Que dia feliz para o mercado ontem, não é mesmo? Tivemos reunião do Copom, como temos a cada 45 dias. 

É importante relembrar que, na reunião anterior, estávamos em um cenário global ainda desafiador.

Os Estados Unidos ainda não sabiam direito se o próximo movimento das taxas de juros por lá seria de alta ou de queda, uma vez que a inflação americana ainda dava sinais mistos e a atividade permanecia forte. 

De lá para cá, as coisas mudaram. Os dados vêm melhorando, tanto os dados brasileiros quanto os dados de inflação americana. 

Taxa Selic e Copom

No comunicado, o Copom sempre começa falando sobre o ambiente externo e dando o contexto macroeconômico

“O ambiente externo segue volátil e mostra-se menos adverso do que na reunião anterior, marcado pelo arrefecimento das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos e de sinais incipientes de queda dos núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos países.” 

É importante reforçar que nós, tupiniquins, não podemos ter taxas de juros menores ou muito próximas das taxas de juros americanas. Isso não faz o menor sentido. 

Se os Estados Unidos não reduzirem as taxas de juros deles, a nossa não pode cair. Por isso o Banco Central brasileiro estava tão preocupado com a taxa de juro americana.

Se a taxa dos Estados Unidos começasse a subir, nós poderíamos inclusive ter que subir a nossa. Isso seria um grande desastre em relação ao cenário doméstico.

Por conta da melhora dos dados de inflação americana, o BC do Brasil acabou reconhecendo que o cenário externo se mostra menos adverso agora, o que dá muito mais tranquilidade para a autarquia seguir com o seu plano de reduzir a taxa Selic. 

Em relação ao cenário doméstico, ele menciona que:

“A inflação cheia ao consumidor, conforme esperado, manteve trajetória de desinflação, com destaque para as medidas de inflação subjacente, que se aproximam da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.”

Nesse trecho, o Banco Central brasileiro está falando que se depender da inflação na margem, ou seja, dos dados de inflação mais recentes, nós estamos na meta. Mais um sinal de tranquilidade do comitê em relação à sua estratégia. 

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado...”

Note que “próximas reuniões” é plural e, portanto, significa pelo menos mais duas quedas de 50 bps

Ou seja, podemos ver que esse comunicado foi de um Comitê que já está bem mais tranquilo e confiante na sua estratégia de reduzir a Selic, ao contrário do momento anterior, em que ainda pairavam várias dúvidas no ar. 

Decisão do Fed

Além dessa boa notícia, tivemos a reunião do Federal Reserve (Fed) ontem, que também trouxe um tom bem mais ameno para as perspectivas futuras. 

Quando olhamos os “dots”, que é como os membros do Comitê estimam que vão se comportar as taxas de juros ao longo de 2024, vemos que eles já colocam três quedas de 25 bps. Além disso, eles reduziram a projeção de inflação.

Essa notícia mexeu bem com o mercado brasileiro. O Ibovespa subiu +2,5% na véspera, o juro brasileiro caiu 25 pontos base e, principalmente, o que mais caiu foi o juro longo. 

Adicionalmente, o real valorizou +1% em relação ao dólar seguindo o mercado muito positivo. O petróleo também subiu em torno de +2%. Isso também ajuda a bolsa brasileira.

Eu acredito que está ficando cada vez mais claro que a inflação está sendo controlada e podemos começar a pensar em juros mais moderados ao redor do globo. Isso é muito positivo para bolsa Brasil e ativos de risco em geral. 

Mas, é claro, para quem já estiver posicionado. Quem deixou para ver o cenário ficar muito claro já perdeu 50% do movimento de alta.