Bradesco caindo é compra?

Mercados ampliam ganhos com visão de Fed mais suave

Nord Research 11/11/2022 12:57 9 min
Bradesco caindo é compra?

Nord Insider

Nesta sexta-feira, 11, os índices futuros de Nova York operam em alta, impulsionados desde ontem pela desaceleração da inflação nos Estados Unidos. O indicador veio mais fraco do que o esperado e dá esperanças de que o Federal Reserve (Fed) poderia reduzir o ritmo de alta de juros no país nas próximas reuniões.

No Brasil, em um dia de agenda esvaziada, os investidores avaliam os riscos fiscal e político, com incertezas sobre os gastos públicos em 2023 e nomes para ministérios do governo eleito. Nos Estados Unidos, sai o índice de confiança do consumidor de novembro e a contagem de sondas de petróleo referente à semana terminada em 4 de novembro.

Principais assuntos de hoje

  • Black Friday do Bradesco (BBDC4)?
  • Oi (OIBR3): resultados do 3T22;
  • Vídeo: Hora de vender os títulos de Renda Fixa?

Bradesco sofre queda histórica. O pior já passou?

O Bradesco (BBDC4), segundo maior banco privado do país, perdeu R$ 30,69 bilhões de seu valor de mercado na quarta-feira, 9, depois de divulgar seus resultados do terceiro trimestre de 2022.

Os papéis preferenciais derreteram -17,38%, negociados a R$ 15,35, enquanto os ON (BBDC3) caíram -16,01% a R$ 13,27.

Fonte: Bloomberg

Na quinta-feira, 10, dando continuidade às desvalorizações observadas na sessão anterior, as ações preferenciais cederam -2,93%, a R$ 14,90, enquanto as ações ordinárias recuaram -2,93%, aos R$ 12,88.

Com a forte desvalorização, investidores passaram a rever suas posições, principalmente em um cenário macroeconômico mais desafiador devido à pressão inflacionária e ciclo de alta de juros.

Por que as ações caíram?

Segundo a analista de ações Danielle Lopes, em um momento de ciclo de crédito pior, os bancos sofrem um pouco mais e ficam mais cautelosos (emprestam menos).

“Com um aumento de +116,4% nas despesas com provisões contra a inadimplência, cenário macro ainda bastante deteriorado com o poder de consumo das pessoas sendo corroído e pouca visibilidade para resultados futuros, os bancos começam a acelerar o conservadorismo (outra vez)”, disse Lopes.

Até mesmo Octavio de Lazari, CEO do Bradesco, não esperava que as provisões para perdas fossem se elevar rapidamente.

No entanto, na visão de Lopes, as provisões não são o real problema. “O aumento de provisões não é o que realmente assusta o mercado, mas a combinação do aumento da inadimplência e a incerteza do que está por vir”, afirma.

“Desde maio, vínhamos dando alerta aos leitores de nossas newsletters sobre a incerteza dos bancos e a mudança constante na narrativa. Uma hora vão crescer. Outra hora, nem tanto. A gestão não tem confiança e clareza do que pode acontecer”, acrescenta.

Ação pode continuar pressionada


Embora os juros estejam penalizando os resultados do Bradesco, a interrupção do ciclo de aperto monetário deve melhorar em alguns indicadores no médio prazo.

“No futuro, as provisões podem ser revertidas, o que impactará positivamente o resultados dos bancos. Mas sem perspectiva de crescimento em segmentos como seguridade e serviços (mais rentável e resiliente), é esperado que os bancos fiquem estagnados e a geração de “novos bancos” tenha oportunidade de galgar melhores resultados”, ressalta a analista.

Para onde vão os bancos?

O cenário que imaginávamos para os bancos está se concretizando. Mesmo com o mercado bastante otimista com o preço dos bancos, o aumento da oferta de crédito dos últimos dois trimestres já sinalizava uma tentativa de acelerar o crescimento dos bancos por esse segmento, mas ignorando os sinais claros de um mercado não totalmente recuperado ou com vias de se recuperar no curto prazo.

Resultado? As operações de crédito, além de serem pouco rentáveis para os bancos em seus históricos, atualmente têm sido uma grande dificuldade para crescimento, dado que crescer a carteira de crédito envolve mais risco e o cliente final não tem absorvido o aumento de preço.

No 3T22, o Bradesco reportou uma queda de -23% no lucro líquido, ROE de 13%, aumento das provisões para perdas e aumento nos índices de inadimplência.

Onde está o dinheiro?

Enquanto os papéis do Bradesco derretem após o resultado desanimador, existe uma outra ação mais barata, sólida e lucrativa do que BBDC4.

Enquanto o foco do Bradesco é o varejo, embora também busque captar clientes na alta renda (mais rentável e lucrativa), outra empresa do setor financeiro, que falamos há bastante tempo, que tem apresentado excelentes resultados, incluindo no segmento de crédito, além de uma rentabilidade de “bancão” e crescimento de fintech.

Para Danielle, o BTG Pactual (BPAC11) é o mais indicado neste momento, pois tem surpreendido as expectativas do mercado trimestre a trimestre.

“O BTG Pactual tem apresentado um crescimento médio de lucros nos últimos 5 anos de +28% ao ano, enquanto bancos como Itaú, Bradesco e Santander apresentaram crescimentos da ordem de +3%, +6% e +11%, respectivamente”, destaca a analista.

Compre BPAC11 no lugar de BBDC4

Mesmo em um cenário macroeconômico difícil, com inflação e juros altos, o BTG Pactual reportou no 3T22 o maior lucro da história e não deve parar por aí, com a expectativa de crescimento para os próximos anos. O banco reportou um crescimento de +24% na receita líquida e +28% no lucro líquido.

