Dólar bate o Ibovespa

Pessoalmente, eu não sou um grande fã de diversificação por diversificação. O próprio Charlie Munger tinha o conceito de “diworsification”, que seria piorar sua carteira de investimentos apenas para ter ativos diversificados nela.  

No entanto, para a maioria das pessoas, provavelmente é necessário. Não apenas pela segurança que isso pode trazer para os retornos nos investimentos, mas principalmente pela tranquilidade psicológica que a diversificação traz.  

A depender da composição da sua carteira, do seu psicológico e da sua concentração em ativos mais voláteis (ações, ETFs, Crypto, Fundos etc.), você pode sofrer com perdas de curto e médio prazo que vão prejudicar sua tomada de decisão. O famoso “vendi no desespero”. Então ter uma carteira mais diversificada, mesmo que isso signifique ter retornos menores, pode ser benéfico tanto para o investidor quanto para o profissional que o auxilia (menos reclamações).

O melhor dos mundos seria conseguir diversificar seus riscos sem prejudicar o potencial de retorno. Na minha humilde opinião, a única maneira de fazer isso é diversificar sua carteira para investimentos melhores do que você possui hoje. Nesse contexto, a melhor alternativa é olhar para fora do Brasil, em especial nos EUA. 

Desempenho do S&P, IBOV e CDI na última década.
Fonte: Bloomberg

Além de ter a possibilidade de investir nas melhores empresas do mundo, você fica com a sua posição dolarizada

O índice que dá mais retorno

Na imagem acima, na parte superior, temos os retornos absolutos nas moedas locais do S&P 500, Ibovespa e CDI. Vemos que o S&P fica à frente do IBOV e do CDI, mas por muito pouco. Contudo, quando olhamos para esses retornos em reais, a performance do S&P praticamente triplica. 

Além de ser uma ótima proteção aos riscos da economia brasileira, o dólar é uma moeda que no longo prazo se valoriza ante o real, muito por conta de uma dinâmica de inflação e juros em comparação com aqui.

No curtíssimo prazo, pode ser que isso não seja perceptível. Mas para quem é mais “vivido”, ainda deve ter na memória a saudosa época do dólar em paridade com o real. 

Mais alternativas em melhor qualidade

Por mais que gráficos com histórico de performances lindas e maravilhosas sejam muito apelativos aos nossos gananciosos vieses (comprar aquilo que subiu), o melhor de investir fora do Brasil é a possibilidade de ter ativos com qualidade muito superior aos que temos aqui.

Na renda fixa, é difícil bater o Brasil. Temos maravilhas que pagam inflação mais um percentual extremamente atrativo e ainda isento de imposto. No entanto, em renda variável, quando você compra um pedacinho de uma empresa para ser um pequeno sócio de um grande negócio, é difícil de bater os EUA

Mesmo o Buffett, um dos maiores investidores de todos os tempos, atribui muito do sucesso que ele teve em sua carreira de investidor ao fato de ter nascido no país certo e na hora certa. Um país onde as instituições funcionam e a livre competição (capitalismo) é dada como regra. 

Muito por conta disso, as grandes inovações tecnológicas surgem lá. Mesmo que elas surjam em outros lugares, ou com pessoas de outros países, elas acabam florescendo lá. Onde realmente há algo próximo de uma competição de livre mercado. Sem tantas ajudinhas ou canetadas do governo para seus amiguinhos (mesmo lá, isso também acontece). 

O tamanho do mercado de ações nos EUA comparado ao brasileiro.
 Fonte: Nord Research

Em termos de mercado, a bolsa americana tem 46x o tamanho do mercado brasileiro. Na imagem acima, fica clara a discrepância entre as escalas. 

Investir é sempre uma questão de escolhas ponderadas pelo custo de oportunidade. Pode até ser que o Brasil supere os demais mercados do mundo nos próximos anos. Mas não ter exposição às empresas que ditam os rumos do mundo me parece uma escolha um tanto quanto arriscada no longo prazo.

O que moveu os mercados 💰

Decisão do FED:

Jerome Powell com chapéu de Papai Noel.
 Fonte: X, @alifarhat79/ Reprodução

O Jerônimo trouxe o presente de Natal do mercado antecipado. Na quarta-feira, 13 de dezembro, o FED manteve os juros inalterados. Isso não foi nenhuma surpresa para o mercado. O que fez com que os mercados no mundo se animassem foram as revisões para as projeções de 2024. 

O FED projeta um crescimento do PIB de +1,4%, um PCE Inflation de 2,4% e Fed Funds de 4,6%. Diante dos recentes dados econômicos mostrando que, mesmo com sinais de desaceleração, a economia americana segue resiliente, o mercado novamente aposta com força em um soft-landing (pouso suave, sem recessão). 

Mercados disparando após o comunicado e caminhando para que todos tenhamos um belo final de ano

De olho nos resultados 👀

ORACLE (ORCL)

Na segunda-feira, 11, a Oracle (ORCL) divulgou seus resultados para o seu 2º trimestre do ano fiscal de 2024. A empresa decepcionou o mercado novamente. Era esperado receitas de US$ 13,05 bilhões, mas a empresa entregou apenas US$ 12,9 bilhões. A parte de infraestrutura de Cloud ficou bem atrás do esperado pelo mercado. 

Confira os destaques abaixo:

Destaques dos resultados da Oracle.
 Fonte: Oracle, elaboração Nord Research

Na comparação com o mesmo período do ano anterior, as receitas cresceram +5%, o Ebit cresceu +9% e o lucro líquido +14%.

ADOBE (ADBE)

A Adobe (ADBE) divulgou seus resultados para o 1Q24 fiscal na quarta-feira, 13. Novamente, a empresa entregou resultados sólidos, mas um pouco abaixo do que o mercado esperava. Confira abaixo os destaques dos resultados:

Destaques dos resultados da Adobe.
 Fonte: Adobe, elaboração Nord Research

A empresa entregou um crescimento de receitas de +12% na comparação com o mesmo período do ano passado. O Ebit teve um crescimento de +16%, e o lucro líquido um crescimento de +17%

Na nossa visão, a história de ajustes na precificação dos seus produtos continua, mas a empresa ainda não conseguiu atingir um nível de crescimento em AI que justifique os altos múltiplos em que ela negocia.

COSTCO (COST)

A Costco (COST) apresentou seus resultados para o seu 1Q24 fiscal na quinta-feira, 14. A empresa bateu as expectativas do mercado, entregando um lucro por ação de US$ 3,58 contra uma expectativa de US$ 3,42. Confira abaixo os destaques dos resultados:

Destaques dos resultados da Costco.
 Fonte: Costco, elaboração Nord Research

A empresa entregou um crescimento de +6% de receita na comparação com o 1Q23. O Ebit teve um crescimento de +13%, e o lucro líquido um crescimento de +16%. 

Novamente com um bom desempenho, a empresa faz por merecer os altos valuations que o mercado coloca sobre a qualidade da gestão, mas ainda está um pouco cara para o nosso gosto. 

Seguimos atentos às empresas mundo afora, sempre buscando as melhores oportunidades de investimento. Para investir em ativos globais da melhor maneira, conte com o Nord Global