Nord Insider

Nesta sexta-feira, 02, os índices futuros de Nova York operam no campo negativo, enquanto investidores aguardam pelo relatório de emprego Payroll dos Estados Unidos, o dado mais esperado da semana.

Na agenda econômica, destaque para a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor de novembro e para os dados de produção da indústria brasileira referentes ao mês de outubro. Nos Estados Unidos, sai o relatório de emprego de dezembro e a taxa de desemprego referente ao mês de dezembro.

Principais assuntos de hoje

  • Petrobras (PETR4) tomba após plano estratégico. Veja a nossa opinião;
  • O Reinado da Paranapanema está ameaçado?

Petrobras eleva projeção de investimentos, mas segue exigindo cautela

O Ibovespa fechou o primeiro dia de dezembro em queda com o peso da Petrobras. As ações preferenciais da empresa (PETR4) caíram -4,01%, a R$ 25,59, enquanto as ordinárias (PETR3) tiveram baixa de -3,75%, a R$ 29,25.

A queda reflete o temor de que o plano estratégico apresentado pela Petrobras deve passar por muitas mudanças com a sucessão de poder em Brasília.

Plano de investimento da Petrobras


A Petrobras anunciou na noite de quarta-feira, 30, seu plano estratégico para os próximos cinco anos. A previsão da empresa é investir US$ 78 bilhões entre 2023 e 2027, 15% acima do previsto no plano passado.

Segundo o Plano Estratégico da empresa, a prioridade continua a ser a exploração e produção (E&P) de petróleo, sobretudo no pré-sal. A companhia fala ainda em manter a atual política de dividendos nos próximos cinco anos.

Na visão do analista de ações da Nord Research, Guilherme Tiglia, o plano da Petrobras não traz grandes surpresas, uma vez que leva à continuidade do ritmo atual de crescimento.

“Em linhas gerais, observamos uma continuação da estratégia que vem sendo trilhada pela empresa ao longo dos últimos anos, portanto o plano divulgado não traz grandes novidades. Fazendo um breakdown, serão aplicados 83% em Exploração e Produção (E&P) com maior foco no pré-sal; 12% em Refino, Gás e Energia; 2% em Comercialização e Logística; e 3% em Corporativo”, disse o analista.

Adicionalmente, além dos US$ 78 bilhões, a Petrobras informou que vai alocar ainda cerca de US$ 20 bilhões em afretamentos (aluguéis) de novas plataformas, o que representa quase US$ 100 bilhões em projetos.

A estratégia pode mudar?


Considerando que o plano deve ser revisto pela nova equipe de transição, que tem manifestado interesse em transformar a Petrobras em uma empresa de energia (com foco em fontes renováveis), Tiglia comenta que esse ponto não pode ser ignorado.

“O novo plano está sendo definido pelo atual comando da empresa, mas sabemos que existem indefinições com relação aos próximos passos a partir do ano que vem, a depender da conduta a ser adotada pelo novo governo. Isto é, podemos ter uma mudança da água para o vinho de forma repentina com relação a todo esse planejamento estratégico”, pontua.

O que pode afetar dividendos?


Em plena transição de governo, a Petrobras confirmou que pretende manter a atual distribuição de proventos, com uma previsão de pagamento entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões no período de 2023 a 2027.

Os valores são os mesmos previstos no plano estratégico anterior e representam 60% do fluxo de caixa livre estimado do período.

“Assim como existem incertezas com relação a investimentos, também existem incertezas com relação a dividendos. Tudo pode ser alterado devido à sucessão de poder em Brasília, e é justamente aí que mora a incerteza”, comenta Tiglia.

Hora de investir ou não na estatal?

A Petrobras é uma gigante e isso é incontestável, entretanto, quando falamos de uma empresa estatal, a política é o grande risco na visão do analista.

“Apesar de o plano estar alinhado com o foco da empresa, voltado para geração de resultados e saúde financeira (o que a tornou uma grande pagadora de dividendos), não podemos tomá-lo como certo e direto considerando o risco de ingerência política que existe por trás da companhia”, diz.

