A mesada para filhos é uma prática comum em muitas famílias e uma excelente ferramenta para ensinar educação financeira desde a infância. Além de proporcionar uma experiência real sobre o valor do dinheiro, a mesada ajuda as crianças e adolescentes a desenvolverem habilidades de planejamento, controle financeiro e poupança. Mas, para que isso aconteça de forma eficaz, é preciso entender como estruturar a mesada e garantir que ela seja uma aliada na educação financeira dos pequenos. Neste artigo, vamos explicar tudo sobre o tema e responder às dúvidas mais frequentes sobre o assunto.

A importância da mesada na educação financeira

A mesada pode ser vista como um pequeno salário que a criança recebe, com a finalidade de administrar seus próprios recursos. Ao ter controle sobre um valor fixo, as crianças aprendem a tomar decisões, como economizar para comprar algo que desejam ou gastar parte do dinheiro em itens menores. Esse processo ajuda a desenvolver competências essenciais para a vida adulta, como o planejamento, o autocontrole e o entendimento das consequências financeiras de cada escolha.

Segundo estudos, crianças que aprendem desde cedo a lidar com dinheiro têm mais chances de se tornarem adultos financeiramente responsáveis. A prática de dar mesada incentiva o diálogo sobre finanças dentro do ambiente familiar, algo que ainda é raro em muitas casas. A pesquisa "Finanças para os Filhos: Dinheiro é Coisa de Adulto?", realizada pela Serasa em 2023, revelou que 56% dos brasileiros nunca conversaram sobre dinheiro com seus pais na infância. No entanto, 80% das famílias hoje afirmam que já conversam com seus filhos sobre o tema.

Dar ou não dar mesada? Vantagens e desvantagens

Embora a mesada tenha muitos benefícios, há também famílias que preferem não adotar essa prática. Isso pode acontecer por diversos motivos, como a crença de que a criança pode não entender o valor real do dinheiro ou porque os pais têm dúvidas sobre a melhor forma de aplicá-la. Vamos explorar os prós e contras da mesada para ajudar a tomar essa decisão:

Vantagens da mesada:

  • Responsabilidade financeira: Ao receber um valor fixo, a criança aprende a controlar seus próprios gastos e a fazer escolhas financeiras.
  • Autonomia: A mesada dá à criança a liberdade de decidir o que comprar, proporcionando uma sensação de independência.
  • Planejamento: A prática de poupar parte da mesada para comprar algo mais caro no futuro ensina o valor do planejamento e da paciência.
  • Controle de impulsos: Com um orçamento limitado, as crianças aprendem a evitar compras por impulso e a priorizar o que é mais importante.
  • Educação financeira prática: A mesada cria uma oportunidade para que os pais orientem sobre conceitos como orçamento, poupança e crédito.

Desvantagens da mesada:

  • Uso inadequado do dinheiro: Se não houver uma orientação clara, a criança pode acabar gastando o dinheiro em coisas supérfluas ou desnecessárias.
  • Confundir com recompensa: A mesada não deve ser usada como forma de pagamento por comportamentos esperados, como tirar boas notas ou arrumar o quarto. Obrigações rotineiras não devem ser trocadas por dinheiro.
  • Dificuldade em administrar: Crianças muito pequenas podem não ter noção suficiente de como gerenciar o dinheiro, o que pode frustrar tanto os pais quanto os filhos.

Como começar a dar mesada

Se você decidiu que a mesada será uma ferramenta de educação financeira na sua casa, é importante estruturar bem a sua aplicação. Para isso, você precisa definir o valor, a periodicidade e estabelecer regras claras para o uso desse dinheiro.

1. Defina o valor adequado da mesada 

O valor da mesada pode variar bastante de acordo com a situação econômica da família, a idade da criança e o contexto social em que ela está inserida. Algumas famílias optam por usar a regra de "R$ 1 por ano de vida", ou seja, uma criança de 8 anos receberia R$ 8 por semana. Já outras preferem definir um valor baseado em outros fatores, como os tipos de gastos que os filhos podem ter.

Lembre-se de que o valor da mesada não precisa ser alto. O importante é que ele seja adequado à realidade da criança e ensine a administrar o dinheiro de forma consciente. Por exemplo, uma família que tem mais filhos ou uma renda limitada pode oferecer valores menores. Já famílias com mais recursos podem dar valores mais altos, mas é importante que a mesada ensine sobre escolhas e limites, independentemente da quantia.

