Nord Insider

Nesta quarta-feira, 09, os índices futuros de Nova York operam em queda, com investidores à espera do resultado das eleições de meio de mandato dos Estados Unidos.

No cenário político local, as preocupações sobre o aspecto fiscal no governo de Luiz Inácio Lula da Silva seguem elevadas. No cerne do debate está o quanto o teto de gastos será furado para acomodar custos da manutenção do valor atual do Auxílio Brasil e aumentos de gastos em programas sociais.

Na agenda econômica, destaque para a divulgação dos dados de vendas no varejo de setembro. Nos Estados Unidos, saem os estoques do atacado americano de setembro e os estoques de petróleo referentes à semana terminada em 4 de novembro. Além disso, acontece o leilão primário de Treasuries de dez anos.

Principais assuntos de hoje

  • Por que Lula não oferece grande risco às elétricas?
  • Decisão da CVM para fundos gera polêmica.

Por que o governo Lula não oferece grande risco às elétricas?


Eleito pela terceira vez para a Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deve trazer grandes riscos ao setor elétrico brasileiro, na avaliação do analista de ações da Nord Research, Guilherme Tiglia, que também vê como pouco provável uma revisão na privatização da Eletrobras (ELET6).

O analista aponta que independentemente de quem assumisse o comando, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) está hoje mais blindada a pressões políticas, atuando de forma mais transparente quando é alvo de pressões momentâneas.

“Não acredito que seja o caso de enfrentarmos grandes riscos no setor elétrico, como o que vimos, por exemplo, no governo Dilma Rousseff, com a Medida Provisória 579, editada em 2012, com o intuito de diminuir as contas de luz”, afirma Tiglia.

“Na época, o plano mal-sucedido de Dilma trouxe bastante insegurança para o setor e para os investidores”, lembra.

Baixo risco de intervenção

Caso exista alguma mudança regulatória por parte do novo governo, o analista diz que não deve ser transformacional.

“Há uma certa segurança por parte das empresas de utilities (utilidade pública) considerando os seus contratos de concessão (que geralmente são longos e definidos) — muitos, inclusive, podem ser renovados e sem grandes alterações”, disse.

Ele acrescenta que é preciso acompanhar as diretrizes. “Claro que cada atividade dentro do setor elétrico apresenta uma dinâmica operacional diferente. Isto é, uma exposição a PIB diferente. Logo, os efeitos de uma possível interferência também seriam diferentes em cada caso.”

Distribuidoras teriam vantagem

Ainda sobre uma eventual intervenção do governo, o risco é menor para as distribuidoras, uma vez que são responsáveis pelo atendimento direto aos consumidores.

“Qualquer interferência colocaria em risco a interrupção do fornecimento de energia ao consumidor final — algo que o governo buscaria evitar. Por isso, acredito que uma intervenção seria bem desfavorável”, comenta o analista.

Subsídio à energia renovável


Outra questão que os investidores estarão atentos é em relação ao plano de Lula para a matriz elétrica brasileira.

Durante a campanha, representantes do governo petista defenderam a diversificação de fontes energéticas, principalmente por meio das energias renováveis eólica e solar.

“Visando uma geração sustentável e renovável, vejo que essa é uma tendência geral no setor, muitos players adotando esse caminho. Entendo que isso deve continuar como prioridade para diversificar ainda mais a nossa matriz, mitigando risco hidrológico com fontes limpas, portanto, incentivos para o desenvolvimento dessas frentes são prováveis”, disse.

Privatização da Eletrobras


Com relação à Eletrobras, privatizada em junho deste ano, o analista não vê grande risco de o governo voltar ao controle.

“Acho bastante improvável uma reversão da privatização da Eletrobras. O processo em si exigiu mudanças de legislação, estatutos e aumento de capital (diluindo a participação do governo), bem como cláusulas que implicariam em pagamentos bilionários caso o governo quisesse voltar ao controle da companhia. Em suma, a reversão é de grande custo político e financeiro”, avalia Tiglia.

Decisão da CVM para “esconder” carteira de fundos gera polêmica  

Ainda não há consenso no mercado sobre a polêmica alteração da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em uma norma para os fundos de ações ativos.

A CVM autorizou, na semana passada, que os Fundos de Investimentos ocultem no site da autarquia as ações que compraram e em qual quantidade por até seis meses.

Segundo a CVM, a Resolução CVM 172 entra em vigor a partir de 1º de dezembro deste ano.

A demanda dos gestores


A nova regra, concedida em caráter temporário e experimental, reviveu um antigo debate entre dois grupos: um deles que defende o capital intelectual e as estratégias dos gestores; e outro a maior transparência para os investidores.

Entenda toda a polêmica

Tradicionalmente, os gestores eram liberados a esconder suas carteiras pelo prazo de 90 dias, o que era padrão na indústria.

A argumentação para esse tipo de prazo era de que eles poderiam estar montando posições (ou se desfazendo delas), o que poderia ser prejudicado caso as carteiras fossem abertas o tempo todo.

A questão é que, mesmo assim, por meio de alguns algoritmos, era possível descobrir (ainda que de forma aproximada) as carteiras dos gestores se baseando em duas coisas: carteira antiga e as altas e quedas da bolsa.

O problema é que isso incomodava principalmente os gestores de ações — a nosso ver, com certa razão.

A reclamação é que suas carteiras estavam sendo copiadas por outros players do mercado. Conforme eles, todo o tempo, investimentos em equipe e em sistemas que eram utilizados para chegar naquela carteira estavam sendo entregues “de graça” a quem quisesse.

Os investimentos eram replicados.

Essa questão ficou ainda mais evidente quando foi feito o lançamento do ETF GURU11, fundo negociado em bolsa que buscava replicar a carteira de ações de gestores famosos, como Dynamo, Atmos entre outros.

Com tudo isso em mente, a CVM concluiu que as carteiras poderiam ser escondidas por seis meses. Até então, esse período era de até três meses (90 dias).

O que muda na prática?


Segundo o analista de fundos da Nord Research, Luiz Felippo, na prática, para o investidor final muda muito pouco.

“Ainda que eu sempre prefira mais transparência, a gente nunca investe em gestores baseados nas carteiras atuais deles, até porque os portfólios sempre mudam. O que muda muito menos é o processo de investimento, a forma de investir, como ele escolhe suas ações, a estratégia, o time. São atributos assim que você deve prestar atenção na hora de escolher seu fundo”, aponta Felippo.

Na sua opinião: essa replicação de carteira é uma quebra de direito de propriedade intelectual ou faz parte da competição? Envie sua resposta por e-mail.


Meme do dia

Fonte: Valuation Freestyle via Twitter/ Reprodução