Banco Central prevê descumprimento da meta de inflação em junho

Banco Central antecipa que inflação pode superar a meta de 3% em junho, podendo atingir até 4,5%. Entenda os impactos e as projeções econômicas

Nord Research 04/02/2025 14:19 3 min
Banco Central prevê descumprimento da meta de inflação em junho

O Banco Central (BC) informou que a inflação pode ultrapassar a meta de 3% em junho de 2025, podendo atingir o limite máximo da banda de tolerância, de 4,5%. A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada no dia 4, reforça que o cenário de referência segue pressionado, com possibilidade de novos aumentos na taxa Selic.

Impactos da inflação acima da meta

A expectativa do Banco Central é de que a inflação permaneça acima da meta por pelo menos seis meses consecutivos, o que configura o descumprimento do regime de metas. Entre os fatores que pressionam os preços, estão:

  • a alta dos alimentos, impulsionada pela estiagem e pelo aumento dos preços das carnes;
  • o avanço do dólar, que encarece produtos importados e afeta bens industrializados;
  • a crescimento do consumo e a concessão de crédito, que estimulam a demanda.

Caso o descumprimento da meta se confirme, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, precisará justificar o ocorrido em uma carta ao Ministério da Fazenda — em janeiro de 2025, ele já havia escrito um documento para apresentar os principais fatores que levaram o IPCA a fechar 2024 em 4,83%, acima do teto da meta de 4,5%.

Selic pode subir para conter a inflação

Para tentar conter a inflação, o Copom já antecipou que pode elevar a taxa Selic em mais 1 ponto percentual na reunião de março, chegando a 14,25% ao ano — esse seria o maior nível desde 2016

O mercado já projeta uma Selic de 15,75% ao final de 2025.

O Banco Central reforçou que a política monetária continuará focada na convergência da inflação para a meta. No entanto, a decisão sobre os juros após maio ainda está em aberto.

Política dos EUA pode impactar a inflação no Brasil

O cenário externo também preocupa o Banco Central. De acordo com a ata do Copom, medidas econômicas adotadas pelos Estados Unidos podem pressionar os preços no Brasil. Entre os fatores de risco apontados pelo BC, estão:

  • políticas comerciais que podem afetar o câmbio e o preço de importados;
  • possíveis estímulos fiscais nos EUA, que impactam o crescimento global;
  • mudanças na matriz energética, que podem alterar os preços relativos.

“A consecução de determinadas políticas nos Estados Unidos pode pressionar os preços de ativos domésticos. Avaliou-se, então, que seguia válida a visão anterior da possibilidade de uma elevação de inflação a partir de uma taxa de câmbio mais depreciada. Desse modo, ainda que parte dos riscos tenha se materializado, o Comitê julgou que eles seguem presentes prospectivamente”, diz a ata.

O que esperar para os próximos meses?

O Banco Central seguirá observando o comportamento da inflação, do câmbio e do mercado de trabalho para definir os próximos passos da política monetária. Se o cenário inflacionário permanecer adverso, novos ajustes na Selic poderão ser implementados para tentar garantir o cumprimento da meta no longo prazo.

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