Selic deve continuar subindo. Saiba o que fazer
Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic, juros básicos da economia, em 50 pontos-base, para 11,25% ao ano. Essa decisão reflete tanto uma situação de crise no cenário econômico interno quanto dúvidas sobre o cenário externo.
Eleição de Trump e corte de juros nos EUA
No comunicado, o colegiado ressalta que o cenário externo continua desafiador, especialmente em razão da incerteza na economia dos Estados Unidos.
Isso é fruto de uma oscilação recente nos dados econômicos que, ora mostram uma desaceleração mais forte, ora mostram uma atividade bastante resiliente. Essa incerteza gera dúvidas sobre a desaceleração e desinflação, fatores cruciais para a formulação de uma política monetária eficaz.
Na dúvida de qual dado seria o mais fiel à trajetória futura da atividade americana, o Federal Reserve (Fed) deve manter uma postura de maior cautela na condução da política monetária, reduzindo o passo do corte de juros nos EUA para 25 bps.
A vitória de Trump nas eleições presidenciais também deixa o Fed mais cauteloso, uma vez que o mercado espera que as políticas do novo presidente pressionem a inflação para cima. Entre as promessas de campanha, estão a taxação dos produtos importados e a diminuição da imigração.
Se os EUA não vão cair sua taxa de juros tão rapidamente, fica difícil reduzirmos a pressão altista na nossa taxa por aqui.
A situação da economia brasileira hoje
Em relação a economia brasileira, o Copom aponta que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho ainda demonstram dinamismo. O desemprego está em mínimas históricas e a massa salarial tem apresentado crescimento.
No entanto, as expectativas de inflação estão se deteriorando, com a pesquisa Focus indicando expectativas para 2024 em torno de 4,6% e para 2025 em 4,0%, acima do limite superior da meta de inflação estabelecida em 3%. Essa tendência de alta é alarmante e cria um contexto desafiador para o Banco Central.
O comitê também destaca a assimetria altista em seu balanço de riscos, o que implica que há uma maior probabilidade de que a inflação supere as expectativas. Os riscos de alta incluem a desancoragem das expectativas de inflação e uma maior resiliência dos preços de serviços devido a um mercado de trabalho aquecido.
Além disso, a manutenção prolongada de um câmbio depreciado também é um risco importante para os preços.
Por fim, o Copom reiterou a necessidade de acompanhar atentamente as condições da política fiscal, uma vez que a percepção de agentes econômicos sobre esse cenário impacta os preços dos ativos e as expectativas do mercado.
Em tom de cobrança, o Banco Central pontuou textualmente a necessidade de ajuste:
“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, destaca o documento.
Por que o Banco Central intensificou a alta dos juros no Brasil?
A decisão do Copom reflete a urgência de um ajuste mais rigoroso, considerando o panorama inflacionário atual. O aumento da taxa Selic em 50 pontos-base sugere uma postura austera por parte do Banco Central, preocupado em garantir a convergência da inflação para a meta em um contexto repleto de incertezas.
Um ponto central que deve ser destacado é a reafirmação da vigilância do Copom em relação à política fiscal. A capacidade do governo de implementar e manter medidas estruturais é crucial para evitar uma deterioração adicional nas expectativas de inflação.
A falta de um plano fiscal claro pode levar o mercado a questionar a sustentabilidade da dívida pública, resultando em um aumento das taxas de juros a longo prazo.
Enquanto o governo não passar credibilidade no ajuste, o câmbio pode seguir depreciando e aumentando a pressão inflacionária. Os prêmios altos que estamos vendo hoje nos juros e na Bolsa são consequência do medo do mercado de que o equilíbrio não seja alcançado.
Essa incerteza deve ser monitorada, especialmente por aqueles que estão revisando suas estratégias de investimento.
Onde investir?
Diante do contexto atual, é imprescindível que profissionais e investidores tenham muita calma em tomar grandes decisões de investimento.
Com a taxa de juros em um patamar elevado, a renda fixa se torna uma opção atraente, especialmente para os investidores que buscam retornos robustos.
Ao mesmo tempo, a Bolsa brasileira apresenta ações de empresas de qualidade a preços bastante acessíveis, criando uma janela de oportunidade para aqueles que possuem apetite para risco.
Investidores que estão dispostos a abraçar a volatilidade do mercado podem encontrar excelentes oportunidades, tanto em investimentos de renda fixa quanto em ações. O momento é propício para quem tem uma visão de longo prazo e busca maximizar seus retornos em um contexto de elevada taxa de juros e ações valiosas.
No curto prazo, é preciso respirar fundo e aguentar a enorme turbulência. Oscilações de humor e volatilidade vão comandar os preços até a confiança no equilíbrio fiscal chegar.
A escolha é basicamente entre aproveitar as oportunidades agora e colher os frutos no futuro, ou adotar uma postura mais conservadora agora, mas perder as grandes rentabilidades no futuro.
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