Brazilian Depositary Receipts (BDRs): como investir no exterior sem sair do Brasil
Você já se perguntou como investir em empresas estrangeiras sem precisar ter uma conta no exterior? Uma das opções é por meio dos Brazilian Depositary Receipts, conhecidos como BDRs.
Investir no mercado internacional pode parecer um desafio distante para muitos brasileiros. Porém, os BDRs são títulos que permitem aos investidores acessar ações de empresas estrangeiras negociadas na B3 (Bolsa de Valores do Brasil).
Investir nesses ativos pode ser uma excelente alternativa para aqueles que buscam diversificar a carteira de investimentos além das fronteiras nacionais, olhando para oportunidades lucrativas no mercado financeiro global.
No entanto, antes de iniciar a jornada de aplicações internacionais, é fundamental conhecer as vantagens e desvantagens dessa modalidade. Continue lendo o artigo e descubra mais detalhes sobre o tema!
Sumário
- O que são BDRs?
- Quais os tipos de BDRs?
- O que significa o código de negociação dos BDRs?
- Como funcionam custos, taxas e tributação dos BDRs?
- Quais são as vantagens e os riscos desse tipo de investimento?
- Como ganhar dinheiro com BDRs?
- Quais BDRs pagam os maiores dividendos?
- Como investir em BDRs?
O que são BDRs?
Os Brazilian Depositary Receipts, chamados popularmente de BDRs, são certificados de depósito emitidos no Brasil que representam valores mobiliários de empresas estrangeiras. Portanto, ao investir nestes ativos, o investidor está adquirindo um título cujas particularidades se baseiam nas ações de companhias sediadas fora do país.
Eles são negociados na B3 (Bolsa de Valores) por meio de uma instituição depositária e se mostram como alternativa para democratizar o acesso ao mercado financeiro internacional. Esses recibos permitem que investidores brasileiros possam ter participação em empresas estrangeiras sem a necessidade de abrir uma conta no exterior.
Nesse sentido, é importante ressaltar que os BDRs não são as ações da empresa estrangeira em si, eles apenas as representam. Os ativos das companhias internacionais ficam retidos com a instituição depositária que possibilita o trâmite.
Quais os tipos de BDRs?
Existem dois tipos principais de BDRs: os patrocinados e os não patrocinados. Eles variam conforme o tipo de administração. Entenda!
Patrocinados
Os BDRs patrocinados são os que contam com um acordo formal entre a empresa estrangeira e a instituição depositária. Esse tipo de BDR é dividido em três formatos: o Nível I, II e III.
Os de Nível I são operados em mercados de balcão não organizado, ou seja, uma forma de negociação em que não há a supervisão ou registro de uma instituição reguladora.
Além disso, são operados em segmentos específicos. Apenas 50 investidores podem deter os papéis e não há necessidade de registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Por sua vez, os BDRs Nível II e III seguem outra lógica. Eles são negociados em balcão organizado ou na Bolsa, mas não há previsão para integrarem um setor específico.
As empresas que os emitem devem seguir as mesmas regras estipuladas para as companhias no Brasil registradas na CVM como “Categoria A”, inclusive quanto à transparência.
Além disso, o Nível II vale para ofertas públicas com esforços restritos, enquanto o Nível III vale para ofertas públicas mais amplas.
Não patrocinados
Os BDRs não patrocinados são aqueles emitidos sem o envolvimento direto da empresa estrangeira. Nesse caso, a instituição depositária no Brasil adquire os ativos no exterior e emite os recibos no mercado brasileiro.
Grande parte dos BDRs disponíveis na B3 se incluem neste formato, ou seja, não patrocinado.
O que significa o código de negociação dos BDRs?
O código de negociação dos BDRs na B3 é composto por uma combinação de letras e números. Os primeiros quatro caracteres identificam a empresa, seguidos por um número que indica o tipo de BDR (patrocinado ou não patrocinado).
Os de nível I, por exemplo, não dispõe de um número fixo como em outros níveis. Os patrocinados de Nível II terminam com 32, os de Nível III finalizam com 33 e os não patrocinados tem como dígitos finais 34 ou 35.
Exemplificando: o código de negociação do BDR da Ambev (AB INBEV) é ABUD34. O número 34 indica que é um não patrocinado.
Como funcionam custos, taxas e tributação dos BDRs?
Ao investir em BDRs, o investidor deverá arcar com alguns custos e taxas. A venda de BDRs está sujeita à alíquota de 15% sobre o ganho de capital no Brasil. Já os dividendos são tributados na fonte, de acordo com as regras do país de origem da empresa estrangeira.
Os sócios das empresas na B3 não arcam com impostos sobre os rendimentos, enquanto nos EUA, por exemplo, há um tributo de 30% sobre os dividendos na fonte. Além disso, o investidor deve pagar uma taxa de 3% a 5% retida no custodiante.
Quais são as vantagens e os riscos desse tipo de investimento?
Realizar aplicações em BDRs fornece importantes benefícios ao investidor, sobretudo em termos de diversificação de carteira. Ainda assim, há riscos essenciais a serem considerados. Confira abaixo os prós e contras desses ativos.
Vantagens de investir em BDRs:
- possibilidade de diversificação da carteira;
- praticidade do investimento;
- investir em empresas renomadas no mercado internacional;
- ter acesso a setores e indústrias não presentes na Bolsa brasileira;
- proteger o patrimônio contra a desvalorização do real.
