Kepler Weber (KEPL3): Ação registra queda de 24% em 2023; o que aconteceu?
O agronegócio tem muita relevância para a economia e desenvolvimento brasileiro. Estamos acompanhando o crescimento desse setor e as oportunidades para investidores diversificarem a sua carteira.
Um exemplo claro do potencial de geração de valor desse setor é a Kepler Weber (KEPL3). A companhia está bastante capitalizada e possui dívida baixa.
Ao longo deste conteúdo, destacamos os pilares que vemos como os mais importantes para a tese de investimentos em Kepler Weber.
Estimativas para o agronegócio em 2023
O agronegócio é uma atividade de destaque, sendo um dos propulsores da economia brasileira. O setor é responsável por 7 dos 10 principais produtos exportados pelo Brasil.
A safra de grãos 2022/23 é estimada em 312,5 milhões de toneladas, um incremento de aproximadamente 39 milhões de toneladas (+14%) quando comparada com a temporada 2021/22, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para se ter uma ideia, esse número é maior que a safra total da Argentina.
Apesar do recorde esperado para a safra, o começo deste ano tem sido mais desafiador para o agro. As incertezas em relação às políticas econômicas do novo governo fizeram produtores e industriais adiarem seus investimentos.
Além do cenário político, a queda dos preços das commodities agrícolas, a suspensão de algumas linhas do Plano Safra do BNDES e os juros altos também impactaram o setor nos últimos meses.
Mesmo com um começo de ano mais difícil, as perspectivas para o próximo semestre são melhores e de recorde para a safra 23/24.
Superando as incertezas políticas e com o lançamento do Plano Safra, entre junho e julho, devemos ver uma melhora no setor e nos resultados das nossas empresas.
Resiliência e rentabilidade
Os resultados da Kepler Weber no 1° trimestre de 2023 não foram ruins, apesar de virem abaixo das nossas expectativas.
Entre janeiro e março de 2023, a receita caiu -26%, o Ebitda -48% e o lucro -46% em relação ao 1T22.
Além de ser sazonalmente mais fraco, fatores como as incertezas políticas, queda das commodities e suspensão de linhas de financiamento do Plano Safra pressionaram o desempenho de KEPL3 no 1T23.
Desempenho por divisão
Buscando melhorar seu posicionamento e eficiência comercial, a Kepler fez um reposicionamento da sua área de negócios.
A divisão Pós-Colheita, que atendia agricultores, cooperativas, pequenas e médias indústrias e tradings, deixou de existir e entrou em operação a divisão Fazendas, que vai atender agricultores de todos os tamanhos.
As cooperativas, pequenas e médias indústrias e tradings agora ficam dentro da divisão Agroindústrias.
De volta aos resultados, notamos o desempenho mais fraco de algumas divisões de negócios.
O novo segmento Fazendas, que representou 33% da receita total, reportou uma queda de -12% na receita quando comparamos com o 1T22.
A queda de receita do segmento foi reflexo de alguns fatores: (i) incertezas políticas que fizeram os agricultores adiarem os investimentos, (ii) queda das commodities que reduziram a margem dos produtores no período; (iii) juros mais elevados, o que também tira o apetite em investimentos; e (iv) a suspensão de algumas linhas de financiamento do Plano Safra no trimestre.
No segmento de Agroindústrias, que representa 34% da receita total, a companhia reportou uma queda de -53% no 1T23 devido ao cenário de juros mais elevados.
A divisão Negócios Internacionais teve uma queda de -39% da receita devido à desaceleração das economias da América Latina e da seca no Paraguai, que quebrou a safra do país no período.
Portos e Terminais reportou uma receita de R$ 32 milhões no 1T22, crescimento de 100% versus o 1T22, que praticamente não teve receita. Esse segmento é caracterizado por projetos grandes e complexos e por isso não tem uma recorrência de receitas.
Já Reposição e Serviços, apresentou um crescimento de +19% da receita, reflexo do trabalho de expansão da divisão, mas principalmente pela consolidação da aquisição da Procer, empresa de soluções em digitalização, automação e gestão de silos.
Consolidado mais fraco
Com o desempenho mais fraco nas principais divisões, vimos a queda de -26% da receita.
Os volumes menores e o aumento de alguns custos acabaram pressionando a margem bruta, que ficou em 31,7%, recuo de -7 p.p.
O aumento das despesas gerais e com vendas acabou pressionando o Ebitda e o lucro líquido, que fecharam o 1T23 em queda de -48% e -46%, respectivamente.
Sem grandes impactos na visibilidade
Como imaginávamos, o 1º semestre para a Kepler não foi bom, entretanto a empresa segue otimista com 2023, principalmente a partir do 2º semestre.
A companhia comentou que já viu uma melhora de pedidos neste começo de 2T23 — os recordes de safra do país devem continuar mantendo a demanda aquecida para a Kepler.
Na divisão de Fazendas, o lançamento do Plano Safra entre junho e julho deve reaquecer a demanda principalmente a partir do 3T23.
Já Agroindústrias e Portos e Terminais, vem tendo um maior foco da companhia nesse primeiro semestre. O forte crescimento da safra 22/23 e 23/24 deve continuar impulsionando os investimentos em projetos para o setor.
Além disso, a Kepler segue avaliando oportunidades para M&A, com foco maior em empresas como a Procer, agregando valor ao seu portfólio de produtos e que contribuam para o crescimento das receitas recorrentes.
Vale a pena investir nas ações KEPL3?
As ações KEPL3 vêm sofrendo com o fluxo do mercado, mas seguimos confiantes no Nord Deep Value. O papel caiu 24,6% em 2023, porém acumula alta de 21% desde a nossa entrada.
Mesmo sem um crescimento de três dígitos como foi no ano passado, a Kepler está focada em continuar crescendo e gerando valor aos seus acionistas.
Negociando a 2x Ebitda, COMPRE KEPL.