Taxa Referencial: o que é e como impacta seus investimentos
A Taxa Referencial (TR) é um índice criado para auxiliar na correção de valores em diversas aplicações financeiras, especialmente em um cenário de inflação elevada.
Neste artigo, abordaremos o conceito de TR, seu cálculo e variações, além de explorar como essa taxa afeta os rendimentos de investimentos populares, como a poupança e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Sumário
- O que é taxa referencial?
- Como calcular a taxa referencial?
- Qual a taxa referencial dos últimos 12 meses?
- O que faz a taxa referencial variar?
- Quais os impactos da TR nos investimentos?
- 1. Poupança
- 2. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)
- 3. Empréstimos Imobiliários - Sistema de Financiamento Habitacional (SFH)
- 4. Títulos de capitalização
- Qual o melhor indexador, taxa referencial ou IPCA?
O que é taxa referencial?
A Taxa Referencial (TR) é um índice criado pelo governo brasileiro no início dos anos 1990, em um contexto de alta inflação, com o objetivo de servir como um parâmetro para diversas operações financeiras.
Embora tenha sido criada com a intenção de ajudar no controle da inflação, a TR foi gradualmente se transformando em uma taxa usada principalmente para corrigir valores em aplicações de longo prazo, como a poupança e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
A TR é calculada diariamente pelo Banco Central, considerando as taxas de juros de curto prazo do mercado financeiro.
Como calcular a taxa referencial?
O cálculo da TR é relativamente técnico, mas fique tranquilo/a que ela é divulgada pelo Banco Central.
A partir de 2018, o cálculo da TR é composto por dois passos:
- encontrar o redutor (R): R = a + b x TBF, em que a é uma variável constante com valor de 1,005 e b é uma variável vinculada à TBF (Tarifa Básica Financeira) divulgada pelo Banco Central;
- Substituir o redutor na fórmula TR = 100 x {[((1 + TBF)/100)/R] - 1}.
Qual a taxa referencial dos últimos 12 meses?
Em setembro de 2024, a variação mensal da TR foi de 0,0675% e no acumulado em 12 meses foi de 0,82%.
O BC disponibiliza uma ferramenta chamada Calculadora do Cidadão, onde podemos consultar o valor da taxa referencial na janela de tempo desejada.
O que faz a taxa referencial variar?
A TR é influenciada principalmente pelas taxas de juros de curto prazo no mercado financeiro.
Quando as taxas de juros no mercado aumentam, a TR tende a subir também, ainda que, por conta do redutor utilizado no cálculo, ela oscile raramente de forma tão significativa.
Quais os impactos da TR nos investimentos?
A Taxa Referencial (TR), apesar de sua baixa variação nos últimos anos, continua influenciando diretamente o rendimento de alguns investimentos, especialmente aqueles considerados de menor risco e mais conservadores. Os principais investimentos afetados pela TR são:
1. Poupança
A poupança é o exemplo mais conhecido de um investimento que usa a TR no cálculo de seus rendimentos. A fórmula de seu rendimento funciona da seguinte forma:
- quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês + TR;
- quando a Selic está abaixo ou igual a 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 70% da Selic + TR.
2. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)
O saldo do FGTS também é corrigido pela TR, mais uma taxa fixa de 3% ao ano. Isso significa que, quando a TR está baixa (ou zero), o rendimento total do FGTS se aproxima de apenas 3% ao ano, o que é inferior à inflação e a outros tipos de investimento.
3. Empréstimos Imobiliários - Sistema de Financiamento Habitacional (SFH)
Nos financiamentos imobiliários pelo Sistema de Financiamento Habitacional (SFH), a TR é utilizada como parte da correção do saldo devedor. Neste caso, o valor do financiamento é corrigido anualmente por juros fixos mais a TR.
4. Títulos de capitalização
Alguns títulos de capitalização, utilizam a TR para corrigir o valor da reserva acumulada. O baixo rendimento gerado pela TR (próxima a 0%) faz com que essa modalidade de "aplicação" tenha retornos muito pequenos, sendo mais atraente para quem busca concorrer a prêmios do que para quem quer efetivamente investir.
Qual o melhor indexador, taxa referencial ou IPCA?
A escolha entre a TR e o IPCA depende do contexto do investimento:
- TR: tem sido uma taxa muito baixa nos últimos anos, o que faz com que os investimentos atrelados a ela, como a poupança e o FGTS, tenham rendimentos reduzidos. Seu uso é mais comum em aplicações conservadoras de longo prazo, mas sem proteção significativa contra a inflação;
- IPCA: como índice oficial da inflação no Brasil, o IPCA reflete a variação dos preços ao consumidor. Isso o torna um indexador mais adequado para investimentos que buscam proteger o poder de compra do investidor. Títulos públicos como o Tesouro IPCA+ (antiga NTN-B) são exemplos de investimentos atrelados a esse índice, garantindo rendimentos que acompanham a inflação.
Portanto, se o objetivo é preservar o poder de compra e proteger o investimento contra a inflação, o IPCA tende a ser uma escolha melhor que a TR, especialmente em cenários de inflação alta. A TR, por outro lado, pode ser útil em momentos de inflação controlada e juros baixos, mas tem sido um indexador menos competitivo nos últimos tempos.