Riscos de investir em BDRs:
- baixa liquidez financeira no mercado;
- limitação de ativos disponíveis para investir na Bolsa;
- volatilidade cambial;
- vulnerabilidade perante aspectos macroeconômicos e oscilações na bolsa.
Como ganhar dinheiro com BDRs?
Uma forma de lucrar com os BDRs são escolhendo títulos específicos de empresas que pagam dividendos, já que, por natureza, esses ativos podem ou não pagar dividendos aos investidores. Depende da política da instituição emissora. Quando acontece essa forma de remuneração, a periodicidade varia entre anual, semestral, trimestral ou mensal.
Nesse sentido, Dividend Aristocrats e o Dividend Kings são listas de empresas que aumentaram seus dividendos nos últimos 25 e 50 anos, respectivamente. Os investidores podem usar essas listas como uma maneira de encontrar empresas confiáveis para tal forma de rentabilidade.
Alguns exemplos de empresas no Dividend Aristocrats são: IBM (IBMB34); PepsiCo (PEPB34) e Walmart (WALM34).
Já para os Dividend Kings, temos como exemplo: Coca-Cola (COCA34); Johnson & Johnson (JNJB34) e Colgate-Palmolive (COLG34).
Além disso, se você quer saber se os BDRs pagam dividendos, é necessário verificar a política adotada pela empresa internacional, que pode ser encontrada nos sites de Relações com Investidores (RIs).
Se a empresa distribuir lucros aos investidores do país de origem, provavelmente haverá repasse para os BDRs brasileiros. Para saber quando o repasse será realizado, deve-se verificar a “data com” e a “data ex”.
A “data com” é o último dia considerado para a posição acionária dos investidores e a “data ex” é o dia a partir do qual o investidor não pode mais receber os proventos.
Quais BDRs pagam os maiores dividendos?
Os cinco BDRs que pagaram os maiores valores em dividendos a partir de fevereiro de 2023 foram:
- Apartment Invt & Mgmt Co -A (A1IVS34): 23,5%
- Annaly Capital Management Inc (N2LY34): 15,1%
- Quimica Y Minera Chil-SP ADR (S2CH34): 11,9%
- Coterra Energy Inc (CIOG34): 11,7%
- SK Telecom Co Ltd ESPON ADR (SIKM34): 10,7%
Além dessas, há outras empresas consolidadas no mercado internacional, como a Microsoft (MSFT34), Visa (VISA34) e a Amazon (AMZO34).
A Microsoft, por exemplo, é uma das líderes de mercado no setor de tecnologia, sendo atrativa para investimentos de longo prazo.
Por sua vez, a Amazon é uma empresa de renome e tem apresentado um bom desempenho nos últimos anos, o que pode trazer um certo nível de segurança para o investidor.
O mesmo vale para a Visa, que é uma multinacional líder em processamento de pagamentos eletrônicos.
Como investir em BDRs?
Para investir em BDRs, é necessário seguir os seguintes passos:
Abrir uma conta em uma corretora
As corretoras de valores são as instituições responsáveis por intermediar as operações de compra e venda de BDRs. Portanto, é preciso escolher uma corretora autorizada pela CVM e fazer o cadastro.
Verificar a disponibilidade dos BDRs
Nem todas as empresas estrangeiras têm BDRs disponíveis para investimento no Brasil. Por isso, é preciso verificar se as ações desejadas são negociadas na B3.
Definir a estratégia de investimento
Antes de aplicar em BDRs, é importante ter um plano de investimento bem definido. Isso envolve definir os objetivos, o prazo e o perfil de investidor.
Nesse sentido, contar com uma assessoria especializada pode ser diferencial para conseguir identificar sua tolerância a riscos e traçar os objetivos aos quais o investimento deve cumprir.
Realizar a compra dos BDRs
Após escolher a corretora e definir a estratégia, é hora de comprar os BDRs. Para isso, basta acessar o sistema de negociação da corretora, escolher a quantidade de ativos que se deseja adquirir e confirmar a operação.
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Resumindo
Como funcionam os BDRs?
Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são certificados de ações do exterior negociados na Bolsa de Valores do Brasil. Como ele é um recibo que representa a ação, e não o ativo em si, a compra é intermediada por uma instituição que retém os títulos internacionais em sua conta. Os BDRs são classificados em patrocinados ou não patrocinados conforme sua emissão.
Quais os riscos de investir em BDRs?
Os principais riscos associados ao investimento em BDRs são:
- Risco cambial: se a moeda do país de origem da empresa se desvalorizar em relação à moeda brasileira, o retorno do investimento em BDRs pode ser menor;
- Risco de liquidez: a demanda por BDRs pode variar ao longo do tempo, o que pode afetar a liquidez desses títulos;
- Risco de mercado: o desempenho dos BDRs pode ser afetado por condições macroeconômicas, oscilações na Bolsa e fatores específicos relacionados à empresa emissora das ações.
É bom investir em BDRs?
Sim, aplicar em BDRs pode ser vantajoso para os investidores brasileiros que desejam diversificar suas carteiras e acessar empresas estrangeiras sem uma conta no exterior. Entre as vantagens de alocar recursos nesses ativos estão a facilidade de acesso ao mercado externo e a proteção do patrimônio ante a desvalorização do Real.