Banco Central prevê descumprimento da meta de inflação em junho
O Banco Central (BC) informou que a inflação pode ultrapassar a meta de 3% em junho de 2025, podendo atingir o limite máximo da banda de tolerância, de 4,5%. A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada no dia 4, reforça que o cenário de referência segue pressionado, com possibilidade de novos aumentos na taxa Selic.
Impactos da inflação acima da meta
A expectativa do Banco Central é de que a inflação permaneça acima da meta por pelo menos seis meses consecutivos, o que configura o descumprimento do regime de metas. Entre os fatores que pressionam os preços, estão:
- a alta dos alimentos, impulsionada pela estiagem e pelo aumento dos preços das carnes;
- o avanço do dólar, que encarece produtos importados e afeta bens industrializados;
- a crescimento do consumo e a concessão de crédito, que estimulam a demanda.
Caso o descumprimento da meta se confirme, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, precisará justificar o ocorrido em uma carta ao Ministério da Fazenda — em janeiro de 2025, ele já havia escrito um documento para apresentar os principais fatores que levaram o IPCA a fechar 2024 em 4,83%, acima do teto da meta de 4,5%.
Selic pode subir para conter a inflação
Para tentar conter a inflação, o Copom já antecipou que pode elevar a taxa Selic em mais 1 ponto percentual na reunião de março, chegando a 14,25% ao ano — esse seria o maior nível desde 2016.
O mercado já projeta uma Selic de 15,75% ao final de 2025.
O Banco Central reforçou que a política monetária continuará focada na convergência da inflação para a meta. No entanto, a decisão sobre os juros após maio ainda está em aberto.
Política dos EUA pode impactar a inflação no Brasil
O cenário externo também preocupa o Banco Central. De acordo com a ata do Copom, medidas econômicas adotadas pelos Estados Unidos podem pressionar os preços no Brasil. Entre os fatores de risco apontados pelo BC, estão:
- políticas comerciais que podem afetar o câmbio e o preço de importados;
- possíveis estímulos fiscais nos EUA, que impactam o crescimento global;
- mudanças na matriz energética, que podem alterar os preços relativos.
“A consecução de determinadas políticas nos Estados Unidos pode pressionar os preços de ativos domésticos. Avaliou-se, então, que seguia válida a visão anterior da possibilidade de uma elevação de inflação a partir de uma taxa de câmbio mais depreciada. Desse modo, ainda que parte dos riscos tenha se materializado, o Comitê julgou que eles seguem presentes prospectivamente”, diz a ata.
O que esperar para os próximos meses?
O Banco Central seguirá observando o comportamento da inflação, do câmbio e do mercado de trabalho para definir os próximos passos da política monetária. Se o cenário inflacionário permanecer adverso, novos ajustes na Selic poderão ser implementados para tentar garantir o cumprimento da meta no longo prazo.