Argentina tem uma das melhores bolsas do mundo

O Índice Merval, também conhecido como Merval 25, principal índice de mercado de ações da Argentina, sobe altos +174% em 2023 contra apenas +9% do Ibovespa.

Gráfico apresenta Índice Merval, que sobe altos +174% em 2023 contra apenas +9% do Ibovespa
Fonte: Bloomberg.

Mesmo em dólares, o índice ainda entrega 2x o Ibovespa no mesmo período.

Gráfico apresenta MERVAL +39% e Ibovespa +18% em dólares em 2023
Fonte: Bloomberg

Se os nossos hermanos vivenciam turbulências no processo de eleições, crise financeira, hiperinflação e o câmbio bastante desvalorizado, como os investidores do mercado de capitais argentino estão ganhando tanto dinheiro?

Vale a pena investir na Argentina?

Com a inflação flertando com uma alta de +200% até o final do ano e o pacote de medidas na tentativa de conter as altas de preços, as taxas de juros foram elevadas para 118%.

Com as eleições se aproximando, o mercado financeiro — que naturalmente se antecipa aos movimentos futuros — aposta na mudança de política econômica positiva, o que justifica as fortes altas da Bolsa local.

Além disso, com um índice bastante concentrado de ações que ficaram descontadas ao longo do tempo, que sofreram bastante com a economia ruim, elas se recuperam antecipadamente com uma sinalização de melhora de mercado.

Se valorizou… é bom?

Com os juros nas alturas, até alguns brasileiros estão levando seus R$ para lá, dado o tamanho retorno.

A bolsa se tornou uma das melhores defesas contra a inflação na Argentina. Dentre as maiores altas da Bolsa argentina, estão concentrados setores que sofreram estímulos do governo.

Lista com maiores altas Índice Merval.
Maiores altas, índice Merval. Fonte: Bloomberg

Em primeiro lugar, o Grupo Financiero Galicia (Holding de serviços financeiros) tem elevado seus resultados ao longo dos trimestres, o que parece fazer sentido do ponto de vista de fundamentos, para sustentar as cotações no longo prazo.

Gráfico apresenta histórico de lucro e P/L desde 2018
Histórico de lucro e P/L. Fonte: Bloomberg

O mais interessante é que as empresas que contemplam o resto do ranking estão em setores com alto grau de impacto na economia ruim da Argentina, como energia, e o restante bastante concentrado em commodities (alumínio, aço, petróleo e gás).

Com resultados mais impactados e/ou mais voláteis, nos parece bem claro que essa alta não é nada sustentável.

Não olhe cotações, olhe resultados

Investir na Argentina atualmente é buscar as “cigar butts” (bitucas de cigarro) de Warren Buffett.

Nessa estratégia, o investidor busca comprar ações a preços baixíssimos de empresas em dificuldade que deveriam valer mais do que o preço atual.

Parece simples, mas é bastante arriscado, visto que as empresas que podem ser selecionadas não serão necessariamente as que possuem bons fundamentos, bons resultados.

Boa parte das empresas possui dívida em dólar, o que gera mais imprevisibilidade quanto à solvência consequente da instabilidade da moeda.

Investir na Renda Fixa Argentina segue a mesma lógica. Uma taxa de juros capaz de dobrar o patrimônio tão rapidamente parece atraente, mas o poder de compra é dilacerado com a alta inflação local.

Não compre Argentina, compre Brasil

O “kit Brasil” é bastante interessante e ainda mais seguro que o dos hermanos: manter uma parcela do seu patrimônio em CDI e aproveitar as barganhas locais da bolsa.

A filosofia de escolha fica mais simples quando isolamos de certa forma um risco cambial, político, fundamentalista.

Se o Brasil é o aluno nota 6, nossos colegas estão com nota 3 (e caindo).

Ainda encontramos oportunidades de empresas que entregaram ótimos resultados e estão bastante descontadas, com um risco muito abaixo do que entendemos que correríamos ao investir em empresas argentinas.

Temos menor visibilidade nas empresas de lá, mas já sabemos navegar mares difíceis do Brasil.

Gráfico apresenta P/L Lucro de BTG Pactual, PRIO e MILLS.
Fonte:Bloomberg

Escolhemos as melhores empresas, com ótimos resultados, a múltiplos justos, e carregamos para surfar a onda da queda dos juros, como fizemos no passado com PRIO (PRIO3), Mills (MILS3) e BTG Pactual (BPAC11).