Ele acrescenta que o governo eleito fez críticas em relação à alocação de capital da Petrobras, logo, como o plano está em linha com o que vinha sendo adotado (buscando melhoria operacional), fica a dúvida para o mercado (com um tom de certo ceticismo) com relação à manutenção do caminho que estão seguindo.

Assim sendo, vemos o momento como negativo para as ações no curto prazo, mesmo negociando a 1,7x EBITDA.

“Prefiro olhar de fora o desenrolar de tudo isso, uma vez que as incertezas sobre o futuro da companhia são consideráveis, principalmente em função das atitudes do novo governo com relação a: i) alocação de capital; ii) distribuição de dividendos; iii) política de preços; e iv) desinvestimentos”, conclui.

Nossa preferência

Nossa preferência dentro do setor está para as ações da 3R Petroleum (RRRP3), PetroReconcavo (RECV3) e Prio (PRIO3), com base nos múltiplos também atrativos e no crescimento esperado superior.

Inclusive, temos uma recomendação de Compra para as ações da RRRP na carteira Nord Small Caps. Veja a análise comparativa entre as três petroleiras privadas aqui.

Gráfico apresenta valorização das ações nos últimos três anos.
Valorização das ações nos últimos três anos. Fonte: Bloomberg

Paranapanema pede recuperação judicial em caráter de urgência

As ações da Paranapanema (PMAM3) iniciaram o mês de dezembro com uma forte queda após a companhia entrar com um pedido de recuperação judicial.

Os papéis da empresa encerraram o dia com perdas de -21,94%, cotados a R$ 4,66. No ano, acumulam recuo de -53,9%.

Papéis da companhia do setor de metalurgia fecharam em queda de -21,9% após pedido judicial.
Papéis da companhia do setor de metalurgia fecharam em queda de -21,9% após pedido judicial. Fonte: Bloomberg

Com o plano de recuperação judicial que será apresentado à assembleia geral de credores dentro dos prazos legais previstos, a empresa de refino de cobre visa “reequilibrar o fluxo de caixa e garantir o abastecimento do mercado”, informa a companhia em comunicado.

Problemas operacionais


Para o analista de ações da Nord Research, Fabiano Vaz, a companhia entrou em processo de pedido de RJ no momento por dois motivos: (i) o endividamento elevado e (ii) a baixa capacidade de geração de caixa para conseguir conciliar o pagamento dos seus compromissos e a continuidade das suas operações.

“O incidente na planta da Caraíba Metais, em Dias d’Ávila (BA), em 20 de junho, causou uma paralisação de cerca de 38 dias nas operações, o que trouxe prejuízos relevantes. O incidente intensificou ainda mais os problemas financeiros que a companhia já possuía — endividamento alto e dificuldade de geração de caixa”, avalia o analista.

Dívida da Paranapanema é de R$ 450 milhões

O portal Valor Econômico divulgou que a dívida da Paranapanema é de R$ 450 milhões.

A companhia anunciou, entre as medidas iniciais, já nesta semana um corte de pessoal, que chamou de “ajuste na estrutura organizacional de seus colaboradores para adequar o quadro funcional à demanda projetada”.

Reinado está ameaçado?

Entendemos que a recuperação judicial pode abrir a possibilidade de que outra empresa ocupe o espaço da Paranapanema, comenta Vaz.

“A produção da empresa vem sendo impactada pela restrição de capital de giro e pela dificuldade em conciliar o pagamento de suas dívidas e Capex. Caso a empresa continue com essa dificuldade, é possível que ela perca mercado ou seja adquirida por um competidor maior”.

Atuação da Paranapanema


A Paranapanema, com sede no estado da Bahia, é a maior produtora não integrada de cobre refinado, vergalhões, fios trefilados, tubos, barras, conexões e suas ligas.

Atualmente, a companhia é responsável por 94% do volume de cobre produzido no Brasil.

A empresa conta com quatro plantas industriais, sendo uma produtora de cobre refinado (ou cobre primário) localizada em Dias d’Ávila (BA), e três de produtos de cobre e suas ligas – uma em Serra (ES) e duas em Santo André (SP).

A logística de distribuição é feita pela controlada CDPC, com unidades no Rio de Janeiro e na Bahia.


Meme do dia

Fonte: Investidor da Depressão via Twitter/ Reprodução