Calote dos Estados Unidos? Discordância política não é inerente somente ao Brasil
Com o prazo do “início de junho” — em que o Tesouro dos EUA estima que pode acabar o dinheiro para pagar suas contas se o limite da dívida americana não for elevado —, essa questão passa a ser prioridade para os mercados na próxima semana.
Até agora, os mercados financeiros têm reagido extremamente bem ao fato de que o presidente dos EUA, Joe Biden, do partido Democrata, demonstra pouca força de vontade em ceder à proposta do partido Republicano, representado na discussão pelo congressista Kevin McCarthy.
Até quando esse bom humor do mercado pode durar não sabemos. O prazo está chegando ao fim.
A história mostra que é extremamente provável que alguma solução seja alcançada entre os políticos, aos 45 do segundo tempo, evitando assim um desastre, que seria os Estados Unidos dando o calote no resto do mundo.
Apesar disso, nesta semana, a agência de risco Fitch soltou um alerta de que pode rebaixar a nota dos Estados Unidos, caso a situação não seja resolvida, ou mesmo que o plano, uma vez aprovado, não seja muito bom.
Incertezas sobre teto da dívida dos EUA
Nem mesmo Janet Yellen, a secretária do tesouro nacional, tem certeza de qual seria a data limite para o teto da dívida ser elevado.
Yellen tem dito que provavelmente em 1 de junho deste ano o tesouro ficaria sem dinheiro para cumprir suas obrigações. Já outros economistas projetam algo como meados de junho.
Tudo isso pode mudar, pois o prazo para pagamento do Imposto de Renda dos americanos termina em 15 de junho, ou seja, estamos falando de dinheiro entrando nos cofres do governo.
Se a entrada for maior do que o esperado, o tesouro ainda terá recursos para fazer frente a suas obrigações e essa questão poderá se arrastar ainda mais.
Fato é que o mercado de ações parece totalmente cego em relação às possíveis implicações dessa questão se arrastando por muito tempo.
Impasse afeta títulos do Tesouro americano
Os títulos de curtíssimo prazo do tesouro americano, as t bills, com vencimento na primeira semana de junho, chegaram, durante esta semana, a quase pagar 7% ao ano, como mostra o gráfico abaixo.
Essa forte alta na curva de juros mostra o quão nervosos os investidores estão em relação à situação político-econômica nos Estados Unidos, sentimento esse que não tem sido compartilhado pelos investidores em ativos de risco, como ações.
Mesmo que alguma decisão seja alcançada a tempo, as discussões levam a crer que o acordo entre republicanos e democratas será para algo de curto prazo, algo como 2 anos, deixando para a próxima administração esse problema.
Hoje os Estados Unidos gastam muito mais do que recebem em impostos, ou seja, precisam se financiar todo mês por meio da emissão de dívida, o que não é sustentável no longo prazo.
Em algum momento, a conversa terá que ser séria e os políticos terão que aprovar um plano de longo prazo para a equalização das contas do país.
Enquanto isso, vivemos no Mundo de Alice.