TRPL4 é a melhor ação do setor elétrico para 2024
Se pensarmos em ações do setor elétrico, Eletrobras (ELET6) e Taesa (TAEE11), certamente, são as primeiras a vir à mente.
Não à toa, ambas são tradicionais em seus segmentos de atuação, com elevado histórico de execução e bons pagamentos de dividendos no passado.
Porém, uma outra ação do setor pode ser a melhor opção para a sua carteira. Não só por um melhor histórico recente de dividendos, mas também por seus sólidos resultados, que vêm se traduzindo em valorização de suas ações ano após ano.
Estou falando da ISA Cteep (TRPL4). A empresa tem um forte histórico de resultados e alta frequência no pagamento de dividendos.
Mas quais são os diferenciais que fazem dela a nossa top pick no setor de energia?
Bom, é o que vou mostrar por meio de uma análise comparativa entre as três empresas.
Mas, antes de apresentar a tese, é importante comentar sobre o cenário para os próximos meses.
Perspectivas para o setor elétrico em 2024
O setor merece alguns destaques nos diferentes segmentos que possui (geração, transmissão e distribuição).
No segmento de geração, observamos uma hidrologia bastante favorável em 2022 e 2023 — situação muito diferente do que foi vivenciado em 2020 e 2021, com a crise hídrica, que manteve os reservatórios e os preços de energia spot nos patamares mínimos.
Vejo que um dos grandes desafios para algumas geradoras atualmente é justamente a posição do portfólio não contratada, dado o cenário de sobreoferta e de preços de energia mais baixos no mercado atual, ainda mais considerando os investimentos que vêm sendo realizados.
Por outro lado, fenômenos como o El Niño podem amenizar os efeitos mencionados de sobreoferta em 2024. Ademais, vejo que se diferencia quem tem um portfólio contratado dado todo esse contexto.
Olhando para as transmissoras, não há grandes destaques no segmento. Os últimos leilões realizados foram marcados por lotes de grande porte, o que reduziu a concorrência em termos relativos.
Para 2024, persistem oportunidades de crescimento no segmento via leilões de licitação e/ou M&As (fusões e aquisições), em paralelo a um cenário de redução da taxa de juros.
Serão dois leilões em 2024, sendo o primeiro já agendado para o final de março, com oferta de 15 lotes e investimentos programados na ordem de R$ 18 bilhões.
Por fim, no segmento de distribuição, devemos continuar observando boas perspectivas referentes ao consumo de energia e o tema regulatório referente à renovação das concessões de distribuição deve continuar sendo o principal assunto dessa frente.
Eletrobras (ELET6): O mercado exagerou no pessimismo?
Após praticamente dobrarem seu valor em 2022, as ações da Eletrobras passaram por um período de “ressaca” no início do último ano.
A grande valorização aconteceu em meio ao processo de privatização da companhia, que foi concretizado em junho de 2022, após uma novela que já durava mais de 27 anos e que já havia atravessado algumas tentativas frustradas.
A privatização foi considerada um sucesso e contou, inclusive, com a participação de 370 mil trabalhadores brasileiros, que, através do uso do FGTS, colocaram cerca de R$ 6 bilhões na oferta para se tornarem sócios da empresa.
Entretanto, após as fortes altas, a Eletrobras acompanhou uma severa desvalorização de -40% em suas ações entre novembro de 2022 e março de 2023.
O movimento pode ser explicado pela mudança de governo na virada do ano. Mesmo já privatizada, a companhia foi impactada pelo discurso do atual presidente, que tentou reverter a privatização e buscar formas de manter um alto poder na tomada de decisões pela companhia, mesmo sem seu controle.
As medidas, porém, não foram para frente e as más notícias passaram. Com isso, as ações da Eletrobras começaram a se recuperar e foram impulsionadas, principalmente, por bons resultados, tendo lucrado R$ 1,48 bilhão no 3T23. Ainda, o novo CEO anunciou que a empresa poderia triplicar sua capacidade de investimentos, para R$ 15 bilhões por ano.
