É hora de comprar PETZ3 após acordo de fusão com a Cobasi?
A Petz (PETZ3) e a Cobasi chegaram, finalmente, a um acordo para uma "fusão de iguais", em uma operação que cria uma gigante do mercado pet brasileiro.
A possível transação sempre esteve entre as perguntas dos analistas, desde o IPO da Petz, em setembro de 2020. Porém, nos últimos meses, a operação ganhou ainda mais força e até se tornou uma pequena novela.
Entre idas e vindas, inclusive com a possibilidade de fusão com outro player do mercado (Petlove) sendo ventilada, a Petz bateu o martelo e escolheu a Cobasi para ser sua aliada na consolidação do segmento no país.
E agora, o que fazer com PETZ3 após o anúncio da fusão?
+47% logo na largada
O anúncio da transação foi dado, em primeira mão, pelo Brazil Journal, às 7h de ontem, 19, e confirmado pela própria empresa cerca de uma hora depois.
A notícia gerou uma grande expectativa no mercado e, logo na abertura do pregão, as ações da Petz subiram quase +47%. Depois, a alta se estabilizou em +40%.
Entretanto, o movimento não chegou perto de reverter toda a queda acumulada que as ações da empresa têm sofrido desde 2021, que era de -88% até o último pregão, mas foi reduzida para -82% após a notícia da fusão.
Apesar de as ações estarem longe de recuperar os patamares anteriormente negociados, o movimento trouxe um certo alento para os acionistas de longa data e um grande ânimo para os investidores recentes do papel, dado o potencial da operação.
Transação óbvia
A fusão entre a Petz e a Cobasi confirma um movimento de consolidação que muitos esperavam desde 2020.
A transação é até mesmo óbvia, uma vez que o mercado pet brasileiro ainda é extremamente fragmentado (mais de 80% é composto por pequenos e médios varejistas).
A estratégia das três maiores empresas é exatamente ganhar participação de mercado sobre os menores players, sem precisarem se “canibalizar” — ainda mais por terem planos distintos de expansão.
Enquanto a Petz avança em todo o país com novas lojas e serviços digitais, a Cobasi segue uma estratégia de concentrar sua marca em São Paulo. A Petlove, apesar de investir em varejo físico, ainda apresenta uma exposição mais relevante no digital.
Agora, Petz e Cobasi, juntas, potencializam ainda mais os seus planos de crescimento.
A maior empresa pet do Brasil
A empresa combinada será responsável pelo ecossistema pet mais completo do país, contando com mais de 20 marcas criadas ou adquiridas nos últimos anos.
Além disso, a nova empresa terá 483 lojas espalhadas pelo Brasil, sendo 249 da Petz e 234 da Cobasi.
No último ano, a Petz registrou uma receita bruta de R$ 3,8 bilhões, enquanto a Cobasi não ficou muito atrás, entregando R$ 3,1 bilhões. Dessa forma, o faturamento combinado das duas empresas será de R$ 6,9 bilhões.
Já o Ebitda da Petz foi de R$ 267 milhões em 2023 e o da Cobasi de R$ 197 milhões, resultando em um Ebitda combinado de R$ 464 milhões (margem de cerca de 7%).
Por fim, um dos principais pontos favoráveis da operação para a Petz é o fato da Cobasi ser caixa líquido — ou seja, possui mais caixa do que dívida em seu balanço.
A dívida líquida de R$ 23 milhões da Petz somada ao caixa líquido de R$ 232 milhões da Cobasi (capitalizada após aportes da Kinea), resultará em um caixa líquido de R$ 209 milhões para a empresa combinada.
Os recursos em caixa são apenas um dos gatilhos que ajudam a nova companhia a manter o foco no crescimento, assim como as duas já vinham fazendo individualmente.
Os números da transação
Para concluir o negócio, as empresas estabeleceram uma relação de troca igualitária de ações (50% para a Petz e 50% para a Cobasi).
A Petz foi avaliada em R$ 7,10 por ação, o que representa um valor de mercado de R$ 3,3 bilhões e um múltiplo EV/Ebitda implícito de 12,4x. Enquanto isso, a Cobasi foi avaliada com um desconto, a 10,9x Ebitda e um valor de mercado de R$ 2,1 bilhões.
Sendo assim, além das ações, os acionistas da Petz receberão uma parcela no valor de R$ 450 milhões por parte da Cobasi.
Após a transação, o fundador e CEO da Petz, Sergio Zimerman, ficará com 24,5% da empresa combinada, enquanto os outros acionistas da Petz terão 25,5%. Já os 50% da Cobasi serão divididos entre a família controladora (Nassar), a Kinea e outros investidores.
O CEO da nova companhia será Paulo Nassar, atual CEO da Cobasi, enquanto Sérgio Zimerman será o presidente do conselho, que contará com nove membros (quatro indicados por Zimerman e cinco pela família Nassar e pela Kinea).
O que fazer com PETZ3?
Apesar de as ações da Petz terem sido avaliadas em mais do que o dobro do preço de tela no fechamento anterior ao anúncio, isso não representa uma garantia absoluta.
Com a Cobasi, o potencial da Petz será, sim, impulsionado, principalmente pelos ganhos de escala, sinergias operacionais, fortalecimento de omnicanalidade (junção do varejo físico ao digital), entre outros benefícios a serem capturados nos próximos anos.
Contudo, é preciso acompanhar de perto o andamento do processo, os planos que serão definidos em conjunto e o avanço dos ganhos de longo prazo.
Se as expectativas se confirmarem e manterem (ou aumentarem) a visibilidade futura de crescimento, a empresa combinada fará jus aos múltiplos mencionados anteriormente.
No momento, com as ações negociando a menos de 8x Ebitda, continuamos comprados em PETZ3 na carteira do Nord 10X, com uma posição que nos deixa confortáveis para enfrentar possíveis incertezas e colher potenciais frutos no futuro.