A Taxa Referencial (TR) é um índice criado para auxiliar na correção de valores em diversas aplicações financeiras, especialmente em um cenário de inflação elevada.

Neste artigo, abordaremos o conceito de TR, seu cálculo e variações, além de explorar como essa taxa afeta os rendimentos de investimentos populares, como a poupança e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Sumário

O que é taxa referencial?

A Taxa Referencial (TR) é um índice criado pelo governo brasileiro no início dos anos 1990, em um contexto de alta inflação, com o objetivo de servir como um parâmetro para diversas operações financeiras.

Embora tenha sido criada com a intenção de ajudar no controle da inflação, a TR foi gradualmente se transformando em uma taxa usada principalmente para corrigir valores em aplicações de longo prazo, como a poupança e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

A TR é calculada diariamente pelo Banco Central, considerando as taxas de juros de curto prazo do mercado financeiro.

Como calcular a taxa referencial?

O cálculo da TR é relativamente técnico, mas fique tranquilo/a que ela é divulgada pelo Banco Central. 

A partir de 2018, o cálculo da TR é composto por dois passos: 

  • encontrar o redutor (R): R = a + b x TBF, em que a é uma variável constante com valor de 1,005 e b é uma variável vinculada à TBF (Tarifa Básica Financeira) divulgada pelo Banco Central;
  • Substituir o redutor na fórmula TR = 100 x {[((1 + TBF)/100)/R] - 1}.

Qual a taxa referencial dos últimos 12 meses?

Em setembro de 2024, a variação mensal da TR foi de 0,0675% e no acumulado em 12 meses foi de 0,82%.

O BC disponibiliza uma ferramenta chamada Calculadora do Cidadão, onde podemos consultar o valor da taxa referencial na janela de tempo desejada.

O que faz a taxa referencial variar?

A TR é influenciada principalmente pelas taxas de juros de curto prazo no mercado financeiro.

Quando as taxas de juros no mercado aumentam, a TR tende a subir também, ainda que, por conta do redutor utilizado no cálculo, ela oscile raramente de forma tão significativa. 

Quais os impactos da TR nos investimentos?

A Taxa Referencial (TR), apesar de sua baixa variação nos últimos anos, continua influenciando diretamente o rendimento de alguns investimentos, especialmente aqueles considerados de menor risco e mais conservadores. Os principais investimentos afetados pela TR são:

1. Poupança

A poupança é o exemplo mais conhecido de um investimento que usa a TR no cálculo de seus rendimentos. A fórmula de seu rendimento funciona da seguinte forma:

  • quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês + TR;
  • quando a Selic está abaixo ou igual a 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 70% da Selic + TR.

2. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)

O saldo do FGTS também é corrigido pela TR, mais uma taxa fixa de 3% ao ano. Isso significa que, quando a TR está baixa (ou zero), o rendimento total do FGTS se aproxima de apenas 3% ao ano, o que é inferior à inflação e a outros tipos de investimento. 

3. Empréstimos Imobiliários - Sistema de Financiamento Habitacional (SFH)

Nos financiamentos imobiliários pelo Sistema de Financiamento Habitacional (SFH), a TR é utilizada como parte da correção do saldo devedor. Neste caso, o valor do financiamento é corrigido anualmente por juros fixos mais a TR.

4. Títulos de capitalização

Alguns títulos de capitalização, utilizam a TR para corrigir o valor da reserva acumulada. O baixo rendimento gerado pela TR (próxima a 0%) faz com que essa modalidade de "aplicação" tenha retornos muito pequenos, sendo mais atraente para quem busca concorrer a prêmios do que para quem quer efetivamente investir.

Qual o melhor indexador, taxa referencial ou IPCA?

A escolha entre a TR e o IPCA depende do contexto do investimento:

  • TR: tem sido uma taxa muito baixa nos últimos anos, o que faz com que os investimentos atrelados a ela, como a poupança e o FGTS, tenham rendimentos reduzidos. Seu uso é mais comum em aplicações conservadoras de longo prazo, mas sem proteção significativa contra a inflação;
  • IPCA: como índice oficial da inflação no Brasil, o IPCA reflete a variação dos preços ao consumidor. Isso o torna um indexador mais adequado para investimentos que buscam proteger o poder de compra do investidor. Títulos públicos como o Tesouro IPCA+ (antiga NTN-B) são exemplos de investimentos atrelados a esse índice, garantindo rendimentos que acompanham a inflação.

Portanto, se o objetivo é preservar o poder de compra e proteger o investimento contra a inflação, o IPCA tende a ser uma escolha melhor que a TR, especialmente em cenários de inflação alta. A TR, por outro lado, pode ser útil em momentos de inflação controlada e juros baixos, mas tem sido um indexador menos competitivo nos últimos tempos.