Short squeeze: o que é e como ele pode impactar seus investimentos
No dinâmico tabuleiro dos mercados financeiros, estratégias e fenômenos emergem com a promessa de grandes retornos ou ameaças de perdas significativas. Entre eles, um se destaca pela sua capacidade de influenciar drasticamente os preços das ações — o short squeeze.Mas o que realmente se esconde por trás dessas duas palavras que podem balançar os alicerces dos seus investimentos? Acompanhe o conteúdo para saber mais.
O que é short squeeze?
O termo refere-se a uma situação que ocorre quando o preço de uma ação sobe repentinamente, forçando investidores que estavam vendidos a descoberto a comprar rapidamente os papéis para cobrir suas posições.
Esse movimento brusco cria uma demanda repentina e intensa, elevando ainda mais o preço da ação em um curto período de tempo.
Para entender melhor, é necessário saber o que significa “operar vendido” na bolsa de valores.
Quando um investidor opera vendido, está apostando que o preço de uma ação vai cair. Funciona assim: ele "aluga" a ação de outro investidor e a vende no mercado, esperando comprá-la de volta mais barata no futuro para devolver ao dono original e lucrar com a diferença.
Se o valor da ação realmente cair, ele ganha dinheiro. Mas se subir, ele pode acabar perdendo muito.
Trazendo para o dia a dia, imagine que você acredita que os papéis de uma empresa, avaliados em R$ 50 cada, vão cair. Nesse cenário, aluga 100 ações e as vende por R$ 50 cada, obtendo R$ 5 mil no total.
Se o preço das ações cair para R$ 40, pode comprá-las de volta por R$ 40 cada, gastando R$ 4 mil, devolver as 100 ações ao investidor de quem foram alugadas e lucrar R$ 1 mil com a diferença.
No entanto, se o valor dos papéis subir em vez de cair, e você precisar comprá-las de volta a um preço mais alto, o prejuízo pode ser significativo. Por exemplo, se o preço aumentar para R$ 60 cada, você gastará R$ 6 mil para adquirir as 100 ações. Isso resulta em um prejuízo de R$ 1 mil – um exemplo de short squeeze.
Por que o short squeeze acontece?
Esse fenômeno acontece porque o mercado financeiro é altamente dinâmico e influenciado por uma série de fatores, tanto racionais quanto emocionais.
Quando muitos investidores apostam na queda de uma ação, isso pode levar a uma situação onde qualquer notícia positiva ou evento inesperado cria pânico entre aqueles que estão vendidos, forçando-os a comprar ações para cobrir suas posições — short squeeze ocorre em momentos de alta especulação.
Além disso, movimentos coordenados por grupos de investidores mostram que até mesmo redes sociais e fóruns online podem ter um impacto significativo no desencadeamento de um short squeeze.
O papel do free float e do aluguel de ações nesse fenômeno
O free float, ou "flutuação livre", é a quantidade de ações de uma empresa que está disponível no mercado para negociação.
Um curto free float pode amplificar o efeito de um short squeeze porque há menos ações disponíveis para compra. Isso significa que qualquer aumento na demanda pode causar uma elevação acentuada no preço das ações.
O aluguel de ações, por sua vez, é uma prática comum onde um investidor que possui papéis de uma empresa as empresta para outros investidores que desejam operar vendidos.
Se muitas pessoas estão alugando e vendendo ações de uma companhia e o preço começa a subir, esses investidores vendidos podem ser forçados a zerar suas posições, comprando de volta os papéis a preços mais altos, intensificando o short squeeze.
Como se proteger de um short squeeze?
Se está operando vendido em uma ação, o risco de enfrentar um short squeeze sempre existe. Para tentar prevenir que esse fenômeno ocorra com você é importante estar atento a alguns fatores:
- monitoramento constante: acompanhe as notícias e eventos relacionados à empresa em que você está operando. Mudanças repentinas podem indicar um possível short squeeze;
- limitação de perdas: utilize ordens de
- diversificação: não coloque todo o seu capital em uma única posição.
Além disso, investidores de longo prazo podem utilizar derivativos e opções como ferramentas para se proteger de eventos como o short squeeze.
As opções de compra, por exemplo, permitem que o investidor tenha o direito, mas não a obrigação, de comprar uma ação a um preço específico no futuro. Isso pode ser útil para quem deseja limitar suas perdas caso ocorra esse fenômeno de aumento no valor de um papel repentinamente.
Short squeeze à vista, o que fazer?
Ao perceber um movimento que pode desencadear um short squeeze, é fundamental agir com cautela.
Analise se o aumento do preço está sendo impulsionado por fundamentos sólidos ou se há uma especulação exagerada. Considere ajustar suas estratégias de investimento para proteger seu portfólio e, se necessário, consulte um profissional financeiro para orientações mais específicas.
Alguns casos de short squeeze
Um exemplo notável de short squeeze ocorreu com as ações da GameStop em 2021. Muitos investidores estavam vendidos a descoberto, apostando na queda das ações da empresa. No entanto, um movimento coordenado por investidores individuais fez com que o preço dos papéis subisse rapidamente.
Esse aumento repentino forçou os investidores vendidos a comprar as ações de volta a preços muito mais altos para cobrir suas posições, intensificando ainda mais o squeeze.
Outro exemplo ocorreu com a Volkswagen em 2008. Notícias sobre a Porsche aumentando sua participação na Volkswagen causaram um short squeeze significativo, resultando em uma valorização explosiva das ações da Volkswagen e criando grandes perdas para investidores vendidos a descoberto.
No Brasil, a bolsa de valores também testemunhou episódios de short squeeze. Em 2022, ocorreu com a Resseguradora IRB (IRBR3); em 2023 com a incorporadora Gafisa (GFSA3); e em 2024, com a Ambipar (AMBP3), empresa que atua na gestão ambiental.
Por fim, vale ressaltar que se manter informado sobre as mudanças no mercado é essencial para proteger seu portfólio de investimentos do short squeeze e outros fenômenos.