Neste sábado, 4, teremos a conferência anual da Berkshire Hathaway. Compilamos 10 das melhores lições que Buffett e Munger compartilharam em edições anteriores.  

O que esperar da conferência anual da Berkshire Hathaway 2024

Apesar de a semana ter sido repleta de eventos macroeconômicos mega relevantes (que alteram o humor do mercado a cada semana), minha atenção estará voltada para o evento que será realizado hoje, a conferência anual da Berkshire Hathaway.

A reunião do FED ocorreu na quarta-feira (deliberação sobre a política monetária) e os dados do Payroll (número de empregos criados nos Estados Unidos) foram divulgados na sexta-feira. Mesmo assim, hoje, teremos o “prato principal da semana”. 

Para aqueles que não conhecem, a Berkshire Hathaway é administrada pelo Warren Buffett. É por meio dela que o mega-investidor conduz os seus investimentos tanto no mercado privado quanto no mercado de ações. 

Um dos motivos pelos quais este evento será o principal destaque da semana é que é considerado a Meca do mundo dos investimentos em empresas. Nesta edição, além de toda a turbulência dos mercados, teremos, pela primeira vez, Warren Buffett sem o seu sócio e amigo Charlie Munger

Além disso, contaremos com alguns de nossos analistas e membros do Clube Nord in loco, compartilhando a experiência completa. 

 Buffett e Munger sentados juntos. Fonte: NeoFeed | Reprodução

A ausência do falecido Charlie Munger representa o primeiro passo da passagem de bastão na empresa. Embora seja lamentável admitir, Warren tem 93 anos.

Nesta edição, um dos principais temas será a sucessão de poder dentro da Berkshire. Os vice-presidentes Greg Abel e Ajit Jain, provavelmente, estarão ao lado de Buffett.

Ambos terão um papel relevante na eventual troca de comando da empresa. Abel ficará responsável pela parte de empresas listadas em bolsa.

Se alguma pessoa teve a oportunidade de aprender diretamente com o Buffett, sem dúvida, foi ele. 

Sumário

10 lições de Warren Buffett & Charlie Munger para investir melhor

Entre as principais lições que Buffett deve ter passado ao seu futuro sucessor, estão:

Lição 1: Quanto mais tempo, melhor

O poder do tempo, somado aos juros compostos, fica claro na imagem acima. O Buffett possui um patrimônio avaliado em mais de U$ 100 bilhões, sendo que 95% desse valor foi gerado após os seus 65 anos. 

Uma vez que você entende o efeito do tempo e dos juros compostos sobre o seu dinheiro, a única questão a ser solucionada é trabalhar o psicológico para ter esse horizonte de longo prazo enraizado em sua mente.

Patrimônio de Buffett de acordo com sua idade. Fonte: Medium, The 10x Entrepreneur

O poder do tempo, somado aos juros compostos, fica claro na imagem acima. O Buffett possui um patrimônio avaliado em mais de U$ 100 bilhões, sendo que 95% desse valor foi gerado após os seus 65 anos. 

Uma vez que você entende o efeito do tempo e dos juros compostos sobre o seu dinheiro, a única questão a ser solucionada é trabalhar o psicológico para ter esse horizonte de longo prazo enraizado em sua mente. 

Lição 2: Não se alavanque para investir

Em uma de suas conferências, Buffett respondeu a uma pergunta sobre o que ele pensava sobre o uso de alavancagem financeira para realizar investimentos. Na hora, ele citou seu sócio que se sentava ao seu lado, dizendo:

“Charlie Munger, meu sócio, afirma que há apenas três maneiras de uma pessoa esperta quebrar: com álcool, amor (sim, tomei a liberdade de mudar essa palavra para evitar polêmicas) e alavancagem.”

A alavancagem é um instrumento muito comum e utilizado por muitos no mercado. De fato, ela pode entregar benefícios grandiosos. Mas apenas caso você esteja certo. Caso você se alavanque e esteja errado… Com toda a certeza, não será um prejuízo facilmente recuperado.

Lição 3: O que não tem graça, costuma ser um ótimo investimento

Em primeiro lugar, um bônus para esta lição é investir em empresas que você possa entender. Não adianta você investir em um negócio que você não sabe como funciona economicamente ou os detalhes que vão fazer aquilo dar certo.

Mas o que o Buffett procura são negócios simples, compreensíveis e sem muita “emoção”. Empresas como a Coca-Cola, que vende bebidas para as pessoas no mundo inteiro. Bancos, serviços de pagamentos e petroleiras. 

A Apple fugiria desse conceito devido à sua criatividade. Mas, no final do dia, ela é apenas uma empresa que vende aparelhos eletrônicos. 

