Por que saber macroeconomia?
Foi na faculdade que eu descobri minha grande paixão. A matéria se chamava Macroeconomia I e vinha no semestre seguinte da Microeconomia. Eu já tinha amado Microeconomia, pois tive contato com conceitos como custo de oportunidade, tipos de bens, utilidade marginal e curvas de indiferença.
De repente, me deparei com o estudo de ciclos econômicos, passando sobre as principais crises mundiais. Depois, veio a Revolução Keynesiana, quando os economistas começaram a acreditar que poderiam suavizar esses ciclos econômicos, ora desaquecendo uma economia em euforia, ora aquecendo uma grande depressão.
Entraram os modelos de equilíbrio, e o principal instrumento para alcançar o suposto equilíbrio econômico: a política monetária! Aí foi paixão fulminante. Poderia ficar horas e horas ouvindo os professores falarem.
O grande esforço da macroeconomia não é (nem nunca foi) antecipar eventos para se ganhar dinheiro, como quem está de fora gosta de pensar. O sonho grande dos estudiosos de macro é evitar o caos social que o mundo passou durante crises como a Grande Depressão de 1929.
Conhecida como a maior crise dos EUA, a Grande Depressão gerou as piores condições sociais já vistas. A taxa de desemprego chegou a bater 24,9 por cento, ou seja, um em cada quatro trabalhadores não tinha emprego. Muitas empresas faliram, tivemos deflação, queda nas vendas, na produção industrial e em todos os indicadores econômicos que se pode imaginar.
Estudiosos no mundo todo começaram a pensar no que poderia ser feito para amenizar a crise e, em 1933, influenciado por ninguém menos que John Maynard Keynes, o Presidente Roosevelt criou o programa assistencial que ficou conhecido como New Deal.
Evitar bolhas nos momentos de euforia e forte crescimento econômico e evitar grandes depressões durante uma crise é exatamente o objetivo principal da Macroeconomia. Ou seja, suavizar os ciclos econômicos. Eu não consigo pensar em um objetivo mais nobre.
Você, leitor, pode estar se perguntando: Mas se eu não sou político nem banqueiro central, por que raios eu tenho que entender de macroeconomia?
Aí eu lhe digo: é porque quem sofre as consequências boas e ruins dos ciclos econômicos é exatamente você. Decisões básicas que tomamos ao longo da vida como mudar de emprego, empreender, ter mais filhos, comprar uma casa, seriam muito melhor embasadas se tivéssemos alguma noção de macroeconomia.
Será que você teria decidido largar aquele emprego chato, mas que te dava segurança em 1929 se entendesse macroeconomia? Será que teria decidido entrar em um financiamento em 2015 com os juros longos indo para 15 por cento? Será que não teria finalmente decidido ampliar sua produção de grão durante o superciclo de commodities de 2003 a 2007?
A macroeconomia é como a correnteza para um remador. Se você está remando contra a correnteza, pode ser o remador mais forte, ter o melhor barco, o maior remo, mas não vai conseguir sair do lugar. Por outro lado, se decidir ir a favor da correnteza, pode nunca ter remado antes, e mesmo assim alcançar uma alta velocidade.
Você passou a sua vida toda tomando as decisões mais importantes sem ter qualquer noção de macro, não é mesmo? Por acaso você sentiu que teve muito azar? Por acaso você não entendeu por que mesmo fazendo tudo direito, às vezes as coisas simplesmente não davam certo? Talvez tenha sido a correnteza.
Convido você para tentar viver sua vida daqui para frente de um jeito completamente diferente. Tomando as decisões com consciência do que está acontecendo na economia. Tentando remar a favor da maré. Ou pelo menos evitar remar contra.
Convido você para tirar a venda da ignorância econômica e enxergar o mundo de uma forma que você talvez nem imaginava. Se você entender o básico da macroeconomia, conseguirá compreender as relações entre as forças econômicas como gastos fiscais, dívida, juros, inflação, atividade, emprego, e tudo mais.
Não digo que você vai ser capaz de prever o futuro, já que ninguém tem essa habilidade. Economia não é e nunca foi uma ciência exata. Se você derrubar mil maçãs do alto de um prédio, absolutamente todas elas cairão em direção à terra. A gravidade faz parte de uma ciência exata. A economia não. Ela apresenta tendências que podem ou não se concretizar, mas tendem a acontecer.
Por exemplo, países que gastam muito tendem a aumentar sua dívida e aumentar sua taxa de juros. Em 90 por cento das vezes que um país opta por uma política de gastos astronômicos, ele vai parar em um lugar de dominância fiscal, com inflação alta, juros altos e dívida explosiva. No entanto, temos a situação atual dos EUA desafiando as tendências macroeconômicas de livro-texto, não é mesmo?
Só vamos saber onde isso vai dar daqui a algumas décadas, porém traçar tendências é muito importante para melhorar suas decisões, tanto no campo pessoal ou profissional quanto nos investimentos.
Os grandes gestores de fortunas usam as tendências macroeconômicas para alocar melhor seus investimentos. Como a economia não é uma ciência exata, eles não vão ganhar dinheiro sempre olhando as tendências, todavia conseguem pelo menos evitar as grandes perdas, desviar de possíveis bolhas e não entrar em ativos que apresentem um risco muito grande no seu cenário.
Saber mais na hora de tomar decisões é sempre melhor do que saber menos!
Depois de passar por uma graduação e um mestrado em economia e de dedicar meus últimos 5 anos de carreira traduzindo a renda fixa para o investidor iniciante, decidi agora traduzir para vocês esse tema que parece um palavrão, entretanto é uma das coisas mais apaixonantes que você aprenderá durante a sua jornada na vida.
Duvida que é tão legal assim? Então continue aqui comigo, porque toda segunda-feira teremos um encontro marcado nas newsletters da Nord.
Além disso, se você quiser me conhecer um pouco mais, hoje estreia minha série de vídeos chamada Muito Além da Bolsa.
Nesses vídeos, vou explicar um pouco sobre macroeconomia e alocação de carteira. Tudo de uma maneira leve e com uma produção impecável.
O resultado disso está imperdível. Assista agora!
Um grande abraço e bons negócios.