Petrobras (PETR4) tem 3T24 afetado pela queda do petróleo, mas anuncia R$ 17,12 bi em dividendos
A Petrobras (PETR4) reportou resultados acima do consenso de mercado, com uma receita líquida de US$ 23 bilhões no 3T24, recuo de -8,6%, um Ebitda ajustado recorrente de US$ 11,6 bilhões, -15,2% de queda e um lucro líquido de R$ 5,8 bilhões, +7,6% de alta. Todos os resultados foram comparados com o mesmo período em relação ao ano anterior.
Principais destaques do resultado 3T24
Apesar de reportar resultados melhores que o esperado, o trimestre foi de queda para as suas duas divisões.
No segmento de Exploração e Produção (E&P), a companhia reportou uma produção média total de 2,689 MMboed (milhões de barris de óleo equivalente por dia) no 3T24, uma queda de -7,9% versus o 3T23. O pré-sal atingiu uma produção de 1,8 MMboed, uma redução de -2,7% na comparação anual. A produção no pós-sal foi o destaque negativo com uma queda de -33% em relação ao 3T23, refletindo os impactos de intervenções e paradas programadas.
Refletindo a menor produção, a queda de -8% do preço do petróleo Brent e o aumento de +7,7% do lifting cost (custo de extração), a receita da divisão somou US$ 15,4 bilhões no 3T24, recuo de -14% a/a.
Com as despesas controladas, o Ebitda de E&P totalizou US$ 10,4 bilhões (-15% a/a) e uma margem foi de 68% (-1 p.p.). O lucro líquido da divisão, por sua vez, ficou em US$ 5,4 bilhões, queda de -2% a/a.
No segmento de Refino, Transporte e Comercialização (“RTC”), o volume de vendas reportou uma leve queda de -2,7% no trimestre.
O recuo das vendas de diesel foi resultado do menor volume produzido, do aumento do teor de biodiesel na mistura do diesel e da menor demanda no período. Já a queda do volume da gasolina, se deve, principalmente, devido à perda de competitividade para o etanol hidratado na comparação anual.
Assim, a receita da divisão totalizou US$ 21,7 bilhões, uma queda de -8,2% na comparação com o 3T23, reflexo da combinação da alta de +19% do custo do refino e da queda de -7% dos preços dos derivados básicos
Com isso, o Ebitda da divisão totalizou US$ 1 bilhão (-49% a/), e a margem Ebitda ficou em apenas 5%, recuo de -3,9 p.p. versus o 3T23.
O desempenho fraco de ambas as divisões refletiu na queda de -9% da receita total da Petrobras.
Os custos maiores e as despesas controladas refletiram em um Ebitda ajustado recorrente de US$ 11,6 bilhões (-15,2% a/a), e a margem encerrou o 3T24 em 49,7%, redução de -3,9 pontos percentuais.
Refletindo tudo isso, o fluxo de caixa livre da Petrobras foi de US$ 6,8 bilhões, recuo de -18%.
O que esperar de Petrobras (PETR4; PETR3)?
Para 2024, a expectativa é uma queda de -20% da receita, -18% do Ebitda e de -40% do lucro, na comparação anual.
A expectativa agora fica para a divulgação e apresentação do plano estratégico 2025-2029, em 21 de novembro de 2024, após o fechamento do mercado. No plano estratégico, a estatal deve detalhar a retomada e expansão da produção de fertilizantes, e outro ponto controverso será o investimento destinado às energias renováveis.
A baixa rentabilidade do segmento de Refino, Transporte e Comercialização, corroi a capacidade de uma geração de caixa ainda mais robusta para a Petrobras, principalmente em períodos mais desafiadores para a Exploração e Produção.
Dividendos e JCP Petrobras
Além dos resultados, a Petrobras aprovou o pagamento de proventos intercalares no valor de R$ 17,12 bilhões, equivalente a R$ 1,3282 por ação.
Os proventos serão pagos em duas parcelas, sendo:
1ª parcela, no valor de R$ 0,66410331 por ação com pagamento em 20 de fevereiro de 2025.
2ª parcela, no valor de R$ 0,66410330 por ação que será paga em 20 de março de 2025.
A data de corte será no dia 23 de dezembro de 2024, e serão negociadas ex-direitos a partir de 26 de dezembro de 2024.
Vale ressaltar que a Petrobras ainda não definiu a forma de distribuição, podendo ser em dividendos e/ou juros sobre capital próprio (JCP). A decisão ocorrerá até o dia 12 de dezembro de 2024.
Petrobras ainda pode anunciar dividendo extraordinário
Em conjunto com a elaboração do plano estratégico, a estatal avalia se haverá ou não distribuição de dividendos extraordinários. A expectativa é de que a companhia aumente o total dos investimentos (capex, no termo em inglês) dos US$ 102 bilhões do plano atual para US$ 110 bilhões, segundo apurou o Valor.
A prioridade do Plano Estratégico 2025-2029, o primeiro sob a gestão de Magda Chambriard, estará na exploração de novas fronteiras, caso da Margem Equatorial e da Bacia de Pelotas, e na atuação em petroquímica e fertilizantes.
Qual o dividend yield de Petrobras (PETR4)?
O dividend yield de Petrobras (PETR4) dos últimos 12 meses é de 13,8%.
É uma boa hora para comprar ações da Petrobras?
Apesar da grande representatividade dos investimentos em Exploração e Produção, o capex para fertilizantes e energias renováveis vêm ganhando cada vez mais representatividade na estatal. Consequentemente os riscos aumentam devido ao histórico da má execução e dos retornos baixíssimos dos negócios não core da estatal.
A alocação ruim de capital e as ingerências na autonomia da estatal podem impactar a geração de caixa e consequentemente a distribuição de dividendos. A nosso ver, estes devem ser os principais pontos de atenção para os investidores de longo prazo.
Apesar da forte geração de caixa atual, entendemos que os riscos em relação às ingerências por parte do governo e alocação ruim de capital são relevantes.
Tendo isso em vista e considerando a visibilidade de crescimento e valuation atrativo, preferimos ficar de fora ou trocar PETR4 por PRIO3.