Jean Paul Prates é demitido da presidência da Petrobras por Lula
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, foi demitido do cargo na noite de terça-feira, 14.
Magda Chambriard foi a escolhida para substituir Prates. Ela foi a diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo durante o governo Dilma Rousseff e é a décima presidente da Petrobras desde 2012.
Por que Prates foi demitido da Petrobras?
O que se sabe até o momento é o seguinte:
A substituição de um nome “pró-mercado” por uma visão mais “nacionalista” teria orientado a decisão do presidente Lula na demissão de Jean Paul Prates, escreveu a colunista Maria Cristina Fernandes, do Valor, citando fontes a par do assunto.
Prates assumiu o comando da empresa no início do governo Lula e, em 2023, entregou o segundo melhor resultado da história da companhia.
A substituição ocorreu após o auge da crise, que o indispôs com o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, e um mês depois da empresa ter pago a metade dos dividendos extraordinários, posição defendida por Prates e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
As divergências entre Prates e o governo
O pivô da demissão de Prates foi a decisão do Conselho de Administração da Petrobras de não distribuir dividendos extras no montante total de R$ 43,9 bilhões.
O estopim do governo foi que Prates não estava entregando os resultados na velocidade esperada.
Nas últimas semanas, os atritos entre Prates e o governo se intensificaram. Além do impasse em relação aos dividendos extraordinários, temas como investimentos e preços da gasolina também acirraram as tensões.
No embate com o controlador da estatal, o CEO levou a pior e não estará na companhia nesta manhã.
Resultado é frustrante, mas com dividendos
A Petrobras apresentou números abaixo das expectativas de mercado. No 1T24, a receita caiu -15%, o Ebitda -17% e o lucro -24% na comparação anual.
Ainda assim, a Petrobras anunciou o pagamento de R$ 13,45 bilhões em proventos aos acionistas, referentes ao 1T24. O montante é menor do que os R$ 16,4 bilhões esperados pelo mercado, ficando abaixo dos R$ 26 bilhões do 1T23 e dos R$ 15 bilhões do 4T23.
Quem é Magda Chambriard?
Para manter a média de cerca de um presidente por ano nos últimos 12 anos, Magda Chambriard foi a escolhida para ocupar a presidência da estatal. É formada em Engenharia e atua como consultora na área de energia e petróleo e diretora da Assessoria Fiscal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Ela foi a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre 2012 e 2016. Antes de ingressar na ANP, foi funcionária de carreira da Petrobras, onde atuou por 22 anos.
No Google, é possível encontrar a seguinte descrição:
Apesar de ter experiência no setor, o currículo da nova presidente da petroleira não parece adequado ao tamanho do cargo.
Além da qualificação, o que é relevante para o mercado são as incertezas geradas pela mudança de comando e a interferência política na companhia.
As ingerências são conhecidas há bastante tempo.
As decisões relacionadas ao plano estratégico, à alocação de capital, à política de preços e dividendos saem da mesa da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, e, posteriormente, são decididas em Brasília.
As notícias recentes se somam ao longo histórico de ingerências e, é claro, os efeitos ficam para os resultados da Petrobras.
Reação à saída de Prates
Em reação à saída de Prates, os ADRs (American Depositary Receipts, recibos de ações) da Petrobras despencam -7% no after market em Nova York.
Dada a maior percepção de risco sobre a empresa com mais uma interferência política e os reflexos nos resultados da companhia no longo prazo, o mercado deve punir as ações da petroleira.
A alocação de capital ruim, as interferências no seu plano estratégico de longo prazo, as ingerências na autonomia de política de preços dos combustíveis e na governança podem impactar a capacidade de geração de caixa futura da companhia.
A Petrobras vivenciou um período de resultados fortes antes de se tornar a empresa mais endividada do mundo, fruto de péssimas gestões.
Os relatos sobre alguns posicionamentos da nova presidente em relação aos investimentos em refino e transição energética, negócios que não fazem parte do core da petroleira, são negativos.
Diante de algumas estratégias que não deram certo, voltando à agenda da petroleira e das interferências históricas, optamos por dormir tranquilos comprando as ações da PRIO (PRIO3).