Isso porque, segundo Lopes, a mecânica de crescimento da companhia envolve, principalmente, (i) uma carteira de crédito com contrapartes de alta qualidade (ratings elevados), (ii) um posicionamento para o mercado de ações (equities), (iii) dívida, (iv) varejo (btg digital), (v) corretagem (mesa de operações), e (vi) gestão de fundos e fortunas (wealth e asset management).

“Com receitas bastantes pulverizadas, BTG é capaz de crescer mesmo com um mercado de capitais mais fraco, crescer segmentos de crédito que não envolvem o varejo e com pouco risco de inadimplência, elevar a captação para a gestão de fundos e fortunas, o que gera estabilidade e crescimento para o negócio no longo prazo”, explica a analista.

Outro fator que reforça a recomendação das ações desse banco é a dependência do varejo bastante reduzida; com grande escala (via BTG Digital), linhas de negócios pulverizadas e mais resilientes, BTG é uma enorme oportunidade de compra.

Fonte: Bloomberg

Por fim, nossa analista orienta não tentar “acertar” para onde o mercado vai.

“O investidor tem que aproveitar as oportunidades de comprar boas empresas a bons preços. No longo prazo, o crescimento das cotações é acompanhado do crescimento dos resultados”, conclui.

Negociando a apenas 10x lucros e alta rentabilidade (ROE de 22%), recomendamos a venda das ações de Bradesco (BBDC4) e a compra das ações de BTG Pactual (BPAC11).

Oi (OIBR3): resultado do 3T22 abaixo das nossas expectativas


A ação da Oi (OIBR3) está tendo uma péssima semana. As ações da tele desabaram -13% na quinta-feira, 10, como reflexo do cenário fiscal e da divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2022, que apontam para um prejuízo de R$ 3,064 bilhões.

Ao final do pregão na B3, as ações fecharam em queda de -13,04%, cotadas a R$ 00,20.

Destaques financeiros


Os resultados ficaram um pouco abaixo das nossas expectativas. Embora o prejuízo tenha apresentado uma queda de -36,3% frente ao resultado negativo de R$ 4,813 bilhões em relação ao mesmo período do ano passado, a receita ficou em R$ 2,77 bilhões, uma redução de -38,7% em relação ao intervalo entre junho e setembro de 2021.

Já o Ebitda teve uma queda de -88%. O operacional foi pressionado pelos custos do legado e de ativos que não vão ser descontinuados, aponta Fabiano Vaz, analista de ações da Nord Research.

“O grande endividamento da empresa reflete em despesas financeiras elevadas e pressionou a última linha do resultado com um prejuízo de R$ 3 bilhões”, disse Vaz.

Queimando caixa

Em linha com as nossas expectativas, o endividamento da Oi teve queda tanto na comparação anual quanto na trimestral, resultado do pagamento de algumas dívidas com as vendas da V.tal e Oi Móvel.

“Mesmo assim, o endividamento da Oi ainda é alto quando comparamos com sua capacidade de geração de caixa — no curto prazo, a tele deve continuar tendo seus lucros espremidos”, discorre.

Nova Oi, grandes desafios


Apesar dos avanços operacionais, de acordo com Fabiano, o cenário para a Oi piorou ao longo deste ano.

“A perspectiva de um período mais longo de juros elevados no mundo é ruim para a tese de investimento de longo prazo da companhia, que possui 70% da dívida em dólar, além de um endividamento alto”, destaca.

Outro grande desafio é conseguir conciliar o pagamento dos seus compromissos e continuar expandindo a fibra óptica.

“A saída da recuperação judicial, que era para acontecer no começo do terceiro trimestre deste ano, parece avançar bem lentamente. Além disso, a sequência de notícias negativas envolvendo os ativos móveis vendidos para TIM (TIMS3), Telefônica (VIVT3) e Claro, acabou derrubando ainda mais o papel”.

Grupamento de ações


A Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da Oi para deliberar sobre a proposta de grupamento está marcada para o dia 18 de novembro.

O objetivo da proposta é promover o enquadramento da cotação das ações de emissão da companhia em valor igual ou superior a R$ 1,00 por unidade, conforme regra para listagem na bolsa brasileira.

Caso seja aprovado em assembleia, ocorrerá o grupamento na proporção de 50 para 1 (50:1). Dessa forma, 50 ações serão transformadas em 1.

Além disso, o capital social da empresa, atualmente com cerca de 6,6 bilhões de ações, passará a ser dividido em aproximadamente 132 milhões de ações. Assim, serão 128,9 milhões ordinárias e outras 3,15 milhões serão preferenciais.

Ainda, será concedido prazo, não inferior a 30 dias, para que os acionistas detentores de ações que desejarem possam ajustar suas posições de ações.

“Mantemos nossa recomendação Neutra para OIBR3, aguardando como o mercado vai reagir após o grupamento, mas principalmente porque o menor percentual na V.tal impactou nossa visibilidade futura da Oi”, disse Fabiano.

Gráfico apresenta Ebitda acumulado dos últimos 12 meses (linha azul) e cotação OIBR3 (verde).

Assista ao nosso principal vídeo

Com a vitória de Lula (PT) nas eleições de 2022, muitos investidores têm se perguntado se é hora de vender os títulos de Renda Fixa.

Atualmente, a taxa básica de juros, a Selic, está em +13,75% e a inflação acima de +7% ao ano. Ao redor do mundo, os bancos centrais aumentam os juros para conter o aumento nos preços e manter o poder de compra da população.

No Brasil, existe a tendência de quedas nos juros para os próximos meses. Com a eleição de Lula, muda alguma coisa? Os juros vão permanecer em patamares elevados? A inflação também?

Marilia Fontes, sócia-fundadora e analista de Renda Fixa da Nord, fala mais sobre o cenário de renda fixa pós-eleição.  

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