O mercado de trabalho dos Estados Unidos abriu  256 mil vagas em dezembro, acima das expectativas de 165 mil. Esse foi o maior resultado desde março de 2024. 

O dado de novembro foi revisado para baixo, de 227 mil para 212 mil, enquanto o mês de outubro foi revisado para cima, de 36 mil para 43 mil. As revisões dos dois meses anteriores, portanto, somam 8 mil empregos a menos do que havia sido divulgado anteriormente.

Fonte: zerohedge

A aceleração de dezembro frente ao mês anterior foi influenciada especialmente pela categoria de “comércio, transportes e utilities”, motivado pelo crescimento das vagas no comércio varejista, principalmente pelo setor de vestuário.

Ou seja, um crescimento por um setor que está ligado diretamente com a dinâmica da atividade econômica, podendo ser um reflexo de necessidade de trabalhadores na área em razão do consumo elevado da população no último mês do ano.

Fonte: Bloomberg
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Enquanto isso, a taxa de desemprego caiu de 4,2% para 4,1%, melhor que as expectativas de 4,2%.

Fonte: Bloomberg

Outro ponto interessante é que a taxa de subemprego, que reflete aqueles que trabalham menos tempo do que gostariam, caiu de 7,7% para 7,5%, a menor taxa desde junho.

Fonte: Bloomberg

Os salários por hora trabalhada, por outro lado, ficaram em linha com o esperado, com uma alta mensal de 0,3%. Em 12 meses, acumulam uma alta de +3,9%.

Fonte: Bloomberg

Esse resultado de salários por hora trabalhada foi acompanhado por uma manutenção nas horas trabalhadas semanais, em 34,3.

Fonte: Bloomberg

Por um lado, o dado reforça a resiliência da economia americana, que ainda se depara com um mercado de trabalho apertado e consumo elevado, pontos bem positivos para a atividade.

Por outro lado, é um dado que reforça as preocupações com a dinâmica inflacionária.

Nos últimos meses, temos visto uma economia americana desacelerando muito mais lentamente do que víamos anteriormente, o que levou, corretamente, ao Federal Reserve adotar uma postura mais conservadora ao falar sobre os seus próximos passos.

Em relação aos seus próximos passos, a chance de corte de juros em janeiro desaparece com essas informações recentes, além de diminuir a probabilidade de corte para a reunião de março.

É importante lembrar que os dados do Payroll referentes ao primeiro trimestre do ano não costumam ser fracos.

Dito isso, passo a ver não só manutenção da taxa de juros na reunião de janeiro, como também em março. Ainda é cedo para afirmar que com certeza isso irá acontecer, uma vez que temos que aguardar as próximas divulgações e o Fed vem se mostrando bem dependente dos dados correntes para a tomada de decisão de reunião em reunião.

De todo modo, essa é a minha expectativa considerando os dados disponíveis até o momento.

O que é Payroll?

O Payroll é o principal indicador sobre o mercado de trabalho formal dos Estados Unidos.

Quando é o Payroll?

Na primeira sexta-feira de cada mês, sempre às 10h30 do horário de Brasília.

Quem divulga o Payroll?

A agência governamental U.S. Bureau of Labor Statistics.

Do que o Payroll é composto?

O Payroll é calculado a partir de uma pesquisa com 119 mil empresas, representando aproximadamente 629 mil locais de trabalho nos EUA. 

A partir dessa amostra, calcula-se números como empregos criados, taxa de desemprego, horas de trabalho, salários por hora trabalhada e taxa de participação na força de trabalho.

Vale ressaltar que as estimativas consideram empregos formais e exclui os trabalhadores agrícolas, autônomos e empregos domiciliares.

Como o Payroll afeta a economia?

O Payroll reflete a dinâmica do mercado de trabalho americano, estando relacionado ao nível de aquecimento da atividade econômica local.

Em cenários de aquecimento da economia, o número de criação de vagas e os ganhos salariais tendem a ser maiores, assim como a taxa de desemprego tende a ser mais baixa.

Quanto mais forte o Payroll, maiores os seus efeitos sobre a inflação, diante das maiores pressões salariais que levam a um maior consumo.

Como analisar o Payroll?

Diversos números devem ser levados em consideração ao analisar o Payroll, sendo os principais deles: empregos formais criados, taxa de desemprego e salários.

Uma análise bem feita demanda um olhar para dentro desses números, como os setores que mais criaram vagas. Além disso, é possível investigar outros detalhes como empregos de período integral vs empregos de meio período.

São detalhes como esses que tornam a análise mais completa para ser possível interpretar os efeitos do Payroll sobre a inflação e, consequentemente, sobre a política monetária a ser adotada pelo Federal Reserve.