TRPL4 x AURE3: qual é a melhor ação para ganhar dividendos em 2024?
Se perguntar para dez investidores quais são os melhores setores para receber dividendos, provavelmente os dez terão um setor em comum em suas listas, o de energia elétrica.
O setor é composto por três segmentos: (i) geração, (ii) transmissão e (iii) distribuição.
Basicamente, a energia gerada (hidrelétricas, termelétricas, usinas solares etc.) são transportadas em linhas de transmissão até serem distribuídas e comercializadas para os consumidores finais (nós).
Pela essencialidade do “produto” e capacidade energética brasileira, o setor é conhecido no país por sua elevada solidez estrutural e alta previsibilidade.
Assim, muitas empresas que atuam em algum(ns) de seus segmentos conseguem entregar excelentes desempenhos operacionais e financeiros (o que inclui, obviamente, ótimas remunerações aos seus acionistas).
Conheça abaixo, duas companhias do setor. Acredito que uma delas é uma boa oportunidade neste momento, enquanto a outra, recomendo que não compre suas ações.
O que é a empresa Isa Cteep?
A Isa Cteep é uma das principais empresas de transmissão de energia elétrica do Brasil, estando presente em 17 estados brasileiros.
Basicamente, a transmissora é remunerada pela disponibilidade das suas linhas, e não pela demanda de energia elétrica na ponta consumidora, sendo bastante resiliente em um momento de menor consumo.
Além disso, os contratos de transmissão são todos de longo prazo (30 anos) e corrigidos, anualmente, por índices inflacionários — o que gera ainda mais solidez e previsibilidade para seus resultados e pagamentos de dividendos.
No último trimestre, a Isa Cteep reportou uma receita de R$ 1,1 bilhão, alta de +25% na comparação anual e que foi impulsionada por sua receita de RBSE (espécie de indenização paga pela Aneel), atualização de seus contratos e início de operação de novos projetos.
A receita de RBSE continua representando uma fatia de 53% da receita total da companhia (a receita ex-RBSE cresceu +3%).
Seus custos e despesas, chamados de PMSO (Pessoal, Material, Serviços e Outros), subiram +13% e, assim (custos subindo menos que a receita), o Ebitda cresceu +30% no período, totalizando R$ 891 milhões.
Com o resultado financeiro (negativo) caindo -7%, a transmissora pôde registrar um lucro líquido de R$ 426 milhões, aumento expressivo de +63%.
Por fim, a Isa Cteep aumentou seu endividamento para continuar financiando seus investimentos, mas seu indicador de alavancagem financeira (dívida líquida/Ebitda) se manteve em patamares confortáveis de apenas 2,5x.
Vale destacar que a companhia investiu +70% a mais no último trimestre, visando compensar a “perda” do RBSE, que termina em 2028.
A princípio, serão R$ 15 bilhões a serem investidos em sete grandes projetos, que acrescentarão uma RAP (Receita Anual Permitida) de R$ 1 bilhão. A empresa ainda poderá participar de novos leilões de transmissão nos próximos anos.
Apesar dos investimentos em andamento, com uma alavancagem (bem) confortável, a Isa Cteep afirmou que continuará cumprindo sua política de dividendos, que prevê a distribuição de 75% de seu lucro líquido aos seus acionistas.
As pressões recentes causadas pela oferta da Eletrobras reabriram uma oportunidade nos papéis da transmissora, que negociaram acima de nosso preço-teto por algumas semanas.
Por apenas 6x lucros e um dividend yield (rendimento anual) de 9%, recomendo a compra de TRPL4 até o preço-teto de R$ 27.
O que é a empresa Auren Energia?
Diferentemente da Isa Cteep, a Auren Energia atua nos segmentos de geração, distribuição e comercialização de energia elétrica, sendo uma das principais empresas brasileiras nesses ramos de atuação.
A companhia foi mais uma a reportar seus resultados do 2T24 na última semana. No período, a Auren apresentou bom desempenho em sua comercializadora e também contou com a entrada em operação de novos projetos fotovoltaicos.
A geração de energia nas hidrelétricas foi afetada pelo vencimento de contratos de energia mais atrativos, mas foi compensada pela melhor performance em energia eólica.
Assim, sua receita atingiu R$ 1,4 bilhão, leve crescimento de +1%. Mesmo com seus principais custos e despesas (PMSO) subindo +4%, o Ebitda ajustado totalizou R$ 457 milhões no trimestre, alta de +5%.
Já as despesas financeiras voltaram a subir de forma expressiva, com o aumento do endividamento da companhia (sua dívida líquida subiu +627%). Com isso, seu lucro líquido registrou queda de -50%, totalizando R$ 91 milhões.
O aumento da dívida líquida elevou sua alavancagem financeira de 0,3x (2T23) para 1,9x.
De agora em diante, todas as atenções estarão voltadas à incorporação da AES Brasil, adquirida em maio. A Auren contará com um portfólio de 39 ativos operacionais e em construção, que somam 8,8 GW de capacidade instalada.
Como empresa combinada resultante, a Auren se tornará a 3ª maior empresa geradora de energia do Brasil, com uma das melhores combinações do país sob o aspecto de diversificação de fontes renováveis.
O aumento de capacidade de geração também cria vantagem competitiva no segmento de comercialização, consolidando a Auren como a maior comercializadora de energia do Brasil.
Contudo, pelo alto endividamento da AES Brasil, sua alavancagem, que atualmente é de apenas 1,9x (patamares ainda controlados), saltará drasticamente, para cerca de 4,9x após a incorporação da empresa adquirida.
A expectativa pode até ser positiva quanto aos aumentos de capacidade operacional e faturamento no futuro, mas negativa em relação ao seu lucro líquido, fluxo de caixa e, consequentemente, aos pagamentos de dividendos no presente.
A Auren até possui um elevado dividend yield (últimos 12 meses), de mais de 15%, mas não enxergamos que a companhia conseguirá manter níveis altos de remuneração. Pelo menos não no momento.
Sendo assim, não recomendamos a compra de AURE3.
Qual é a melhor ação para ganhar dividendos em 2024?
A melhor ação do setor elétrico para ganhar dividendos em 2024 é a Isa Cteep, com um dividend yield (rendimento anual) de 9%. Apesar de ter um DY inferior à Auren nos últimos 12 meses (mais de 15%), acreditamos que a companhia não conseguirá manter níveis altos de remuneração. Pelo menos não no momento. Por isso, temos preferência clara pela TRPL4.
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