 Carteira de ações da Berkshire ao final do 3T23. Fonte: Carbon Finance

Lição 4: Invista em empresas que até um macaco poderia administrar

Obviamente não estamos falando de um macaco literalmente. Mas a ideia é que o negócio seja tão bom, que, mesmo com a gestão da empresa cometendo erros, a empresa continuaria de pé. 

Os erros vão ocorrer, em todas as companhias. Mas, caso o negócio seja sólido, provavelmente ele será capaz de sobreviver a esses erros. 

Lição 5: Compre boas empresas

O mais justo seria atribuir essa lição ao Charlie Munger, pois foi ele quem fez com que o Buffett mudasse sua forma de investir ao longo do tempo. Quando Buffett começou a investir, seguiu os conselhos de Benjamin Graham, seu professor e mentor. Esses ensinamentos funcionaram muito bem por um bom tempo. Comprando apenas “pechinchas”, sem levar em consideração a qualidade do negócio. Mas o passar do tempo fez com que Buffett percebesse que esse modelo não funcionaria mais. O que levou ele a adotar uma estratégia que se concentra tanto no preço quanto na qualidade do negócio.

Dizia Charlie Munger:

“Uma boa empresa a um preço aceitável é muito superior a uma empresa ruim a um preço baixo”.

Lição 6: Investir é psicológico

Assim como o longo prazo é composto por inúmeros curtos prazos, o mercado tem seus altos e baixos ao longo do tempo em que sobe. Lidar com isso é responsabilidade do indivíduo que opta por investir.Como o mercado passa por ciclos, toda estratégia de investimento terá períodos de desempenho ruim. Se a sua estratégia é ter empresas de muito crescimento, em momentos de crise, é provável que ela irá pior que a média do mercado.

Se a sua estratégia for empresas saudáveis, perenes e pagadoras de dividendos, provavelmente ela passará por um período ruim nos momentos de euforia do mercado e ficará para trás. 

Mas manter o foco e a disciplina na estratégia que você escolheu é fundamental. Caso você fique pulando de galho em galho, sempre buscando uma “nova” estratégia vencedora, provavelmente o mercado te deixará para trás em todas elas. 

Lição 7: Volatilidade é sua ferramenta

A melhor coisa que pode acontecer para qualquer investidor que tem intenções de continuar comprando ações nos próximos anos, é que os preços caiam. Pode doer ver sua carteira de investimentos caindo? Pode, e provavelmente vai. Mas se o seu objetivo é comprar ações pelos próximos 10 anos, você deveria ficar feliz com os preços caindo. 

Quem compete com o CDI anualmente, semestralmente ou trimestralmente é gestor. Se não é, não deveria se preocupar com a volatilidade de curto prazo. 

 S&P 500 desde 2000. Fonte: Bloomberg

Lição 8: Invista em empresa com ROICs altos

Se você investe apenas em empresas no Brasil, talvez essa lição tenha alguns asteriscos. Mas, olhando para as empresas em geral, é fundamental que elas sejam capazes de reinvestir seus lucros a taxas de retorno altas. 

Empresas que não reinvestem seus lucros para dar continuidade ao seu crescimento, provavelmente duram até o dia que alguém substituir ela e seus serviços por coisas melhores. 

É fundamental que empresas consigam reinvestir para continuar com um crescimento saudável ao longo do tempo. 

Lição 9: Não tenha medo de concentrar

Voltando a imagem da carteira do Buffett acima, temos a posição na Apple com mais de 40% do portfólio da empresa. A sua melhor ideia tem que ter um peso maior do que as ideias que você não tem a mesma confiança. 

Lição 10: Procure empresas que consigam repassar custos

O Buffett falou diversas vezes como uma empresa de chocolate mudou sua forma de enxergar os investimentos. A empresa em questão era a See’s Candies, que vende chocolates. O nicho que a empresa atua é basicamente na parte de presentes. 

Os clientes compram os produtos da marca para dar chocolate de presente. Isso permitia que a empresa conseguisse repassar os custo de forma muito mais natural. Afinal, ninguém deixaria de levar um chocolate como um presentinho. 

Isso pode ser aplicado a diversos negócios. Procurando por empresas, foque na capacidade dela de repassar custos por meio das receitas. Uma forma de monitorar isso é por meio das margens das empresas. Se ela estiver crescendo e perdendo margem, provavelmente não consegue repassar os preços, mas apenas ganhar escala. 

Se ela consegue crescer mantendo as margens, é um bom indício que ela consiga repassar seus custos para seus clientes.