O mês de janeiro foi marcado pelo aumento do fluxo de investidores estrangeiros na Bolsa brasileira, pela queda dos juros futuros e também do dólar, o que gerou um impulso positivo para os ativos domésticos. No entanto, a Selic foi elevada em 1 ponto percentual pelo Copom, atingindo 13,25%, enquanto o Fed, nos EUA, manteve a taxa básica de juros na faixa de 4,25% a 4,50%.

Desempenho dos principais índices em janeiro

Com os juros futuros voltando a cair e o maior fluxo de investidores estrangeiros, todos os principais índices acionários encerraram o mês subindo. O IBOV encerrou em alta de +4,9%, enquanto o SMLL subiu +6,1% e o IDIV, +3,5%.

 IBOV x IDIV x SMLL x Juros futuros 2029 em janeiro de 2025. Fonte: Bloomberg

Das 88 ações que compõem o IBOV, 65 registraram alta no período, enquanto as outras 23 fecharam em baixa. 

O principal destaque positivo do mês foi a CVC (CVCB3), com alta de +42,8%, enquanto a maior queda foi para as ações da BRF (BRFS3), que caíram -13,7%.

As 5 ações que mais subiram em janeiro

Veja a lista das cinco maiores altas do mês.

EmpresaTickerVar. (%)
CVCCVCB3+42,8
AzulAZUL4+29,9
CognaCOGN3+29,4
TotvsTOTS3+27,3
IRBIRBR3+24,6

Maiores altas do Ibovespa em janeiro. Fonte: Bloomberg

1. CVC (CVCB3) +42,8%

No topo da lista de maiores altas de janeiro, estão as ações da CVC, que tiveram uma valorização de mais de +40%, após figurarem entre as maiores baixas de 2024. 

Além da queda do dólar, os juros futuros também mostraram um alívio nesse período, o que pode beneficiar tanto o mercado de turismo quanto as despesas financeiras das empresas endividadas. Além disso, o 4T24 pode apresentar resultados melhores devido à sazonalidade do setor.

Mesmo com a forte valorização de suas ações, não acreditamos que essa alta seja sustentada pelos resultados, que devem continuar pressionados. Por isso, optamos por ficar de fora de CVCB3.

2. Azul (AZUL4) +29,9%

Sendo a ação com a maior queda no Ibovespa no ano passado, a Azul também apresentou recuperação no início de 2025. Sem dúvidas, a desvalorização do dólar foi um fator determinante, pois reduz seus custos operacionais com combustíveis e o custo de seu endividamento, que é majoritariamente em moeda estrangeira.

Além disso, surgiram notícias de que a fusão com a Gol (GOLL4) estaria avançando e, caso seja concretizada, poderá gerar sinergias significativas.

No entanto, devido ao cenário macroeconômico desfavorável e às particularidades do setor de aviação, recomendamos que fique de fora de AZUL4.

3. Cogna (COGN3) +29,4%

A Cogna é outra companhia que se beneficiou das recentes quedas dos juros futuros, recuperando parte da desvalorização de quase -70% em 2024. Outro fator que impulsionou seus papéis foi o anúncio do início do programa de recompra de ações, o que pode indicar que estão sendo negociadas abaixo do valor justo.

No entanto, a queda das margens no setor de educação, aliada às incertezas regulatórias, nos mantém fora de COGN3.

4. Totvs (TOTS3) +27,3%

Com o mercado otimista em relação aos resultados que serão apresentados pela Totvs no 4T24, as ações da empresa registraram uma tendência de alta em janeiro. Esse movimento foi impulsionado pela solidez do modelo de negócio, pela estrutura de capital resiliente, pelo forte poder de precificação e pelas boas perspectivas de crescimento em todos os segmentos.

No momento, temos recomendação neutra para TOTS3.

5. IRB (IRBR3) +24,6%

Fechando a lista de maiores altas, estão as ações da IRB

As seguradoras têm uma grande capacidade de gerar resultados expressivos em cenários de Selic mais elevada, como o atual, pois investem os prêmios recebidos antes de serem necessários para pagar eventuais indenizações, o que gera receita financeira e contribui positivamente para o lucro líquido. Esse fato tem impulsionado os papéis dessas companhias, visto a expectativa de aumento da taxa básica de juros da economia.

Contudo, no setor, temos preferência pela BB Seguridade (BBSE3) e recomendamos compra para as suas ações na carteira Nord Dividendos.

As 5 ações que mais caíram em janeiro

Veja a lista das cinco maiores quedas do mês.

EmpresaTickerVar. (%)
BRFBRFS3-13,7
RaízenRAIZ4-12,0
AurenAURE3-7,5
MarfrigMRFG3-6,7
Metalúrgica GerdauGOAU4-6,6

Maiores baixas do Ibovespa em janeiro. Fonte: Bloomberg

1. BRF (BRFS3) -13,7%

No topo da lista de maiores baixas do mês, estão as ações da BRF

O frigorífico, fortemente exposto à avicultura, foi impactado pela suspensão temporária das atividades relacionadas ao segmento no estado da Geórgia, nos EUA, após o anúncio de casos de gripe aviária.  

Mesmo com os resultados melhorando nos últimos trimestres, negociando a 13x lucros, não temos recomendação de compra de BRFS3.

2. Raízen (RAIZ4) -12,0%

A Raízen apresentou resultados abaixo do esperado em sua prévia operacional do trimestre, impactada pelos recentes incêndios que atingiram parte de suas plantações de cana-de-açúcar, além da redução no abastecimento de água.

Devido ao endividamento elevado e ao cenário atual de juros altos, a companhia tem registrado margens e níveis de rentabilidade insatisfatórios, o que nos mantém afastados de RAIZ4 no momento.

3. Auren (AURE3) -7,5%

Após a fusão com a AES Brasil (AESB3), que possuía um elevado endividamento, a Auren herdou esses passivos, o que aumentou significativamente sua alavancagem (dívida líquida/Ebitda), pressionando suas ações desde então.

Assim, não temos recomendação de compra para AURE3.

4. Marfrig (MRFG3) -6,7%

Com a Marfrig sendo a maior acionista da BRF (BRFS3), suas ações também foram impactadas pela notícia da gripe aviária mencionada anteriormente, apesar de a maior parte de seus resultados provir de bovinos.

Apesar da redução do endividamento nos últimos tempos, a sua alavancagem ainda se encontra em 3x. Assim, não temos recomendação de compra para MRFG3 no momento.

5. Metalúrgica Gerdau (GOAU4) -6,6%

Por fim, encerrando a lista das maiores quedas do mês, as ações da Metalúrgica Gerdau passaram por um movimento de correção após as altas impulsionadas pelos rumores sobre possíveis medidas protecionistas de Donald Trump como presidente dos EUA. Isso se deve ao fato de que mais de 30% das vendas da empresa provêm de suas fábricas no país norte-americano.

Atualmente, não temos recomendação de compra para GOAU4.