B3 lança derivativo de fundos imobiliários; Entenda a novidade

A B3 (B3SA3) lançou o primeiro derivativo ligado ao setor imobiliário: o contrato futuro de IFIX, o índice que mede a performance dos principais fundos imobiliários do Brasil.

O objetivo da criação desse novo instrumento financeiro é fomentar a liquidez desse mercado, além de permitir a diversificação de estratégias e o lançamento de novos produtos.

O que são derivativos?

A primeira coisa que você precisa entender é que derivativos são basicamente instrumentos financeiros cujo preço/retorno deriva de outro ativo, seja ele uma ação, índice, dólar, petróleo, commodities etc.

Isso significa que derivativos não possuem um valor intrínseco, uma vez que seus preços dependem do valor base de seu ativo de referência.

Como vai funcionar o novo derivativo de FIIs?

No caso do contrato futuro de IFIX lançado pela B3, trata-se de um derivativo cujo ativo objeto é o IFIX — principal índice do mercado de FIIs, resultante de uma carteira teórica de fundos imobiliários, elaborada de acordo com os critérios estabelecidos pela B3.

Lembrando que o objetivo do IFIX é ser um índice que mede o desempenho médio das cotações dos fundos imobiliários negociados nos mercados de bolsa e de balcão organizado da B3.

Sendo assim, o contrato futuro de IFIX terá como finalidade negociar as expectativas de valor futuro do índice em diversas datas de vencimento, assim como ocorre com o Futuro de Ibovespa, negociado por meio do código WIN.

Como operar derivativo de FIIs?

O derivativo de FIIs será negociado no mercado futuro por intermédio da B3. Nesse ambiente, os investidores podem negociar contratos no qual ambas as partes assumem obrigações de compra ou venda em datas específicas de vencimento.

É interessante comentar também que, diferentemente do mercado a termo, no mercado futuro, as contrapartes não estão vinculadas entre si, de modo que elas podem repassar o contrato para outra pessoa a qualquer momento, o que gera maior liquidez.

Por outro lado, as alterações de preços dos contratos são ajustadas diariamente, sendo preciso a realização de desembolsos frequentes entre compradores e vendedores para apurar perdas e ganhos.

Portanto, a vantagem do mercado futuro é a liquidez e maior transparência para negociação, porém há necessidade de os investidores realizarem movimentações financeiras constantes, sendo preciso ter um bom colchão de liquidez para fazer frente aos ajustes diários.

Outras vantagens do contrato futuro de IFIX

Conforme dito anteriormente, além de contribuírem para uma melhor liquidez e, por sua vez, melhor precificação dos ativos, os derivativos permitem o uso de novas estratégias pelos investidores, como a de proteção (hedge) contra as oscilações de preços, alavancagem e arbitragem entre o mercado à vista e o futuro.

Ainda assim, é importante comentar que se tratam de instrumentos mais arriscados, sendo indicados apenas para investidores mais experientes e cientes dos riscos envolvidos, como a perda permanente de capital.

Para quem é indicado?

Ainda é cedo para declarar que o derivativo de fundos imobiliários é indicado para o investidor pessoa física, até mesmo por ainda não sabermos ao certo quais serão os valores base de suas negociações.

Imagino que esses instrumentos serão utilizados principalmente por investidores institucionais, ao menos nesse início de negociação. Seja pela maior capacidade de investimento e de aporte nos ajustes diários por parte desse investidor, seja pela sua maior familiaridade com o instrumento.

Nesse sentido, entendo que a estratégia pode ser muito positiva para os Fundos de Fundos Imobiliários (FOFs), por exemplo.

Isso porque o instrumento dará a oportunidade não apenas do gestor potencializar os ganhos em FIIs tomando mais risco a partir do uso da alavancagem, como também proteger o patrimônio líquido do fundo em momentos mais desfavoráveis de mercado ao recorrer aos derivativos como instrumentos de hedge.

Ao desenvolver a liquidez do mercado, os contratos futuros do IFIX contribuirão não apenas para o crescimento da indústria como um todo, como também distinguirão os gestores capazes de fazer bom uso da gestão ativa por meio desses instrumentos dos demais.