A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) é um dos eventos mais importantes para o cenário econômico brasileiro. Além das decisões locais, os mercados também reagem a eventos globais, como a reunião do FED, o banco central dos Estados Unidos.
Neste artigo, vamos analisar as decisões recentes do Copom e do FED, como essas afetam o câmbio, a taxa Selic e o cenário econômico do Brasil.
O que aconteceu na reunião do FED e como isso afeta o Brasil?
Na última reunião do FED (Federal Reserve, o banco central dos EUA), a taxa de juros americana foi reduzida em 50 pontos-base, surpreendendo o mercado, que esperava uma queda menor.
Durante a coletiva de imprensa, o presidente do FED, Jerome Powell, afirmou que não devemos esperar que quedas de 50 pontos se tornem uma tendência. A projeção é de que a taxa caia em mais duas reduções de 25 pontos, dependendo dos dados econômicos.
Para o Brasil, essa queda na taxa de juros americana é importante porque reduz o diferencial entre a taxa de juros dos EUA e a taxa de juros brasileira, atualmente em 10,75%. Um diferencial maior torna os juros brasileiros mais atrativos, o que favorece a valorização do câmbio.
Qual foi a decisão do Copom e suas implicações?
O Copom decidiu aumentar a taxa Selic em 25 pontos-base, elevando-a de 10,5% para 10,75%. O mercado já precificava essa alta, com uma chance menor de que a taxa subisse 50 pontos.
O Banco Central justificou essa decisão destacando o cenário econômico global, principalmente a inflexão no ciclo econômico dos Estados Unidos, e também o dinamismo maior do que o esperado na economia doméstica.
O que é o "iato do produto" e por que isso importa?
Um ponto importante abordado pelo Banco Central foi o "iato do produto". O iato do produto é a diferença entre o PIB atual e o PIB potencial, que é o nível de atividade econômica que não pressiona a inflação para cima nem para baixo.
Quando o PIB atual está acima do potencial, gera pressões inflacionárias, indicando que a economia está aquecida.
Segundo o Banco Central, os indicadores de atividade econômica e emprego no Brasil têm surpreendido positivamente, o que sugere que a taxa de juros atual de 10,5% não está sendo suficiente para controlar a economia aquecida. Isso indica que a Selic pode continuar subindo para conter a inflação e alcançar a meta de 3% para os próximos anos.
Como o cenário fiscal e a política do governo impactam as decisões do Copom?
Outro fator relevante para a política monetária é o cenário fiscal.
O governo precisa mostrar um compromisso claro com a redução de gastos para que a política monetária seja eficaz no controle da inflação. Se não houver sinalizações claras de ajuste fiscal, o mercado pode precificar juros mais altos por mais tempo, afetando o crescimento econômico e a confiança no governo.
Além disso, políticas que aumentam os gastos sem gerar um aumento de capacidade produtiva, como estímulos ao consumo, tendem a ser inflacionárias. Sem um controle adequado dessas medidas, a inflação pode se manter alta, forçando o Banco Central a continuar elevando os juros.
A renda fixa continua atrativa para os investidores?
Com o cenário de juros altos por mais tempo, a renda fixa segue sendo a preferida dos investidores brasileiros. No entanto, é importante ficar atento às emissões de crédito privado, que muitas vezes oferecem prêmios baixos para um risco elevado.
Muitas empresas com balanços ruins estão emitindo títulos com spreads quase nulos em relação aos títulos públicos, o que pode não compensar o risco para os investidores.
A estratégia ideal para investir em renda fixa envolve observar os ciclos econômicos e aproveitar momentos de alta nas taxas de juros para comprar títulos prefixados, que podem gerar retornos maiores com a marcação a mercado quando as taxas caírem.
O que esperar para os próximos meses?
O futuro da política monetária vai depender, principalmente, da evolução da inflação e do cenário fiscal. Se o governo não der sinais claros de responsabilidade fiscal, o Banco Central pode ser forçado a manter os juros elevados por mais tempo. Além disso, o comportamento da economia americana e o ritmo de cortes de juros pelo FED também influenciarão o fluxo de investimentos para o Brasil, especialmente na Bolsa de valores.
Enquanto isso, a renda fixa continuará a ser a melhor opção para muitos investidores, mas é fundamental estar atento ao risco de crédito envolvido nas ofertas de mercado.
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