Muitas pessoas recorrem a financiamentos e empréstimos para realizar grandes aquisições, como imóveis e veículos. No entanto, ao contratar essas linhas de crédito, é essencial entender o que é amortização e seu impacto no pagamento das dívidas ao longo do tempo.

Neste artigo, explicamos esse conceito, os tipos existentes e como ele pode ser uma ferramenta importante para o planejamento financeiro. 

Sumário

O que é amortização?

Amortização é o processo de pagar uma dívida de forma gradual, reduzindo o saldo devedor ao longo do tempo. A cada parcela paga, uma parte do valor é destinada ao principal (valor da dívida) e outra parte aos juros e encargos. Esse processo é comum em financiamentos e empréstimos, onde o devedor paga parcelas mensais até a quitação total da dívida.

Por exemplo, ao contratar um empréstimo de R$ 7 mil para pagar em 10 parcelas de R$ 1 mil, uma parte de cada parcela será destinada a amortizar o valor principal, enquanto o restante cobrirá os juros.

No início do contrato, uma fração maior é destinada aos juros, enquanto o valor principal começa a ser reduzido mais rapidamente conforme a dívida vai sendo paga.

Como funciona a composição de uma parcela?

Cada parcela de um financiamento ou empréstimo é composta por três elementos principais. Confira a seguir:

  • valor do principal, que se refere ao montante original da dívida. A cada parcela, uma parte desse valor é amortizada, reduzindo o saldo devedor;
  • juros, que são os encargos cobrados pela instituição financeira sobre o valor emprestado. No início do pagamento, a parcela de juros é maior, diminuindo ao longo do tempo;
  • encargos e despesas adicionais, que incluem outros custos, como seguros obrigatórios e taxas administrativas — variando conforme o tipo de financiamento.

A proporção entre o valor principal e os juros dentro de uma parcela dependerá do sistema de amortização escolhido.

Tipos de amortização no mercado financeiro

Existem diferentes sistemas de amortização no mercado brasileiro. Cada um possui características que influenciam o valor final das parcelas e o total a ser pago ao longo do tempo.

Sistema Price

Também conhecido como Tabela Price, esse sistema prevê o pagamento de parcelas de valor fixo. No início, a maior parte da parcela é destinada aos juros, com o valor principal sendo amortizado de forma mais lenta.

Esse modelo oferece previsibilidade nas parcelas, mas o custo total pode ser maior devido à maior incidência de juros no início.

Sistema de Amortização Constante (SAC)

No sistema SAC, o valor amortizado do principal é constante em todas as parcelas, enquanto os juros diminuem ao longo do tempo. Assim, as parcelas iniciais são mais altas e vão diminuindo com o passar dos meses. Esse modelo é vantajoso para quem deseja reduzir o custo total da dívida, já que os juros incidem sobre um saldo devedor cada vez menor.

Sistema de Amortização Misto (SAM)

O SAM é uma combinação dos sistemas Price e SAC. As parcelas são calculadas com base na média aritmética entre os dois sistemas, resultando em valores intermediários em relação aos juros. É comum em financiamentos imobiliários, oferecendo uma alternativa entre o custo menor do SAC e a previsibilidade do Price.

Sistema Americano de Amortização (SAA)

No SAA, o pagamento do principal ocorre apenas na última parcela, com as parcelas iniciais sendo compostas apenas por juros e encargos. Esse sistema é utilizado em situações específicas, onde o devedor planeja quitar a dívida com uma quantia recebida no futuro.

Sistema de Pagamento Variável (SPV)

No SPV, as parcelas variam conforme o índice de referência, como a inflação.

Essa modalidade é indicada para quem possui flexibilidade financeira e pode se beneficiar de quedas nos índices. No entanto, há o risco de aumento nas parcelas em períodos de alta inflacionária.

Como amortizar um empréstimo consignado?

Amortizar um empréstimo consignado é uma operação relativamente simples. Para liquidar uma ou mais parcelas (ou até mesmo o saldo total da dívida), basta entrar em contato com a instituição financeira responsável pelo contrato e solicitar o cálculo atualizado do saldo devedor.

Normalmente, o credor enviará um boleto com o valor devido e com o desconto de juros referentes ao pagamento antecipado das parcelas.

Além disso, o processo de amortização de um consignado pode variar conforme a instituição financeira, mas geralmente o procedimento é rápido e o valor economizado nos juros pode ser significativo.

A dica é sempre pedir o detalhamento do saldo atualizado, incluindo o valor do principal, juros e eventuais taxas administrativas, para entender o quanto será economizado com a antecipação.

Para simplificar, um exemplo comum é o financiamento de R$ 100 mil com taxa de juros de 10% ao ano. No Sistema SAC, a amortização mensal do principal seria constante, e os juros seriam aplicados sobre o saldo restante. Já na Tabela Price, a parcela fixa é calculada com base na soma dos juros e da amortização em valores variáveis ao longo do tempo.

Antecipação de amortizações: vale a pena?

Antecipar parcelas pode ser vantajoso, mas depende da forma de amortização escolhida. A melhor estratégia costuma ser antecipar o pagamento do valor principal, pois isso reduz o saldo devedor, diminuindo também os juros totais a serem pagos. Já a antecipação de parcelas pode não trazer um impacto tão expressivo na redução do saldo devedor.

Principais vantagens da amortização

Amortizar uma dívida pode trazer diversos benefícios, confira abaixo:

  • redução do custo total: amortizar o saldo devedor diminui o valor dos juros, resultando em uma economia no total da dívida;
  • possibilidade de encurtar o prazo: com a quitação antecipada, o consumidor libera o orçamento mais rapidamente para outros fins.
  • alívio no orçamento mensal: reduzir o valor das parcelas pode ajudar a manter o orçamento equilibrado, especialmente em momentos de alta de juros.

Principais desvantagens da amortização

Apesar dos benefícios, é necessário se atentar a alguns pontos como:

  • menor liquidez no curto prazo: usar recursos para amortizar pode limitar o caixa disponível para emergências ou investimentos;
  • oportunidade de investimento perdida: em alguns casos, pode ser mais vantajoso investir o dinheiro em vez de amortizar, dependendo da taxa de juros do contrato.

Como utilizar o FGTS para amortizar financiamento imobiliário

O saldo do FGTS pode ser utilizado para amortizar ou quitar financiamentos imobiliários.

Existem duas opções principais: reduzir o saldo devedor ou diminuir o valor das parcelas por um período determinado. Para usar o FGTS, o contrato deve atender a alguns critérios, como o imóvel ser residencial e estar dentro do limite de valor estabelecido pela Caixa Econômica Federal.

É melhor amortizar o saldo devedor ou reduzir as parcelas?

A escolha entre amortizar o saldo devedor ou reduzir as parcelas depende dos objetivos do devedor.

Quem busca reduzir o prazo total da dívida e economizar com juros deve priorizar a amortização do saldo devedor. Já quem prefere aliviar o orçamento mensal pode optar pela redução das parcelas, o que permite um respiro financeiro a curto prazo.

Vale reforçar, no entanto, que, sempre que possível, é recomendável priorizar a redução do saldo devedor. Ao reduzir o montante da dívida principal, os juros incidem sobre um valor menor, gerando economia no longo prazo e possibilitando uma quitação mais rápida.

A amortização é uma estratégia importante para o planejamento financeiro, especialmente em financiamentos e empréstimos de longo prazo. Entender os tipos de amortização disponíveis e as vantagens de antecipar parcelas ajuda o consumidor a tomar decisões mais conscientes, equilibrando o custo do crédito com o seu orçamento pessoal.