Natura (NTCO3) tem prejuízo de R$ 439 milhões no 4T24: o que fazer com o papel?
Receita da Natura avança, mas rentabilidade é impactada por reestruturação e investimentos; veja nossa recomendação
A Natura &Co (NTCO3) apresentou crescimento expressivo na receita no 4T24, mas ainda registrou prejuízo líquido. A receita líquida atingiu R$ 7,7 bilhões, um aumento de +63,1% em relação ao 4T23, impulsionada pelo crescimento da marca Natura no Brasil (+21,1%) e nos mercados hispânicos (+33,5% ex-Argentina).
O Ebitda recorrente foi de R$ 703 milhões, avançando +50,4% na comparação anual, mas a margem Ebitda caiu 70 bps, para 9,1%, devido a investimentos em TI contabilizados como Opex em vez de Capex (-160 bps) e royalties (-50 bps). Desconsiderando eventos não recorrentes, o Ebitda da companhia ficou negativo em R$ 139,6 milhões.
Apesar da melhora operacional, a empresa reportou um prejuízo líquido de R$ 439 milhões, ante prejuízo de R$ 2,7 bilhões no 4T23, impactado por R$ 843 milhões em ajustes não operacionais, principalmente pelo suporte ao processo de reestruturação da Avon Products Inc. (Chapter 11 nos EUA).

Os principais destaques positivos foram o forte crescimento da receita, a redução do prejuízo e a melhora do Ebitda recorrente, além da eficiência operacional na Holding, que reduziu suas despesas corporativas em 36%, diante da reestruturação da companhia.
No entanto, a empresa ainda enfrenta desafios como a pressão sobre as margens, o endividamento elevado e o aumento das despesas operacionais.
A dívida líquida encerrou o trimestre em R$ 2,4 bilhões, apresentando melhora em relação ao 3T24, enquanto a alavancagem ficou em 1,27x Dívida Líquida/Ebitda.
O fluxo de caixa livre foi negativo em R$ 126 milhões, mas representou uma recuperação em relação aos -R$ 1,8 bilhão registrados no ano anterior.
A companhia não anunciou o pagamento de proventos. O dividend yield de Natura (NTCO3) dos últimos 12 meses é de 5,42%.
Ações da Natura (NTCO3): o que esperar em 2025?
Para o futuro, a empresa continua focada na captura de sinergias com a integração da Natura e Avon na América Latina, impulsionada pela implementação da Onda 2 no México e Argentina.
Além disso, a Natura estuda um possível desinvestimento na Avon International, visando uma melhora nas margens em 2025, impulsionada pela otimização logística e digitalização. No entanto, a possível desaceleração do mercado de beleza no Brasil pode representar um desafio adicional.
Natura &Co busca recuperação, mas riscos seguem
Entre os principais riscos para a tese de investimento, destacam-se os desafios na integração da Onda 2, a continuidade dos prejuízos, que podem pressionar o valor das ações no curto prazo, e a forte concorrência no setor de beleza.
Apesar do crescimento robusto da receita, a Natura &Co ainda enfrenta desafios na rentabilidade e na estrutura financeira. O processo de reestruturação e os investimentos estratégicos devem contribuir para melhorias ao longo de 2025, mas há riscos relevantes que precisam ser monitorados.
No momento, preferimos ficar de fora das ações da Natura.