crescimento de um ativo imobiliário. 

Embora muitas notícias gerem angústia nos investidores, saber separar o que é fato e o que é ruído é primordial para a saúde mental do investidor. O estresse de estar exposto ao ruído diariamente faz com que muitos desistam de investir na Bolsa — e sempre nos piores momentos possíveis. 

Ninguém controla o futuro, o mundo é incerto e aleatório, então nossa parte é escolher bons ativos e diversificar para reduzir os impactos do improvável que se materializa vez por outra.

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Quero que estejamos juntos nesta caminhada.

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