2. Escolha a periodicidade ideal 

A periodicidade da mesada também depende da idade da criança. Veja algumas sugestões:

  • Crianças até 6 anos: Nessa fase, o ideal é dar dinheiro de forma eventual, para que a criança comece a entender a relação entre o dinheiro e a compra de objetos.
  • Crianças de 6 a 7 anos: A mesada semanal (semanada) é mais eficaz, já que nessa idade um mês pode parecer muito longo. Assim, a criança consegue se organizar melhor com o dinheiro.
  • Crianças de 8 a 11 anos: A quinzenada já pode ser aplicada, pois a criança começa a desenvolver mais autonomia e entendimento sobre planejamento financeiro.
  • A partir dos 12 anos: A mesada mensal já é recomendada, para que o adolescente tenha uma visão mais próxima da vida adulta. Nessa fase, pode-se também abrir uma conta-corrente ou um cartão pré-pago, com supervisão dos pais, para exercitar o uso responsável do dinheiro.

3. Estabeleça regras claras 

Para que a mesada seja eficaz, é necessário que existam regras bem definidas. A criança deve saber o que pode comprar com a mesada, e é importante que haja limites. Explique que parte do dinheiro pode ser usado para gastos imediatos (como doces ou brinquedos), mas também ensine a importância de poupar uma parcela para metas maiores.

Outro ponto importante é que a mesada não deve ser utilizada para comprar itens essenciais, como material escolar ou lanches da escola. Esses são deveres dos pais, e não devem ser incluídos no orçamento da criança, para evitar que ela economize em aspectos fundamentais, como alimentação.

Dicas para estimular o hábito de poupar

Poupar é um dos principais ensinamentos que a mesada pode proporcionar. Crianças que aprendem a guardar dinheiro desde cedo tendem a desenvolver um senso de disciplina e planejamento a longo prazo. Aqui estão algumas dicas para incentivar esse hábito:

  • Crie metas de poupança: Incentive a criança a estabelecer objetivos de curto, médio e longo prazo. Por exemplo, ela pode querer comprar um brinquedo mais caro, que vai demandar várias semanas ou meses de economia.
  • Use cofrinhos ou contas de poupança: Para crianças menores, o uso de cofrinhos pode ser uma boa ideia. Já para adolescentes, abrir uma conta bancária ou utilizar um cartão pré-pago ajuda a tornar o processo de poupança mais real.
  • Bonifique boas práticas: Ofereça pequenos incentivos quando a criança atinge suas metas de poupança, como um bônus na mesada ou a compra de algo que ela deseja.

Quando a mesada pode ser prejudicial?

Embora a mesada tenha muitos benefícios, ela pode ser prejudicial se for usada de forma errada. Não é recomendado, por exemplo, usar a mesada como uma forma de pagamento por deveres básicos, como arrumar o quarto ou fazer a lição de casa. Tais tarefas fazem parte das responsabilidades da criança e não devem ser "compradas" com dinheiro. Outro cuidado é evitar utilizar a mesada para compras que são obrigação dos pais, como roupas, livros escolares ou alimentação.

A mesada também pode ser problemática se os pais não estabelecerem limites ou se as crianças não tiverem orientação sobre como usar o dinheiro. Sem regras claras, a mesada pode se tornar apenas um valor extra para gastos supérfluos, sem ensinar a criança a importância de economizar ou planejar.

Dicas finais para um uso eficaz da mesada

Para garantir que a mesada seja uma ferramenta eficiente de educação financeira, aqui estão algumas dicas finais:

  • Dialogue sobre dinheiro: Aproveite a mesada como uma oportunidade para conversar sobre finanças. Explique como o dinheiro é ganho, como deve ser gasto e como economizar é importante.
  • Seja consistente: Se decidiu dar mesada, mantenha a regularidade. Estabeleça um dia fixo para o pagamento, como o primeiro dia do mês, e não mude as regras constantemente.
  • Ensine pelo exemplo: Mostre à criança que o dinheiro deve ser usado de forma consciente, tanto no que diz respeito a gastos quanto à poupança. Se possível, inclua-a em pequenas decisões financeiras da casa, como escolher itens no supermercado ou comparar preços de produtos.

Onde investir a mesada?

Em alguns bancos como Inter, Nubank, Banco do Brasil e Pic Pay já é possível abrir conta para menores de 18 anos. Cada banco vai oferecer serviços e funcionalidades diferentes, mas, de modo geral, é comum em uma conta para menor de 18 anos possuir cartão de débito, acesso ao aplicativo de forma intuitiva, controle parental e educação financeira.

Conclusão

A mesada pode ser um excelente instrumento para ensinar educação financeira desde a infância, desde que usada de forma consciente e orientada. Ela proporciona às crianças e adolescentes um contato real com o dinheiro.