Contudo, mesmo que as perspectivas sejam melhores para seus resultados daqui para a frente, a valorização recente de suas ações elevou os múltiplos da Eletrobras para mais de 30x lucros e 9x Ebitda.
ELET6 dividendos
Além disso, mesmo atuando em um setor conhecido por seus altos pagamentos de dividendos, a companhia não possui um histórico recente de distribuição de proventos tão favorável e apresenta um dividend yield (rendimento) atual de apenas 3%.
Sendo assim, no momento, não vejo uma oportunidade clara em ELET6.
Taesa (TAEE11): Por que não investir na ação?
A Taesa é, de fato, uma das queridinhas dos investidores brasileiros.
A predileção pela companhia se deve, principalmente, aos bons dividendos pagos ao longo dos últimos anos. Com um dividend yield histórico médio acima de 10%, as ações da empresa acabaram entrando em muitas carteiras previdenciárias.
As altas distribuições são apenas uma consequência de seu histórico de execução e da previsibilidade de seu segmento. Em transmissão, não há uma dependência do volume de energia que é transportado pela infraestrutura, as empresas são remuneradas pela disponibilidade de suas linhas de transmissão.
Outro ponto importante é que as transmissoras são remuneradas por longos contratos de concessão, que são periodicamente reajustados por índices de inflação. Com isso, suas receitas são mais previsíveis, assim como suas distribuições de dividendos.
O histórico recente, entretanto, não é dos melhores. Após se beneficiar de um IGP-M (índice que corrige a maior parte de seus contratos) extremamente alto entre 2020 e 2021 e pagar dividendos extraordinários aos seus acionistas, seus proventos não apenas voltaram para a normalidade, como estão em seus menores patamares desde 2012.
TAEE11 dividendos
Atualmente, seu dividend yield está em apenas 6%, bem abaixo de sua média histórica. Além disso, suas ações negociam a 13x Ebitda, múltiplo que considero alto, mesmo em um setor mais “caro” (ou melhor precificado).
Sendo assim, não vejo uma assimetria tão favorável para TAEE11 e, pelos fatores mencionados, não acredito que seja uma oportunidade neste momento.
ISA Cteep (TRPL4): Uma top pick no setor elétrico
Assim como a Taesa, a ISA Cteep é uma transmissora no setor elétrico.
Porém, além de se beneficiar das mesmas características de seu segmento, a companhia possui alguns diferenciais em relação à Taesa.
Começando por uma alavancagem financeira menor em relação à sua concorrente: mesmo em um setor que “permite” maiores alavancagens, um maior controle de sua estrutura de capital vem possibilitando à empresa entregar lucros crescentes e abrindo espaço para novos investimentos.
A ISA Cteep vem entrando com mais fôlego em leilões recentes e arrematou bons lotes, que permitirão a ela maiores ganhos de RAP (Receita Anual Permitida) e de geração de caixa — o que, por consequência, possibilitará maiores pagamentos de dividendos.
Sem tanta exposição ao IGP-M (a maioria de seus contratos é corrigida pelo IPCA), os proventos da companhia não sofreram tantas oscilações recentes. Na verdade, seus dividendos estão acima de sua própria média histórica.
TRPL4 dividendos
Hoje, o dividend yield da ISA Cteep está em mais de 8%, sendo uma das melhores pagadoras de todo o setor de Energia.
Outro ponto positivo é o seu preço atual. A companhia negocia a apenas 7x lucros e 8x Ebitda — múltiplos bem menores que os da sua concorrente. Portanto, mesmo que suas ações estejam nas máximas históricas (sobem, em média, +24% ao ano desde seu IPO, em 1999), vejo uma ótima oportunidade em TRPL4!
Definitivamente, o clima está mais favorável para ISA Cteep — inclusive o papel faz parte das recomendações de compra do Nord Dividendos.
Se quiser investir com foco em receber dividendos, convido você para conhecer a série Nord Dividendos. Nela, você encontrará as melhores ações para compor seu portfólio.
Agora, se você foca em ganhos com a valorização das cotações diante do crescimento dos resultados no longo prazo, te convido para conhecer o Nord Small Caps.