Ata do Copom reforça cautela

Banco Central manterá uma política monetária contracionista enquanto não houver estabilidade fiscal e desinflação consistente. Veja os detalhes.

Nord Research 06/08/2024 10:39 3 min Atualizado em: 06/08/2024 19:22
Ata do Copom reforça cautela

Nesta terça-feira, 5, o Banco Central divulgou a ata do Comitê de Política Monetária (COPOM). Diferente do comunicado anterior, a ata apresenta uma linguagem mais preocupada e cautelosa, refletindo a avaliação do comitê sobre os desafios econômicos atuais.

No comunicado anterior, a mensagem predominante era de que o COPOM estaria monitorando o cenário econômico e manteria a taxa de juros estável por um período prolongado. Entretanto, a ata divulgada nesta manhã revela uma postura mais vigilante e preocupada com os riscos da inflação. 

Continue lendo para saber a nossa leitura sobre a decisão de uma manutenção da Selic em 10,50% ao ano.

Cenário externo e doméstico

O ambiente externo permanece adverso, com elevada incerteza acerca dos impactos e extensão da política monetária nos Estados Unidos. O cenário é marcado por menor sincronia entre a política monetária dos países e fluxos de capital com maior aversão a risco, exigindo cautela de países emergentes.

Quanto ao ambiente doméstico, a atividade e o mercado de trabalho seguem apresentando maior dinamismo do que o esperado.

Em relação à inflação, os dados recentes apontam uma inflação que não divergiu significativamente do esperado, mas observam uma redução no ritmo de desinflação. Além desta redução, houve um aumento das expectativas de inflação, demandando uma política monetária ainda mais cautelosa.

O balanço de riscos da inflação apresentou mais fatores de alta do que de baixa.

Entre os riscos de altas encontram-se: a desancoragem das expectativas, uma maior resiliência da inflação de serviços do que o esperado e a conjunção de política externa e interna com impacto inflacionário (exemplo: câmbio depreciado).

Entre os riscos de baixas foram apontados: uma desaceleração econômica global mais acentuada do que o esperado e os impactos do aperto monetário global serem mais fortes do que o esperado.

Ainda no cenário doméstico, o Comitê adiciona que o crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública possuem potencial para elevar a taxa de juros neutra, o que elevaria os custos de desinflação.

Manutenção da Selic

O COPOM está atento à evolução dos indicadores econômicos e reconhece a necessidade de maior cautela. O comitê não se compromete com estratégias futuras, mas deixa claro que a manutenção da taxa de juros ou a possível elevação dependerá da análise contínua dos dados econômicos.

O que fica evidente é a dualidade na estratégia do COPOM. De um lado, há a intenção de manter os juros estáveis para tentar alinhar a inflação à meta. Do outro, o comitê reafirma que, se necessário, elevará a taxa de juros para garantir a convergência da inflação.

Em resumo, o COPOM adota uma postura de acompanhamento rigoroso, sinalizando que pode haver uma alta de juros no futuro, dependendo dos dados. 

No entanto, ainda não está claro quais dados específicos serão determinantes para iniciar esse ciclo de alta, especialmente considerando a recente desvalorização do real e as expectativas de inflação acima da meta. O que mais o Copom precisaria enxergar para iniciar um ciclo de alta?

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