Os preços do petróleo saltaram mais de 6% recentemente, impulsionados pelo corte surpresa de produção da OPEP+, pela reabertura da China, junto à desaceleração econômica nos EUA e todos os desdobramentos envolvendo a Rússia.

Manchete do site InfoMoney diz "Petróleo salta mais de 6% com corte surpresa de produção da OPEP; analistas veem brent superando US$ 100 o barril"
Fonte: InfoMoney

Corte no petróleo

O corte da OPEP+, que não era esperado pelo mercado, se mostrou bastante estratégico do ponto de vista da sustentação de preços mais altos, visto que a demanda ainda está bastante aquecida e uma rápida redução de oferta fez com que os preços disparassem.

Como o petróleo é um insumo mais sensível ao preço, é comum vermos os conflitos serem resolvidos via cortes de produção e consequente elevação do preço.

Desaceleração da economia

O repasse dos preços de petróleo e gás renova os temores de inflação e recessão nas economias desenvolvidas, dado que o insumo tem um enorme peso nos índices de inflação e pode forçar os bancos centrais a reavaliar o ciclo de alta dos juros.

Por enquanto, vemos um impacto bastante positivo nas empresas juniores de óleo e gás, em que as empresas menores do setor têm feito melhores negócios com as vendas de petróleo.

No Brasil, seguem no radar possíveis intervenções do governo para evitar a aderência da Petrobras (PETR4) ao preço de paridade de importação (PPI).

O PPI é formado pelos preços internacionais do diesel e da gasolina mais os custos que os importadores teriam para internalizá-lo no país.

Por ora, os preços dos combustíveis no mercado brasileiro estão abaixo dessa paridade internacional (linha azul). A linha laranja representa os preços referenciais de Brasília.

Gráfico mostra preços referenciais do petróleo no Brasil comparado aos preços internacionais do Brent nos últimos 12 meses
Fonte: Bloomberg

Nos últimos 12 meses, a paridade dos preços internacionais no Brasil foi praticada em conjunto durante um breve período em fevereiro deste ano, ficando majoritariamente abaixo ao longo do tempo.

Oportunidade de investimento

O atual patamar do barril tipo Brent, de US$ 86,27, é extremamente benéfico para PRIO (PRIO3).

Segundo a mais recente divulgação da companhia a respeito do nível de petróleo que equilibra seus custos e receitas (breakeven), o Brent fica em torno de US$ 40 por barril de Brent.

Então qualquer valor acima do breakeven proporcionará forte geração de caixa para a PRIO.

Na simulação abaixo, utilizando os níveis atuais de dólar, petróleo, custos da companhia e vendas (offtakes) por trimestre, o múltiplo da companhia ficaria cerca de 3,7 vezes frente aos atuais 6,4 vezes.

Projetamos um EV/Ebitda de cerca de 3,7 vezes para PRIO
Fonte: Dados atuais de mercado. Elaboração: Nord Research

Outro motivo que reforça a posição única da Prio no setor de petróleo e gás é o espaço para reduzir ainda mais os custos da companhia, em especial o de extração (lifting cost) — o que já foi sinalizado pela companhia nas últimas divulgações.

Ao mesmo tempo, PRIO segue capitalizada para buscar novos ativos.

Produção aumentou +85% A/A

A companhia também tem trazido novidades acima do esperado pelo mercado, como aumento de produção em seus campos.

Recentemente, o novo poço do campo de Frade (N5P2) apresentou uma performance muito acima do esperado. A expectativa era de 4 mil barris por dia e a produção já estabilizada ficou na casa dos 11 mil barris por dia, o que fez com o que campo de Frade superasse a marca dos 50 mil barris por dia, e o consolidado da companhia ficou em 90 mil barris por dia.

Para comparação da dimensão e rapidez no crescimento, de acordo com dados operacionais recém-divulgados referentes ao mês de março, a produção total havia sido 64,6 mil barris por dia e já representa um crescimento de +85% em relação ao mesmo período de 2022. Já a produção do 1T23 fechou com 61 mil barris por dia, um aumento de +74% do 1T22.

Mais potencial de valorização

O aumento da produção é um dos mais claros sinais de crescimento dos resultados, dado que PRIO ainda possui campos para entrar em seus resultados e podemos ter mais aquisições adiante.

Nossa projeção abaixo já inclui os resultados dos campos recém-adquiridos e imaginamos que a companhia buscará novas aquisições em breve, a fim de fazer os investimentos necessários para 2025 em diante buscando ter um novo aumento de produção.

PRIO estima uma produção total de 96 mil barris por dia em 2030
Fonte: Prio. Elaboração: Nord Research

Os motivos da nossa confiança

A PRIO tem superado trimestre a trimestre as expectativas do mercado ao longo dos anos.

Nossa tese de investimentos se sustenta em dois principais pilares: aumento de produção e redução de custos (lifting cost).

No setor de commodities, é importante que a companhia seja capaz de reduzir custos para trazer máxima rentabilidade ao negócio, dado que o preço não é algo que ela consegue controlar.

Além disso, é um setor que possui uma volatilidade maior nos resultados pela participação da commodity e um risco alto na aquisição de campos e exploração de petróleo, portanto o histórico de execução é extremamente importante.

No caso da PRIO, a companhia já se mostrou capaz de executar muito bem suas aquisições, realizando excelentes alocações de capital ao comprar campos de forma barata e estendendo sua vida útil, ampliando o volume de extração dos campos e reduzindo seu custo de extração, o que nos dá bastante confiança.

A companhia também se mostra muito capaz de gerir os preços de petróleo em momentos de maior instabilidade do mercado, utilizando-se de ferramentas simples em derivativos para proteção de preços, compra de put.
Assim, PRIO pode utilizar o seu hedge caso os preços [do petróleo] caiam demais, ou vender a mercado caso não haja uma queda brusca dos preços.

Independentemente da situação, a companhia se mantém protegida das oscilações de preço.

Dessa forma, continuamos confiantes no potencial de Prio e reiteramos nossa recomendação de compra para PRIO3.