O fantasma da tributação voltou a assustar os investidores de FIIs ao longo da última semana.

Isso porque, em uma entrevista recente, o ministro Guedes comentou sobre a possibilidade de o governo incluir o fim da isenção concedida a alguns produtos financeiros direcionados ao agronegócio e ao setor imobiliário na proposta da reforma tributária a ser enviada ao Congresso.

Sem falar na provável taxação de dividendos…

Print de manchete da Folha: "Vamos reduzir e unificar o IR sobre investimento em renda fixa, diz Guedes. Ministro afirma que também vai propor corte de cinco pontos percentuais de imposto sobre empresas e passar a taxar dividendos."
Fonte: Folha.

Ainda que os FIIs não se enquadrem no mesmo balaio jurídico que rege a tributação de dividendos das empresas, a possibilidade do fim da isenção sobre os seus rendimentos é um risco que sempre está no radar desse mercado.

Afinal, ela é considerada um dos principais diferenciais dessa classe de ativos ao nos proporcionar uma renda passiva mensal livre das mordidas do Leão. Ao passo que, investindo diretamente em imóveis, podemos pagar à Receita um montante de até 27,5 por cento sobre o aluguel recebido – o que, convenhamos, não é pouco…

Não por outro motivo, sempre que os políticos colocam o assunto em pauta, vemos um grande mal-estar no mercado.

Recordar é viver

Em dezembro de 2015, por exemplo, o então Senador Romero Jucá (PMDB-RO) apresentou uma Medida Provisória (MP 694) que, se aprovada, previa o fim da isenção não apenas para os FIIs, mas também para alguns ativos de renda fixa, como os CRIs, CRAs, LCIs e LCAs.

À época, a resposta do mercado foi muito negativa. O IFIX chegou a cair quase 5 por cento no dia do anúncio da MP, o que é bastante para esse mercado.

A partir dali, acumulou uma queda próxima a 10 por cento até o dia 2 de fevereiro de 2016, quando o senador retirou da sua proposta o trecho sobre a tributação desses investimentos.

Gráfico apresenta desempenho do IFIX entre 2015 e 2016.
Desempenho do IFIX entre 2015 e 2016. Fonte: Bloomberg.

Será que há o risco da história se repetir?

Os rendimentos dos FIIs serão tributados?

Segundo a entrevista, a proposta em estudo do Ministério da Economia prevê o fim da isenção de IR para aplicações de renda fixa como as LCIs, LCAs, CRIs e CRAs, sendo que nada foi dito sobre o caso específico dos fundos imobiliários.

Até porque, diferentemente do que se pensa, os rendimentos dos FIIs já são tributados.

A diferença é que, pela Lei nº 11.196, de 2005, eles são isentos de imposto de renda para pessoas físicas quando atendidas três condições:

  • o fundo ter mais do que 50 cotistas;
  • ser listado em Bolsa ou Mercado de Balcão organizado;
  • o investidor não detenha, individualmente, mais do que 10 por cento das cotas do fundo.

Isso significa que não há riscos sobre a mesa?

Claro que há! O risco aqui é o de inclusão dos FIIs na proposta. Sendo assim, é preciso acompanharmos os próximos capítulos.

Por ora, o mais importante para o investidor é entender quais seriam as possíveis consequências de um movimento nessa direção.

Impactos

Diferentemente da tributação sobre os dividendos distribuídos pelas empresas que, se compensada pela redução do IRPJ, tenderia a ter um efeito relativamente neutro, o fim da isenção fiscal sobre os rendimentos dos FIIs poderia, sim, ser negativo no curto prazo.

O motivo para isso é que, no caso dos fundos imobiliários, não teríamos contrapartidas para compensar o fim da isenção.

E como os cotistas sempre buscam um dividend yield alvo líquido de imposto para seus investimentos, com uma eventual tributação, os preços das cotas dos fundos tenderiam a se ajustar para manter o atual patamar de rentabilidade.

Conclusão

Portanto, embora não haja nada de concreto neste momento, o fim da isenção sobre os rendimentos dos FIIs seria, sim, negativo para o mercado no curto prazo. Sem falar que penalizaria principalmente os investidores mais antigos.

Mas como o mercado sempre se ajusta, não haveria efeitos sobre os novos investimentos. Ou seja, os fundos imobiliários não perderiam a sua atratividade, até porque eles possuem inúmeras outras vantagens.

Muitos investidores me perguntam se seria o caso de deixar de investir enquanto essa incerteza não cessar. A questão é que não sabemos se e/ou quando o fim da isenção sobre os rendimentos virá.

Aqueles que deixaram de investir no final de 2015, devido às incertezas geradas pelo episódio “Romero Jucá”, perderam uma bela rentabilidade desde então. O IFIX, por exemplo, valorizou 113 por cento de lá pra cá – o equivalente a mais de 15 por cento ao ano!

Gráfico apresenta desempenho do IFIX entre 2015 e 2021.
Desempenho do IFIX entre 2015 e 2021. Fonte: Bloomberg.

De qualquer forma, é importante que o investidor esteja consciente desse risco e o coloque no preço que está disposto a pagar pelas cotas.

Além disso, o caminho do meio para não deixar de aproveitar as oportunidades desse mercado devido ao risco de tributação seria o investimento gradual.

Vejo muita gente mais preocupada em não pagar imposto do que em montar uma carteira rentável. É óbvio que isenções são bem-vindas, mas, no longo prazo, fazer escolhas que se valorizem muito é mais importante do que focar apenas naquilo que tem isenção tributária.

Nós não conseguimos controlar o que vai acontecer com as leis no Brasil, mas podemos controlar como montamos a nossa carteira. Por isso, convido você para conhecer os Fundos Imobiliários que estão na carteira Nord FIIs.

No longo prazo, montar uma carteira com excelentes ativos é muito mais importante para o seu sucesso. E se continuarem livres de IR, melhor ainda!

Abraços e até a próxima!